O PT tem conhecidos problemas para lidar com a verdade. Basta conferir as inúmeras e contraditórias versões sobre o mensalão, de autoria dessa divindade do petismo, Lula.
Primeiro Lula se disse traído, depois denunciou o mensalão como farsa que iria desmascarar tão logo tivesse tempo; finalmente garantiu que os mensaleiros, entre os quais se encontravam o seu chefe da Casa Civil, Zé Dirceu (“o capitão do time”), o presidente de seu partido, José Genoino (“estamos juntos”), e o tesoureiro do PT (“o nosso Delúbio”), não eram gente de sua confiança…
A lembrança desses episódios pitorescos me vem à cabeça depois de ler a forma altamente seletiva e distorcida com que o deputado Enio Verri assistiu ao programa Roda Viva, que entrevistou o governador Beto Richa, no último dia 5.
Secretário do Planejamento de um governo que espantou investidores para outros estados, Verri considera um “fracasso” a gestão Beto Richa, que trouxe R$ 30 bilhões investimentos para o Paraná em três anos. à‰ uma análise bem peculiar do que vem a ser fracasso.
Depois, o deputado enxerga prova que a perseguição selvagem a que o Paraná foi submetido, na questão dos empréstimos e investimentos federais, seria apenas demonstrações de zelo do PT ao lidar com o dinheiro público.
Ora, um partido que atolou bilhões na transposição do São Francisco, que só transpôs dinheiro público para o cofre das empreiteiras, que atolou R$ 1 bilhão em um projeto para um fantasmagórico trem-bala, que aparelhou e quebrou a Petrobras, que terá de ser socorrida com dinheiro público, posa de zeloso guardião do dinheiro público? Parece piada.
Sobre gastos com saúde, não é verdade que o governo do Paraná não está recebendo empréstimos por falta de investimentos na saúde. Ao contrário, o Paraná trabalhou duro para corrigir a situação irregular que herdou na saúde.
Em 2011, o governador teve que administrar um orçamento herdado da gestão anterior, todo ele cheio de maquiagens contábeis das mais cabeludas. Esse tipo de “contabilidade criativa” foi usado com grande liberalidade justamente no setor de saúde.
Já em 2011, começamos a excluir itens orçamentários como o SAS (Assistência ao Servidor), pensões para hansenianos e os gastos com o Hospital da Polícia Militar, que antes eram incluídos no orçamento da saúde. Com isso o orçamento de 2012 teve uma injeção de R$ 340 milhões.
Em resumo: o orçamento da Saúde, de R$ 2,5 bilhões em 2010, pulou pra perto de R$ 4 bilhões em 2014. Um aumento de mais de 50% em 4 anos que vai assegurar a aplicação do percentual constitucional.
A Assembleia aprovou nesta segunda-feira o projeto de lei que autoriza o governo do Estado a abrir crédito adicional de R$ 900 milhões para a área de saúde.
Ao contrário do que diz o deputado petista, o Paraná é um dos estados que tem a situação financeira mais equilibrada. A prova de que a situação das finanças do estado é regular e que o bloqueio dos empréstimos é uma campanha de perseguição sistemática, pilotada pela senadora Gleisi Hoffmann, foi fornecida pela mais alta corte do país.
O Paraná obteve três liminares no Supremo Tribunal Federal determinando que o governo federal liberasse os empréstimos para o estado. Essas liminares foram dadas depois que o STF reconheceu a boa situação das finanças paranaenses. O resto é conversa.
*Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB e líder do governo Beto Richa na Assembleia Legislativa. Ele escreve à s quartas-feiras sobre governo e parlamento.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.