por Ademar Traiano*
A ministra Gleisi Hoffmann foi apanhada em flagrante agindo contra as Apaes e ainda está devendo explicações convincentes. Quem primeiro denunciou Gleisi foi o jornal Folha de S. Paulo, na seção Painel, de 21 de agosto. Confira:
Gleisi Hoffmann esteve com José Pimentel (PT-CE), relator do projeto, e reafirmou compromisso de Dilma em manter decreto que diz que a oferta de educação especial se dará “preferencialmente” na rede regular. (…) A medida retiraria de entidades como a Apae a possibilidade de oferecer atendimento especial substitutivo à educação na rede regular, além de reduzir o repasse de recursos a essas entidades!.
A notícia indignou o jornalista Luís Nassif que, em 10 de setembro, na revista Carta Capital, opinou que o assunto era tão grave que deveria ser denunciado a ONU. Afirmou que o caso evidenciava o despreparo de Gleisi. Expõe de forma dramática o profundo provincianismo e incapacidade em tratar com temas especializados!.
Gleisi tentou se explicar com Nassif, mas não convenceu. O jornalista reafirmou suas críticas. A Ministra Gleisi comanda um retrocesso, que vai contra todas as diretrizes da ONU e dos modernos estudos sobre inclusão, atropela a luta de anos para aprimorar a inclusão de deficientes!.
Desde então, em lugar de dar explicações convincentes, Gleisi vem fazendo uma campanha truculenta para tentar desdizer o que disse e desfazer o que fez. Tenta intimidar e processa quem diz coisa diferente do que reza sua nova versão oficial.
A situação é grave. A partir de 2016, como prevê o texto defendido por Gleisi, haverá um congelamento de matrículas nas Apaes. Isso resultará na demissão de funcionários e no inevitável fechamento de muitas Apaes em todo o país.
O processo se completaria com o deslocamento das crianças atendidas para a rede convencional de ensino, que não tem !“ em sua maioria !“ a menor estrutura para acompanhar crianças especiais. Muitas dessas escolas não têm estrutura sequer para atender os alunos ditos normais!.
O governo do Paraná não é contra a educação inclusiva, mas discorda dessa política de incluir todos os alunos com necessidades especiais nas escolas regulares. O governador Beto Richa vem investindo pesadamente no ensino especial, em parceria com as Apaes.
O Paraná tem 415 escolas e instituições de educação especial, a maioria Apaes, que atendem mais de 42 mil alunos. O Estado lançou um programa para a educação especial, com investimentos de R$ 436 milhões (95% em dinheiro estadual).
Assim como os pais de crianças que estudam nas Apaes o governo do Paraná entende que desenvolvimento de crianças especiais nestas instituições tende a ser muito maior que no ensino comum. O atendimento dessas crianças continuará sendo feito no Paraná em instituições de educação especial, preferencialmente com as Apaes.
Quanto a Gleisi e ao governo petista, pais de crianças especiais têm todos os motivos para se preocupar com iniciativas do governo federal para mudar o atendimento à educação de seus filhos. Tem também boas razões para suspeitar de desmentidos emitidos com o padrão petista de sinceridade.
*Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB e líder do governo Beto Richa na Assembleia Legislativa. Ele escreve à s quartas-feiras sobre governo e parlamento.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
Comments are closed.