Explode refinaria da Petrobras em Araucária (PR), diz Sindipetro

Trabalhadores da Petrobras relatam explosão, na noite de ontem, na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária; não houve vítimas no acidente e o fogo foi controlado nos primeiros minutos desta sexta (29); dirigentes do Sindipetro atribuem à  terceirizações e precarização do trabalho a explosão ocorrida na unidade; em julho de 2000, um desastre ambiental foi causada pela empresa, que despejou 4 milhões de litros de óleo no rio Barigui.
Trabalhadores da Petrobras relatam explosão, na noite de ontem, na Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária; não houve vítimas no acidente e o fogo foi controlado nos primeiros minutos desta sexta (29); dirigentes do Sindipetro atribuem à  terceirizações e precarização do trabalho a explosão ocorrida na unidade; em julho de 2000, um desastre ambiental foi causada pela empresa, que despejou 4 milhões de litros de óleo no rio Barigui.
O Sindicato dos Trabalhadores da Petrobras no Paraná e Santa Catarina (Sindipetro) informa que houve uma explosão na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, região metropolitana de Curitiba, na noite desta quinta (28) e as chamas só foram controladas no início desta sexta (29).

Segundo Anselmo Ruoso, diretor do sindicato, em conversa com este blogueiro, as causas deste novo acidente tem a ver com a precarização do trabalho na Petrobras. A Repar tem 2 mil trabalhadores, sendo que mil são do quadro próprio e outros mil são terceirizados.

Em nota, o Sindipetro informa que o acidente aconteceu na Unidade de Destilação e que há risco de contaminação do rio Barigui e de desabastecimento do mercado com combustível.

O presidente do Sindipetro, Silvaney Bernardi, diz que o acidente já era anunciado. Em agosto passado, a entidade foi ao Ministério Público do Trabalho denunciar a situação de precariede e de risco na refinaria.

Em 16 de julho de 2000, quatro milhões de litros de óleo foram despejados nos rios Barigà¼i e Iguaçu, no Paraná, por causa de uma ruptura da junta de expansão de uma tubulação da mesma Repar. O acidente levou duas horas para ser detectado, tornando-se o maior desastre ambiental provocado pela Petrobras em 25 anos. A empresa foi condenada a partir de relatório do Crea (Conselho Regional de Engenharia do Paraná), que, na época, já apontava a questão das terceirizações como uma das causas do desastre ambiental.

A seguir, leia a íntegra da nota emitida pelo Sindipetro sobre a explosão na Repar:

Economia

O rompimento de uma tubulação nas proximidades da bomba de carga para os fornos da U2100 (Unidade de Destilação) causou uma explosão na Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária. O acidente ocorreu por volta das 22h30 de quinta-feira (28) e o incêndio só foi controlado por volta da zero hora de hoje.

Informações de trabalhadores dão conta que a equipe de combate de emergência ainda atua na U2100 para resfriá-la, que segue totalmente interditada. Apesar da grande proporção do acidente, não há registros de feridos. O calor do fogo causou grandes danos estruturais, chegando a entortar vigas de sustentação de equipamentos e dutos. Dirigentes do Sindicato dos Petroleiros do Paraná e Santa Catarina estão na Repar para averiguar os fatos.

Uma grande quantidade de óleo vazou para as canaletas de águas pluviais e o fluxo chegou à  Unidade de Tratamento de Descartes Industrais (UTDI). Por enquanto o problema está controlado, mas existe o risco de contaminação do Rio Barigui. A equipe do Centro de Defesa Ambiental da Petrobrás (CDA-Sul), localizada em Itajaí-SC, foi acionada e se desloca para a Repar.

Desbastecimento

A U2100 é o primeiro setor industrial da cadeia de processamento do petróleo. Dessa forma, a produção de todas as demais unidades está comprometida. Algumas já estão paradas, como é o caso do Coque. Outras estão com carga reduzida, mas devem parar de operar em breve, como a unidade do craqueamento catalítico. A perspectiva é de que refinaria pare de operar e prejudique o fornecimento de derivados ao mercado!, afirma Silvaney Bernardi, presidente do Sindipetro.

Procop e Efetivo reduzido

Há tempos o Sindipetro Paraná e Santa Catarina alerta para os riscos de acidentes na Repar. O motivo é o efetivo insuficiente de trabalhadores. Com as obras de ampliação do parque industrial, a capacidade de produção da Refinaria dobrou e o número de funcionários próprios não acompanhou a evolução. Existe uma situação emblemática, onde apenas um petroleiro é responsável por duas unidades de operação, sendo que estão há mais de cem metros de distância.

Além do efetivo reduzido, a situação se agrava com o Programa de Otimização de Custos Operacionais (Procop), que reduz os investimentos em manutenção de equipamentos e contratação de trabalhadores.

Tragédia anunciada

O Sindipetro protocolou em agosto deste ano um dossiê com mais de 500 páginas junto ao Ministério Público do Trabalho da 9!ª Região (MPT) onde alertava para os riscos de acidentes na Repar em função do efetivo reduzido de trabalhadores próprios, elevada taxa de terceirização, principalmente na manutenção de equipamentos, cortes nos investimentos em serviços fundamentais, além de liberação de trabalhadores para outras unidades da Petrobrás. O Sindicato não recebeu qualquer notificação do MPT sobre as denúncias encaminhadas.

Comments are closed.