Em editorial, Gazeta do Povo/RPC defende impeachment de Dilma

gazeta_impeachment_dilma.jpgO Grupo RPC (Globo) aderiu oficialmente ao golpismo neste sábado, dia 6 de dezembro, em editorial publicado pelo jornal Gazeta do Povo. Na página 2, o diário advoga que “impeachment não é golpismo” como apregoam juristas e democratas que defendem a legalidade e legitimidade do mandato da presidenta reeleita Dilma Rousseff (PT).

“O impeachment é um instrumento legal e legítimo nas melhores democracias e se aplica aos governantes que cometam crimes de responsabilidade”, diz um trecho do editorial.

O Grupo RPC/Gazeta do Povo tem sido agraciado com vistosas publicidades em seus veículos de comunicação. Um exemplo disso é a Caixa Econômica Federal e Itaipu Binacional que não economizam em anúncios. Portanto, o governo federal tem alimentado os corvos que agora estão prestes a lhe comer os olhos.

O jornal Gazeta do Povo havia aderido envergonhadamente ao protesto pelo impeachment de Dilma no último dia 15 de novembro, conforme registro do Blog do Esmael (clique aqui). Mas hoje sua posição ficou desnudada em relação ao apoio ao golpismo.

Esta não é a primeira vez que o Grupo RPC/Gazeta do Povo se manifesta favoravelmente a golpistas. Em 26 de junho de 2012, o jornal curitibano também defendeu o golpe de Estado no Paraguai que culminou com a deposição do presidente Fernando Lugo (clique aqui para relembrar).

A seguir, leia a íntegra do editorial da Gazeta do Povo:

Economia

Impeachment não é golpismo

Dilma erra ao classificar como golpistas! aqueles que pedem sua saída, desde que ela ocorra dentro dos legítimos marcos institucionais

A queda de Fernando Collor de Mello, sacramentada pelo Congresso Nacional e sob a mais estrita legalidade constitucional em 1992, é até hoje lembrada como uma referência da pujança que a nossa democracia alcançou após duas sofridas décadas de domínio ditatorial. Naquela época, o Partido dos Trabalhadores esteve na linha de frente dos protestos pelo impeachment, ao lado de outras legendas políticas e entidades como a União Nacional dos Estudantes, a Ordem dos Advogados do Brasil e a Associação Brasileira de Imprensa. Mereceram aplausos e passaram à  história os que viram em Collor de Mello ações ou omissões caracterizadas como crime de responsabilidade.

Nos anos seguintes, durante os dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, o PT igualmente liderou manifestações cujo mote era Fora FHC e o FMI!, em referência ao Fundo Monetário Internacional. Um direito legítimo, desde que exercido pelas vias institucionais, daqueles que viam também na gestão tucana indícios que poderiam levar à  saída de FHC do Planalto, embora a mobilização não criado ambiente político propício a que se chegasse ao impeachment, como aconteceu com Collor.

A história se repete agora; à  medida que o escândalo das propinas da Petrobras vai ficando mais e mais cabeludo, vários grupos, não necessariamente vinculados a partidos políticos, têm percorrido ruas de várias capitais brasileiras com o refrão Fora Dilma! !“ um novo protesto está marcado para este sábado. A reação do PT e da própria presidente a essas manifestações, no entanto, deixa evidente uma incoerência em relação à  visão que o partido tinha das mobilizações que protagonizou no passado.

Golpista! é o adjetivo mais usado nesses casos !“ e o PT não está falando apenas dos verdadeiros golpistas, aqueles (felizmente, uma minoria) que pedem um golpe militar que deponha Dilma: o termo, na boca da presidente e de outros membros do PT, engloba qualquer um que vá à s ruas pelo impeachment. Na opinião da presidente, seriam golpistas os que, seja nas tribunas do Congresso Nacional ou nas passeatas, acreditam que a corrupção instalada nos estamentos governamentais seria motivo suficiente para desalojá-la do Palácio do Planalto. Ainda na semana passada, reunida em Fortaleza com o diretório nacional do PT, Dilma discursou: Esses golpistas que hoje têm essa característica, eles não nos perdoam por estar tanto tempo fora do poder!. Em seguida, tentou relativizar a visão autoritária presente na raiz da classificação que dá aos oposicionistas: Temos de tratar isso com tranquilidade e serenidade, não podemos cair em nenhuma provocação e não faremos radicalismo gratuito, pois temos a responsabilidade de governar!.

O impeachment é um instrumento legal e legítimo nas melhores democracias e se aplica aos governantes que cometam crimes de responsabilidade !“ isto é, que, no exercício do poder, adotem condutas que atentem contra a Constituição e, entre outros motivos, atentem também contra a probidade administrativa. Assim, não poderá ser visto como golpe se for proposto o impeachment da presidente se ficar provado que ela sabia, se beneficiou ou nada fez para conter a corrupção no seio do governo.

Se em 1992 e nos anos FHC as manifestações populares eram legítimas, por que não considerar igualmente legítimos os movimentos que pedem o Fora Dilma!? Sem entrar no mérito da luta, que já comentamos em ocasiões anteriores, não há razão para condenar sua manifestação, feita até agora de forma pacífica e conduzida sob a proteção de cláusulas pétreas da Constituição que garantem a livre expressão do pensamento, o que desautoriza a presidente a considerar como golpistas os que pedem Fora Dilma! diante do escândalo da Petrobras. Ao demonizar a oposição, institucional ou popular, como golpista, a presidente usa palavras e atitudes que a aproximam do autoritarismo e parece desconhecer a legitimidade que a Constituição confere a seus adversários.

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