Especialista em trânsito vê inteligência pura! no entorno do shopping Pátio Batel

Marcelo Araújo, colunista deste blog, fez análise da intervenção do poder público para garantir a abertura do shopping Pátio Batel; o empreendimento de R$ 280 milhões, de Salomão Soifer, também pode mandar para as cucuias o Bosque Gomm; em visita in loco, na noite deste domingo, o especialista viu "inteligência pura" na instalação de placas de sinalização e prevê caos para os serviços de emergência no Hospital Santa Cruz e de ensino na região do Alto Batel; leia o texto.
Marcelo Araújo, colunista deste blog, fez análise da intervenção do poder público para garantir a abertura do shopping Pátio Batel; o empreendimento de R$ 280 milhões, de Salomão Soifer, também pode mandar para as cucuias o Bosque Gomm; em visita in loco, na noite deste domingo, o especialista viu “inteligência pura” na instalação de placas de sinalização e prevê caos para os serviços de emergência no Hospital Santa Cruz e de ensino na região do Alto Batel; leia o texto.
Ontem à  noite, vésperas da inauguração do shopping Pátio Batel, eu fiz um passeio no entorno do empreendimento e pude ver algumas situações pitorescas. A primeira delas é que não é necessário o shopping estar em atividade para que à s 20 horas de domingo o trânsito tenha algumas complicações e intenso movimento em razão de estabelecimentos de lazer e alimentação que já existem logo após a Pracinha do Batel.

Defronte à  entrada do shopping percebemos um reluzente veículo da empresa de segurança privada que utiliza indevidamente a luz intermitente amarelo-âmbar, a qual se destina a veículos prestadores de serviços de utilidade pública. As empresas de segurança privada não estão relacionadas na Resolução 268 do CONTRAN e aqueles que detêm essa prerrogativa de livre parada e estacionamento devem ter a instalação do dispositivo registrado no documento.

Interessante também que na pista sentido bairro da Avenida Batel, em frente ao shopping, há duas placas R-4a (proibido virar à  esquerda) voltada para os que vêm no sentido bairro centro. Ou seja, a placa de sinalização fica de costas para os motoristas. Inteligência pura!, portanto. Pelo manual de sinalização do Denatran essa placa é utilizada em interseções, cruzamento de vias, e não para manobras de conversão para entrada em imóveis, senão seria necessário colocar placas idênticas na entrada de todos os estabelecimentos.

Há diversos semáforos no entorno com sistema de acionamento manual pelos pedestres, e rogamos aos vendedores ambulantes que não usem a estratégia de apertar insistentemente o dispositivo para aquecer as vendas e incendiar o trânsito, ainda mais se resolverem vender bolsas “LV” no semáforo.

Seria hipocrisia de nossa parte depositar a responsabilidade da aprovação do projeto à  atual administração que assumiu o comando dessa aeronave quando já não dava mais para desistir da decolagem, mas será a responsável por encontrar as melhores soluções dos problemas de trânsito que estão sendo previstos.

Vale lembrar que o Art. 93 do Código de Trânsito prevê que nenhum projeto de edificação que possa transformar-se em pólo atrativo de trânsito poderá ser aprovado sem prévia anuência do órgão ou entidade com circunscrição sobre a via e sim que do projeto conste área para estacionamento e indicação de vias de acesso adequadas.

Economia

à‰ de nosso conhecimento que à  época não houve consenso por parte do setor responsável pela engenharia de tráfego, considerando que já havia dois shoppings relativamente próximos (Crystal e Curitiba), hospital e estabelecimentos de ensino, além da dificuldade da implantação de binários com vias de sentido único, o que se daria entre a Avenida Batel e a D. Pedro II/Hermes Fontes, não fosse o pequeno problema do Condomínio Springfield e o Bosque Gomm. Com a Rua Desembargador Costa Carvalho também não é possível implantar um binário pela ausência de uma paralela próxima, que seria a Rua Francisco Rocha, mas enfrenta dificuldade de ligação com as ruas Carmelo Rangel e Hermes Fontes, que não se prolongam. Acompanhe visualmente no mapa.

Clique na imagem para ampliar.
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As entradas do shopping são um caso à  parte, inteligência pura! mesmo, pois a da Avenida Batel tende a causar acumulação de veículos que seguem no sentido centro-bairro e considerando que ninguém queira fazer a “conversão proibida” no sentido contrário e prefira fazer um “city tour” para ocupar o sentido oposto.

A entrada pelos fundos, pela Rua Hermes Fontes, também não é das mais tranquilas, pois há duas faixas na direção do estacionamento (sendo que apenas uma autoriza a entrada no estacionamento) e uma no sentido contrário, de saída. Aparentemente será feita uma saída em direção à  Rua Bruno Filgueira.

Além dos efeitos diretos num raio entre 500 e 1000 metros, pelas limitações de acesso a vias como a Avenida Mário Tourinho, e que já estão sobrecarregadas, há os efeitos indiretos relacionados com o transporte das pessoas que irão trabalhar no shopping utilizando os diversos modais e em especial o transporte coletivo. Como dissemos acima, a existência de um hospital defronte ao shopping e estabelecimentos de ensino nas proximidades tendem a enfrentar problemas em situações de atendimento emergencial e nos horários de entrada e saída das aulas respectivamente.

De multa e de trânsito eu entendo.

Marcelo José Araújo é advogado, presidente da Comissão de Trânsito, Transporte e Mobilidade da OAB/PR. Escreve nas segundas-feiras para o Blog do Esmael.

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