Roberto Freire: “se José Serra quer ser candidato à  Presidência, tem de vir para o PPS”

Roberto Freire, a exemplo de FHC, acredita que o ex-governador de São Paulo, José Serra, não tem chances de disputar a Presidência da República pelo PSDB; se quer ser candidato à  Presidência, tem de vir para o PPS!, opina o presidente nacional do PPS.
Roberto Freire, a exemplo de FHC, acredita que o ex-governador de São Paulo, José Serra, não tem chances de disputar a Presidência da República pelo PSDB; se quer ser candidato à  Presidência, tem de vir para o PPS!, opina o presidente nacional do PPS.
O deputado federal Roberto Freire (SP), presidente nacional do PPS, em entrevista ao repórter André Gonçalves, no jornal Gazeta do Povo, afirmou que a saída para José Serra (PSDB) viabilizar a terceira candidatura a presidente é se filiar ao PPS. A declaração ocorreu a 40 dias do término do prazo de filiação partidária para as eleições de 2014.

Eu tenho a impressão de que, se Serra quiser ser presidente, tem de vir para o PPS. No PSDB, eu não acredito que abram espaço para ele!, avalia Freire, corroborando com o que disse Fernando Henrique Cardoso ao jornal Valor Econômico, edição desta segunda (26). FHC afirmou que Serra deve ser realista. A maioria quer Aécio!.

Aos 71 anos, o parlamentar que concorreu ao Palácio do Planalto em 1989 afirma que a disputa presidencial de 2014 está aberta!. Ele reitera que, se a crise econômica se agravar, Dilma pode não chegar ao segundo turno ou talvez nem ser candidata. Freire concedeu entrevista exclusiva em seu gabinete na Câmara, na última quinta-feira, quando defendeu a pulverização das candidaturas da oposição. A seguir, a entrevista concedida por Freire ao repórter André Gonçalves:

O que o PPS vê como cenário ideal para a eleição presidencial de 2014?

Há algum tempo os cientistas políticos vaticinavam que Dilma ganharia no primeiro turno. Hoje eu digo que, se continuar esse quadro de aprofundamento da crise, a presidente pode nem chegar ao segundo turno. Como pode inclusive nem vir a ser candidata. A verdade é que não há nada muito definido. O que se sabe é que será uma eleição disputada e que as chances da oposição são bem reais.

Quanto mais candidatos, melhor para a oposição?

Economia

Em 2010, a avaliação era que devíamos concentrar todas as forças da oposição em torno da candidatura de José Serra (PSDB). Foi uma surpresa para todo mundo o desempenho da Marina Silva [então no PV, hoje na Rede]. Para 2014, o cenário é de uma pluralidade de candidatos de oposição ou pelo menos de alternativa ao governo. As candidaturas de Aécio Neves (PSDB), Marina, Eduardo Campos (PSB) e do próprio Serra são concretas. São quatro opções que levam a disputa com certeza para o segundo turno. Com esse cenário está tudo aberto. E repito: Dilma pode nem passar do primeiro turno.

PSDB, DEM e PPS foram parceiros nas duas últimas eleições presidenciais. Os três partidos encolheram nesse período. O que deu errado?

Encolheram no Parlamento, mas não na sociedade brasileira. A oposição brasileira não pode ser menosprezada. Quem faz 44% dos votos numa eleição presidencial [resultado de Serra no segundo turno de 2006], mostra que tem força. Quem foi mal nas eleições municipais de 2012 foi o PT, que, se não tivesse vencido em São Paulo, teria amargado uma grave derrota no geral. A popularidade da presidente caiu durante os protestos de junho, mas as intenções de voto dela voltaram a subir…

Subiu o quê?

Subiu de 30% para 35%, segundo o último Datafolha, o que dá um acréscimo de quase 20%.

35% é uma grande coisa? A Marina subiu também [de 23% para 26%]. Se a Dilma tivesse caído, você me perguntaria se ela está fora da eleição?

Possivelmente. Mas também é fato que o principal nome da oposição, Aécio Neves, não conseguiu emplacar.

Não tem principal nome da oposição. A eleição está aberta, não tem cenário definido. Estão todos no mesmo patamar. Não adianta analisar que Dilma ganhou cinco pontos e esquecer que ela já perdeu 27. Ganhar uma coisinha [de popularidade] talvez apenas a alivie das pressões internas, do volta Lula. Eu tenho avaliado que a continuidade da crise vai beneficiar quem demonstrou que tem capacidade de gestão, coisa que Dilma nunca teve.

Após reunião da direção nacional do PPS, no dia 19, o sr. disse que o convite para a filiação de José Serra continua de pé. Até quando?

Convite a gente faz e não acaba, não tem prazo. Quando ele decidir vir, ótimo. Se ele decidir que não vem, vamos lamentar. O que tem de prazo nisso é que, se ele quiser ser candidato em 2014, há a exigência de que esteja filiado até um ano antes da eleição [5 de outubro]. Nosso convite independe disso.

Qual é a opinião pessoal do senhor? Serra ao final vai mesmo para o PPS?

Ainda hoje [22/8] ele declara que pode vir a discutir uma candidatura a presidente. Eu tenho a impressão de que, se Serra quiser ser presidente, tem de vir para o PPS. No PSDB, eu não acredito que abram espaço para ele. O PSDB já se consolidou com o Aécio.

O sr. acredita em uma candidatura do presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa?

Olha, ele tem mais prazo para decidir. Como ministro do STF, ele pode se decidir até seis meses antes da eleição. Mas não sei ao certo. Acho até que seria melhor para ele continuar fazendo o seu trabalho no STF, que por sinal é muito bom para a magistratura brasileira. Eu, pessoalmente, não cogito [a candidatura de Barbosa]. Vou falar aqui com muita transparência: ser presidente de uma república não é uma função que qualquer um pode exercer, por melhor que seja. Isso é um cargo político.

Entre Aécio Neves e Eduardo Campos, qual seria a melhor saída para o PPS?

Para o PPS, a melhor saída é uma candidatura própria. Há uma premência disso por causa do prazo para novas filiações. Quanto à s outras possíveis opções, aí tem que ser analisado no momento certo. Uma coisa é certa: o PPS terá uma participação no campo oposicionista.

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