por Ricardo Gomyde*
Os recentes episódios de violência registrados entre torcedores em alguns jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol reacendeu uma discussão importante: como tratar as torcidas organizadas? Evidentemente, condenamos com veemência a violência. Mas não acreditamos que o remédio para isso seja o banimento das organizadas como algumas alas da sociedade tem proposto. Por uma razão muito simples: a extinção delas levará muita gente para a clandestinidade e o controle, que hoje já é difícil, ficaria ainda pior. E as que foram extintas, retornaram com alteração de CNPJ e a mudança de algum detalhe no nome.
Claro, que o combate à s brigas de torcida e a repressão à violência compete à s polícias. O que nós do Ministério do Esporte fazemos e vamos continuar fazendo é incentivar a atuação dos dirigentes de clubes e de torcidas no sentido de acompanhar e fiscalizar melhor o funcionamento dessas agremiações. Para a punição dos torcedores violentos, a aplicação efetiva do Estatuto do Torcedor é o meio mais eficaz. Quem se envolve em violência deve responder pelos próprios atos. E aqui está o que se deve ser feito: cumprir a legislação. Quem pratica ato violento tem que ser preso. E apenado.
Também atuamos no sentido de promover a integração social das torcidas organizadas, como uma das formas de prevenção à violência, e facilitar a interlocução com órgãos públicos e entidades de prática desportiva. Já realizamos neste ano o Seminário das Torcidas Organizadas do Norte e Nordeste e está acontecendo, neste fim de semana, o Seminário Centro-Oeste. Nos dias 6 e 7 de dezembro vamos levar a discussão para as regiões Sul e Sudeste.
Medidas como essas são importantes porque acreditamos que não se deve criminalizar as torcidas organizadas como um todo e sim promover a paz por meio da integração social. Para a punição dos torcedores violentos, a aplicação efetiva do Estatuto do Torcedor é o meio mais eficaz. O que se deve fazer é a individualização das condutas, com a apuração das responsabilidades do mau torcedor. A lei existe, mas precisa ser aplicada e cumprida. E a festa na arquibancada precisa continuar.
*Ricardo Gomyde, diretor de Futebol do Ministério do Esporte, especialista em políticas de inclusão social, é membro da Comissão Organizadora da Copa do Mundo no Brasil em 2014. Escreve nos sábados no Blog do Esmael.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Comments are closed.