do Opera Mundi
No prazo final para evitar um calote técnico, a Argentina não entrou em acordo nesta quarta-feira (30/07) com os denominados fundos abutre!, detentores de bônus da dívida do país sul-americano que rejeitaram as reestruturações de 2005 e 2010.
O anúncio foi feito em coletiva de imprensa no consulado argentino de Nova York pelo ministro de Economia, Axel Kicillof. Segundo ele, foram oferecidas condições similares à s definidas com os fundos que entraram nas últimas reestruturações. Oferecemos 300% de lucro. Não aceitaram.!
A Argentina é um país soberano. O que os fundos abutres pedem é impossível. Queremos um diálogo que não viole nossas próprias leis e contratos!, disse o ministro. Kicillof também afirmou que a obrigação dos funcionários é defender o direito dos argentinos, por isso não podem assinar qualquer coisa! que possa gerar um incremento extraordinário da dívida argentina.
Desde 2012, a Argentina tentava uma revisão da sentença do juiz nova-iorquino Thomas Griesa, que determinou que o país deveria pagar integralmente a dívida com os fundos Aurelius Management e NML Capital, uma unidade da Elliott Management, do bilionário Paul Singer.
O governo argentino tinha esperança que Griesa reestabelecesse uma cautelar à sua própria sentença, para que o país pudesse negociar com os fundos litigantes sem a pressão do calote iminente.
Os fundos abutre! ganharam esse nome porque, em 2008, compraram bônus da dívida argentina !“em moratória desde 2001 – no mercado secundário, a um valor nominal muito inferior ao que ganharam o direito de receber na justiça norte-americana. Segundo dados do governo argentino, os bônus da dívida foram comprados por US$ 48,7 milhões, enquanto a sentença de Griesa obriga a Argentina a pagar US$1,5 bilhão aos fundos litigantes.
“Nestas manhã e tarde, representantes da República da Argentina, liderados pelo ministro da Economia, Axel Kicillof, e representantes dos holdouts (fundos que não aderiram à s reestruturações da dívida) mantiveram novos encontros diretos em meu escritório e em minha presença. Infelizmente, nenhum acordo foi alcançado e a República da Argentina está iminentemente em default. Hoje, 30 de julho, era o última dia para que a República da Argentina pagasse várias centenas de milhões de dólares de juros aos detentores de bônus da troca (…) Para fazer esses pagamentos, porém, a República da Argentina também foi ordenada a simultaneamente pagar os detentores de títulos que recusaram as trocas de 2005 e 2010, isto é, os holdouts. A República da Argentina não atendeu essas condições e, como resultado, entrará em default”, afirmou o mediador Daniel Pollack, em comunicado.
Griefault
Em seus discursos das últimas semanas, a presidente Cristina Kirchner afirmou que o mercado financeiro seria obrigado a inventar outro nome para a situação da Argentina, já que o país é solvente e tem disposição de pagar a seus credores, mas foi impedido por uma sentença judicial.
Em Buenos Aires, o possível desfecho negativo para a Argentina foi apelidado de Griefault por militantes kirchneristas, que instalaram o termo nas redes sociais e em alguns meios de comunicação.
American Task Force
No começo de julho, um grupo de representantes dos fundos abutres! passou publicar comunicados nos principais jornais do país e lançou uma contagem regressiva para o calote argentino, que o grupo alega ser responsabilidade exclusiva de Buenos Aires.
O ATFA (Força de Tarefas Americana para a Argentina, na sigla em inglês) incrementou a presença nos meios de comunicação e reproduziu matérias críticas ao governo argentino em uma página lançada especialmente para o lobby a favor dos fundos de investimento, a Fact Check Argentina. Na página, os lobbistas disponibilizaram uma série de contrastes entre o que chamaram de mitos e fatos sobre a disputa judicial entre o governo sul-americano e os bonistas.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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