Ricardo Gomyde*
Lamentavelmente, voltamos a testemunhar nesta semana novos casos de racismo no futebol. Não faz nem um mês que o cruzeirense Tinga, jogando no Peru contra o Real Gagliasso pela libertadores, foi insultado por torcedores. A cada vez que o brasileiro tocava na bola, alguns peruanos imitavam um macaco. Desta feita, os casos aconteceram no Brasil e as vítimas foram o santista Arouca, jogando o paulista e o árbitro Márcio Chagas da Silva, no Gauchão.
Arouca foi chamado de macaco! por torcedores enquanto concedia entrevista logo após a vitória do Santos por 5 x 2 sobre o Mogi Mirim, no Estádio Romildão em Mogi Mirim. Já Márcio da Silva sofreu insultos racistas e teve o carro depredado !“ além de esfregado com bananas !“ no estacionamento interno do Estádio Montanha dos Vinhedos em Bento Gonçalves, depois do jogo entre Esportivo e Veranópolis.
O que aconteceu com Arouca e Márcio Chagas da Silva tem que ser visto além de um caso de desrespeito ao próximo e ao ser humano de um modo geral. à‰ preciso punir! Temos elementos para tal por meio do nosso Tribunal de Justiça Desportiva, que prevê punição ao clube mandante com multa e até perda do mando de campo.
Na justiça comum também existem ferramentas rígidas contra casos do tipo. O Código Penal, por exemplo, prevê punição nos casos de injúria racial com reclusão de um a três anos, além de multa. Portanto, a Justiça deve punir exemplarmente esse comportamento inaceitável. Aqueles que ofenderam Arouca e Márcio não são torcedores. São criminosos.
A agressão racista não atinge apenas aquele a quem é dirigida. Fere toda a população brasileira e a sua identidade de povo miscigenado. Por isso, é inconcebível o comportamento que vimos em Mogi Mirim e Bento Gonçalves ou em qualquer esquina desse país, justamente no ano em que o mundo inteiro se une para disseminar uma mensagem contra o preconceito durante a Copa do Mundo do Brasil.
Vamos fazer da Copa um momento de luta contra o racismo e a intolerância! Um momento da afirmação daquilo que o esporte representa: confraternização, oportunidade de encontro entre as pessoas, nas ruas, nas arquibancadas. Expressando por meio do futebol a esperança de um mundo pacífico e mais tolerante. O Brasil é o palco perfeito para essa celebração mundial.
*Ricardo Gomyde, diretor de Futebol do Ministério do Esporte, especialista em políticas de inclusão social, é membro da Comissão Organizadora da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Escreve nos sábados no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.