Pessuti afirma que tem maioria para derrotar Requião no PMDB

por Ivan Santos, no Bem Paraná

Em entrevista ao jornalista Ivan Santos, do portal Bem Paraná, Orlando Pessuti calcula que tem votos suficientes para derrotar o senador Roberto Requião na convenção do PMDB pela disputa da candidatura própria; ex-governador alivia para o governador Beto Richa a quem exime de culpa pela atual crise financeira do estado; Pessutão atribuiu o caos administrativo e de caixa à s ações do governo Lerner, que, segundo ele, vendeu o Banestado, abriu o capital da Copel e Sanepar, além ter antecipado royalties da Itaipu; também diz que não perseguição do governo federal ao Paraná; ou seja, peemedebista acende uma vela para Deus e outra para o diabo, ao mesmo tempo; leia.
Em entrevista ao jornalista Ivan Santos, do portal Bem Paraná, Orlando Pessuti calcula que tem votos suficientes para derrotar o senador Roberto Requião na convenção do PMDB pela disputa da candidatura própria; ex-governador alivia para o governador Beto Richa a quem exime de culpa pela atual crise financeira do estado; Pessutão atribuiu o caos administrativo e de caixa à s ações do governo Lerner, que, segundo ele, vendeu o Banestado, abriu o capital da Copel e Sanepar, além ter antecipado royalties da Itaipu; também diz que não perseguição do governo federal ao Paraná; ou seja, peemedebista acende uma vela para Deus e outra para o diabo, ao mesmo tempo; leia.
Depois de oito anos como vice de Roberto Requião no governo, Orlando Pessuti rompeu com seu ex-companheiro de chapa e de partido ao assumir o comando do Palácio Iguaçu em abril de 2010, e desde então os dois não mais se falaram. Pessuti garante que foi Requião que rompeu relações com ele, porque não queria que ele governasse o Estado para continuar mandando mesmo depois de deixar o cargo.

Pouco mais de três anos depois, os dois disputam a vaga de candidato do PMDB ao governo para 2014, em um partido dividido, que flerta ainda com o apoio à  reeleição do atual governador Beto Richa (PSDB), ou uma aliança com o PT da ministra Gleisi Hoffmann. Pessuti garante ter maioria para bater Requião na convenção, com o apoio dos deputados estaduais e federais da sigla. E apesar de admitir que a briga pode prejudicar a candidatura do partido ao governo, diz estar convicto de que com o PMDB no páreo, a disputa fatalmente irá para o segundo turno.

Em entrevista ao Bem Paraná, o ex-governador relata os bastidores do rompimento com Requião e diz porque tem certeza de que pode chegar a esse segundo turno, caso seja escolhido pelo partido.

Bem Paraná – Por que foi cancelada a convenção do PMDB de Curitiba?

Orlando Pessuti !“ O cancelamento deveu-se a um entendimento entre os deputados estaduais, o nosso presidente (estadual do PMDB), Osmar Serraglio, com a direção nacional do partido. Existe um recurso tramitando na Executiva Nacional proposto pelo grupo do Requião que pede para ser validada a convenção de julho realizada por eles e que foi por nós indeferida. E o relator do processo, que é o secretário-geral do partido, deputado Mauro Lopes, pediu que fosse feito o adiamento para que ele pudesse estudar melhor o assunto. E o presidente da comissão interventora, Reinhold Stephanes (Jr) decidiu adiar.

BP – O senador Requião foi destituído da presidência do PMDB de Curitiba sob a alegação de baixo desempenho. Mas muitos integrantes da Executiva do partido, inclusive o senhor, não fizeram campanha para o candidato do partido. Não há contradição?

Economia

Pessuti !“ Você não fazer campanha para o candidato do partido não tem nenhuma contradição nesse aspecto. O candidato (a prefeito) do partido (Rafael Greca) teve um bom desempenho até. Agora a chapa de vereadores é que não teve. Se a chapa de vereadores tivesse feito 10% dos votos como fez o candidato a prefeito, nós teríamos pelo menos três ou quatro vereadores. A norma a que nós nos ativemos para a dissolução do diretório de Curitiba e outros 26 é o fato de que não conseguimos o desempenho estabelecido que era pelo menos 10% dos votos para vereador.

BP !“ O senhor também lançou seu filho (Bruno Pessuti) como candidato a vereador por outro partido, o PSC.

Pessuti !“ Por conta de uma retaliação que fez o grupo do Requião em 2011, quando renovou o diretório de Curitiba e colocou para fora os meus filhos, os meus amigos, e dizia a todos que no PMDB de Curitiba o Pessuti não teria voz nem vez, e que seus filhos não teriam legenda no PMDB. Por isso meus filhos tomaram a iniciativa de deixar o PMDB. O Bruno disputou pelo PSC que o acolheu. Foi a retaliação do senador Requião que determinou a ida do meu filho para o PSC. O Moisés já retornou ao PMDB e integra a chapa do Stephanes para o diretório municipal.

BP !“ O que determinou o rompimento do senhor com o Requião?

Pessuti !“ O rompimento do Requião comigo. Porque não fui eu que rompi com ele. Foi ele que rompeu comigo. Deve ter sido pelo mesmo motivo que ele rompeu lá atrás com o (ex-governador) Mário Pereira quando o Mário o substituiu (em 1994). O Requião saiu do governo e não admitia que, no meu caso, ao assumir o governo, eu governasse o Paraná. Ele queria ele continuar governando. Ele não admitiu de forma alguma que eu pudesse fazer a substituição de alguns secretários. E fiz de poucos. O Requião saiu do governo, trocou os números dos telefones, viajou sem deixar a mim ou a qualquer um dos meus assessores o telefone onde ele estava para ser consultado em alguma necessidade. Tentei por todos os meios contatar ele na primeira semana logo após a posse, que por sinal se deu em uma quinta-feira Santa, em um 1!º de abril, já em uma data bastante difícil porque ele viajou e só pude tentar falar com ele na segunda-feira. Era justamente para comunicar que eu substituir o secretário de Segurança, o Luiz Fernando Delazari. E a intenção nossa era fazer essa e mais uma outra substituição. Na composição da minha equipe, somente duas pessoas, dois secretários, não integravam o governo anterior dele. São os secretários Mário Stamm Filho (Transportes) e o Everaldo Moreno (Cohapar). Todos os demais integrantes da minha equipe de governo faziam parte do governo Requião. Inclusive o secretário de Segurança, eu nomeei o coronel Aramis Serp, que era coordenador do projeto Povo em Curitiba. O rompimento aconteceu por conta disso, por eu ter substituído o secretário de Segurança Pública e também o Ouvidor, o Luiz Delazari pai que pediu para sair. E na sequência eu substitui o secretário dos Transportes. Então houve o rompimento, nunca mais conversamos.

Bem Paraná – O rompimento entre o senhor e o Requião não enfraquece a candidatura própria ao governo pelo PMDB?

Orlando Pessuti !“ A tese da candidatura própria está fortalecida com a minha posição de ser candidato e com a do Requião. Porque somados aqueles que irão nos acompanhar na convenção e aqueles que vão acompanhar o Requião, hoje nós temos maioria dos delegados convencionais. Com toda a certeza. Mas nenhum de nós vencerá se não tivermos o apoio do grupo liderado pelos deputados estaduais e também dos federais. Eu tenho consciência disso e o grupo do Requião também deve ter. Por isso eu continuo aliado ao grupo dos deputados estaduais e nós já vencemos o Requião na disputa pelo diretório estadual. Nós já retiramos o Requião do comando do diretório municipal. Eu não tenho dúvida que nós vamos com certeza impedir a candidatura do Requião ao governo do Estado.

BP – O senhor faria campanha para o Requião?

Pessuti !“ Ele não será escolhido. Nós vamos vencê-lo na convenção. Eu não preciso me preocupar com essa hipótese. Tenho absoluta convicção de que a união das forças do meu grupo com o grupo dos deputados estaduais e federais e também o senador Sérgio Souza, nós seremos vitoriosos na tese de que eu possa ser candidato a governador.

BP !“ E acha que ele faria campanha para o senhor?

Pessuti !“ Acredito que não.

BP !“ Isso não enfraquece a candidatura do PMDB?

Pessuti !“ Pode até enfraquecer. Mas não é isso que vai tirar de nós a oportunidade de participar com todas as condições de chegar no segundo turno e disputarmos o governo do Paraná. Nós sabemos que o senador Requião tem o seu nicho de apoio, as pesquisas mostram. à‰ natural que hoje eu talvez esteja em uma posição atrás tanto dele quanto dos demais até porque enquanto ele disputou, se não me engano, sete eleições majoritárias, eu não disputei nenhuma ainda. Disputei duas como vice, mas o candidato a vice você fica um pouco escondido. A Gleisi (Hoffmann) já disputou três majoritárias. O Beto Richa já disputou de prefeito de Curitiba, governo duas. à‰ natural que o meu nome seja menos conhecido que o deles.

BP !“ O senhor não teme ser cristianizado!, abandonado pelo partido na campanha?

Pessuti – Não tenho medo algum de ser cristianizado. Até porque eu tenho uma identificação muito forte, uma relação de amizade com os integrantes do PMDB do Paraná, inclusive com quem defende a candidatura do Requião. São nosso amigos, companheiros. Eu não tenho nenhuma dúvida de que vencendo a convenção, terei o apoio majoritário do partido.

Bem Paraná !“ Muitos consideram que a eleição no Paraná deve ser polarizada entre o PSDB do governador Beto Richa e o PT de Gleisi Hoffmann. O senhor acha que há espaço para uma terceira candidatura competitiva?

Orlando Pessuti !“ A polarização pode até acontecer. Mas eu acredito que se tivermos uma candidatura peemedebista, a eleição será levada a um segundo turno, e portanto não haverá essa polarização para decidir já no primeiro turno. Como candidato do PMDB nós estaremos ultrapassando a margem dos 20% de intenção de voto.

BP – Os defensores da aliança com o Richa alegam que com candidato próprio e sem aliados de peso o PMDB não reelege metade da bancada na Assembleia.

Pessuti !“ Tenho convicção de que o PMDB tendo candidatura própria ao governo e sendo nós o candidato, que elegeremos no mínimo dez deputados estaduais e quatro a cinco federais. Por conta de que os nossos deputados estaduais têm apoio hoje significativo de prefeitos, vereadores, lideranças. A eleição de um deputado estadual ou federal não está atrelada necessariamente ao desempenho da chapa majoritária. Está aí o exemplo de Curitiba, onde o Greca teve 10% dos votos para prefeito e nós não fizemos 10% dos votos para vereador. A eleição dos deputados estaduais, existindo candidatura ao governo, tem um componente positivo, que é o voto de legenda. Pelo menos uma vaga de deputado estadual e federal você conquista na legenda. E temos hoje 13 deputados, mas o Gilberto (Martin), mais (a vereadora de Curitiba), Noêmia Rocha, que representará a (igreja) Assembleia de Deus. Temos 16 candidatos hoje competitivos. Com a nossa candidatura ao governo, temos pelo menos uns 20 outros nomes dispostos a serem candidatos a deputado estadual.

BP – Qual é a posição da direção nacional?

Pessuti !“ A posição é de que o partido deve ter candidaturas próprias nos estados. Se não tiver, de preferência que se faça coligação seguindo a coligação nacional (com os partidos da base da presidente Dilma).

Bem Paraná – Qual a avaliação que o senhor faz do governo Richa?

Orlando Pessuti !“ Acho que é um governo que vem enfrentando problemas. Acho que o Beto avançou em algumas questões. Na agricultura, tem andando bem com a implantação, por exemplo, das patrulhas do campo. A criação da Agência de Defesa Agropecuária. A conservação das rodovias, não tenho visto estradas destruídas como a gente viu no governo Jaime Lerner. Agora é lógico que não caminhou 100% do que a população esperava e do jeito que ele próprio queria que acontecesse. Em decorrência até desta falta de recursos que hoje é anunciada a todos os ventos.

BP !“ O que o senhor acha da alegação de que o Paraná vem sendo discriminado e perseguido pelo governo federal?

Pessuti !“ Perseguido eu diria que não. Não vejo dessa forma. Em nenhum momento eu percebo qualquer tipo de discriminação, de perseguição ao Estado. Existe algumas dificuldades de relacionamento e isso, evidentemente, pode até acabar prejudicando o Estado. Mas perseguição não existe. Basta ver os recursos na área do (programa) Minha Casa, Minha Vida!. Na área de saneamento. Todo o apoio que vem sendo dado na infraestrutura, nas obras. Temos obras em rodovias federais estratégias como o caso da BR-163, BR-487, 158, 153, que são rodovias importantíssimas. A ação para que tenhamos a ferrovia entre Maracaju, Guaíra, Cascavel até Paranaguá. O governo faz a sua reclamação, mas não vejo que tenha fundamento. Agora a diminuição de repasse ao Estado, aos municípios, está demonstrado nos números e decorre de vários fatores, entre elas a Lei Kandir e as desonerações do setor elétrico. São coisas que são feitas para o Brasil inteiro.

BP !“ A que o senhor atribui as dificuldades financeiras do atual governo?

Pessuti !“ O que está realmente prejudicando o Paraná hoje são ações tomadas lá no tempo do governo Lerner, quando o Beto era deputado estadual. E que nós alertávamos que a venda do Banestado, das ações da Copel, das ações da Sanepar, a antecipação dos royalties da Itaipu, que isso ia repercutir nas finanças do Estado mais adiante. Isso tudo aconteceu entre 1995 e 2002. Para se ter uma ideia, a prestação que o Paraná paga todos os meses por conta do empréstimo que fez para sanear o Banestado e depois vende-lo custa R$ 80 milhões por mês. Em três anos de governo, dá praticamente R$ 3 bilhões que o governo Beto Richa teve que pagar. Sem falar dos dividendos da Copel, que antes você pagava sobre 15% do capital, porque o Paraná era dono de 85%. Hoje é dono de apenas 31%. Nós pagávamos 25%, o Beto Richa paga 50%. E nós pagávamos sobre uma participação de terceiros de 15%, hoje é de 69%.

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