Rodrigo da Rocha Loures*
Começou o período eleitoral e, com ele, as reclamações de muitos sobre o excesso de propaganda, a conversa dos políticos e a obrigatoriedade de votar. Lamento que esse seja o estado geral da população. Contribuem para esse mau ambiente uma mistura de democracia nacional jovem com velhas práticas oligárquicas que ainda denotam o comportamento de boa parte da classe política no Brasil.
Não deveria ser assim. Porque as eleições são o momento mais propício para que a política saia das câmaras e dos gabinetes e ganhe a conversa ao pé do ouvido, na rua, nas rodas de amigos. Discutir política nas eleições deveria ser tão comum quanto discutir futebol na Copa do Mundo. Mas infelizmente a má imagem da classe de políticos, associada aos problemas de gestão tão comuns aos governos em todas as esferas, colaboram para que o cidadão comum se afaste da conversa política como o diabo corre da cruz.
O problema é que não são apenas os políticos que sofrem com a falta de popularidade de sua categoria, precisando gastar energia em dobro para conquistar a confiança do eleitor. Nós, a sociedade, é que mais perdemos por desperdiçar este momento propício para o debate. Porque o distanciamento do povo das questões políticas acaba por relegar aos políticos profissionais, muitas vezes desgastados e com o prazo de validade vencido, a tarefa de decidir os rumos do país.
Política é a arte do possível!, disse o estadista alemão Otto von Bismarck. Todos nós fazemos política no nosso dia a dia, seja nas relações familiares, no trabalho, e até no jogo de futebol com os amigos. O que nos falta é compreender que o mundo de hoje exige que façamos uma nova política, exercendo o papel social que a democracia nos exige. E mesmo quem não se sente compelido a participar ativamente pode, segundo os preceitos democráticos, dar sua contribuição.
Assim: as eleições estão aí. Ainda bem! Vamos aproveitar a oportunidade de ouvir o que os políticos têm a dizer, de refletir sobre o estado atual das coisas, de imaginar soluções diferentes para nossos problemas conjuntos. O resultado pode até não ser imediato, mas certamente nos apontará com mais clareza a direção que queremos seguir.
*Rodrigo da Rocha Loures é empresário, ex-presidente da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep) e presidente do Conselho Deliberativo do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP).
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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