Como eu já havia registrado aqui, a ordem do Palácio Iguaçu à polícia tucana — cada vez mais política — era prender o suposto comedor de criancinhas. O interesse do tucanato pelo caso era tanto que 30 mil outros mandados de prisão foram deixados para trás, como o Caso Tayná, para a captura do petista.
Paralelamente à sensacional história de estupros de “trocentas” criancinhas, na pequenina Realeza, houve espetacular cobertura na prisão e apresentação de Gaievski à mídia. A crônica política substituiu a crônica policial. A ordem dos estrategistas de Richa ainda é vincular ao máximo os supostos crimes à ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, virtual adversária na disputa pelo Palácio Iguaçu em 2014.
Pela lógica da “mídia amiga do PSDB” a coisa seria mais ou menos assim: “Gleisi é petista e Gaievski também é petista, logo, estiveram juntos não só na Casa Civil, mas nos crimes de estupros”. Só faltou aos cronistas cravar mais essa: “Se Gaievski é estuprador, logo Gleisi também é estupradora”.
O senador Roberto Requião (PMDB) deu um testemunho sobre esse caso político-policial: “Fui governador do Paraná por três períodos e nunca tive ciência dos desvios do Gaievski, por que a Gleisi deveria ter?”, defendeu. Por causa de sua opinião, Requião também seria um estuprador?
Eu desconfio de tudo que é sensacional, inclusive desse caso do ex-prefeito de Realeza. Como pôde a pequena cidade de 16 mil habitantes ter compactuado com esses estupros por tanto tempo sem nada dizer? Será que não tinha um homem ou mulher que se indignasse desde o primeiro crime? Foi preciso “trocentos” para que tomassem uma atitude? No creo!
O Palácio Iguaçu e seus aliados fazem do “Caso Gaievski” um novo “mensalão” eleitoral, ou seja, um cavalo de batalha! que poderá ter zero de impacto na candidatura de Gleisi Hoffmann. Ela até poderá não concorrer com Richa, mas será por motivos alheios a essas denúncias de estupro.
Os tucanos deveriam ter aprendido a lição das eleições de 2012, quando exageraram na dose do “mensalão”. Nem cinco meses de superexposição do julgamento do STF na mídia foram capazes de derrotar Fernando Hadadd (PT), em São Paulo, e Gustavo Fruet (PDT), em Curitiba.
Quanto ao ex-assessor da Casa Civil, Eduardo Gaievski, ele continua preso. Ontem à tarde o Tribunal de Justiça do Paraná negou-lhe pedido de habeas corpus.
Segundo perdigueiros do Palácio do Planalto, naquela região do Sudoeste tem um ex-deputado tucano que é dono de puteiro. Poderá haver reviravolta nesse Caso Gaievski”.
O ex-prefeito petista diz que vai provar sua inocência.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.