Relatório do Crea possibilitou condenação bilionária da Petrobras por desastre ambiental no Paraná

Comissão Mista do Crea-PR, composta por 25 entidades da sociedade civil, presidida pelo então presidente Luiz Antônio Rossafa, entre 2000 e 2001, apontou as terceirizações na Petrobras como uma das causas do acidente na REPAR, em Araucária, que despejou cerca de 4 milhões de litros de petróleo no rio Iguaçu; depois de 13 anos, Justiça Federal proferiu sentença condenando empresa a pagar indenização de R$ 1,4 bilhão pelos danos ambientais.
Comissão Mista do Crea-PR, composta por 25 entidades da sociedade civil, presidida pelo então presidente Luiz Antônio Rossafa, entre 2000 e 2001, apontou as terceirizações na Petrobras como uma das causas do acidente na REPAR, em Araucária, que despejou cerca de 4 milhões de litros de petróleo no rio Iguaçu; depois de 13 anos, Justiça Federal proferiu sentença condenando empresa a pagar indenização de R$ 1,4 bilhão pelos danos ambientais.
A comissão Mista do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Paraná (Crea-PR), nomeada em 2000 pelo então presidente Luiz Antônio Rossafa, possibilitou à  juíza Sílvia Regina Salau Brollo, da Justiça Federal, condenar a Petrobras ao pagamento de indenização bilionária !“ de pelo menos R$ 1,4 bilhão, sem contar os juros !“ como reparação pelo vazamento de 4 milhões de litros de óleo da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, na região de Curitiba.

Este blogueiro, naquela época de enaltecimento do neoliberalismo econômico e precarização do trabalho, assessorou os trabalhos da Comissão Mista do Crea. Corria o governo Fernando Henrique Cardoso e o presidente da “Petrobrás” era Henri Philippe Reichstul.

No referido relatório, que ajudou a decisão judicial, a Comissão Mista considerou inaceitável que um acidente de tão graves proporções pudesse ser explicado apenas como produto de falhas humanas! e falhas técnicas!. Em dois anos de gestão de Henri Philippe Reichstul à  frente da presidência da Petrobrás, a empresa foi protagonista de 50 acidentes, sendo 25 vazamentos. Só em 2000, segundo a Associação dos Engenheiros da Petrobras (AEPT), a empresa havia enfrentado 34 acidentes.

A decisão, sobre a qual ainda cabe recurso, obriga a empresa a fazer a recuperação total do local afetado, principalmente da área em torno do Arroio Saldanha e o Rio Barigui, com descontaminação do solo e monitoramento da qualidade do ar e das águas, entre outras ações.

No relatório final divulgado em 2001, o Crea criticou duramente as punições aplicadas pela direção da Petrobras, onde houve um vazamento de quatro milhões de litros de petróleo na estação scraper!, na entrada da Repar. No documento da Comissão Mista, as punições aplicadas pela companhia deveriam ser vistas com reservas pela sociedade. Isto porque, elas teriam sido adotadas com o objetivo de, por um lado, satisfazer ao justo clamor da opinião pública e, de outro, dificultar ou encobrir a discussão das verdadeiras causas e responsabilidades, não apenas do acidente, mas também dos vários e repetidos eventos dos últimos anos!. Segundo o Crea, tais acontecimentos demonstravam que a Petrobras, ao reestruturar-se segundo uma ótica dita empresarial, adotava políticas e posturas gerenciais que negligenciavam, para dizer o mínimo, práticas adequadas de segurança.

Segundo o relatório, em 1989 a Repar tinha 1,2 mil funcionários próprios, enquanto em julho de 2000 eram apenas 534. Na área de segurança industrial, a redução no número de empregados foi de 53% e na área de manutenção, 33%. A extinção de diversos postos de trabalho teria eliminado uma série de atividades de checagem e verificação dos processos industriais. O relatório ainda apontou que, de 1975 até 2001, a Petrobras esteve envolvida em 67 acidentes ambientais que causaram ferimentos ou mortes em operários. Desses, 51 ocorreram a partir de 1999.

Economia

O relatório afirma ainda que o que se viu no acidente ocorrido na Repar, especialmente nas 72 horas após o vazamento, foi a total inadequação dos planos de contingência postos em prática, tanto no que diz respeito aos recursos humanos quanto aos recursos materiais necessários.

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