Jorge Bernardi: “Ai meu Deus, se deu mal, foi preso em Curitiba o Japonês da Federal”

jorge_bernardi_prisoes_japones_da_federalJorge Bernardi (REDE), em sua coluna deste sábado (11), afirma que o pedido de prisão dos peemedebistas José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá e Eduardo Cunha geraram uma “expectativa positiva” no país. Entretanto, observa o colunista, todos eles continuam livres, leves e soltos. Bernardi diz que a única notícia que se concretizou foi a prisão do Japonês da Federal, o agente Newton Ishii, que teve a marchinha de carnaval que o homenageava atualizada para: “Ai meu Deus, se deu mal, foi preso em Curitiba o Japonês da Federal”. Leia, ouça, comente e compartilhe abaixo a íntegra do texto:

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Sarney e a prisão do Japonês da Federal

Jorge Bernardi*

A notícia de que o Procurador Geral da República Rodrigo Janot pediu a prisão dos principais líderes do PMDB, o ex-presidente José Sarney, do presidente afastado da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, do presidente do Senado, Renan Calheiros e do senador e ex-ministro Romero Jucá, deixou não apenas Brasília em polvorosa mas gerou uma expectativa positiva em todo o Brasil.

Até o momento os peemedebistas estão livres, leves e soltos. Talvez nos últimos meses não tenham se envolvido em falcatruas. Talvez estejam arrependidos do que que fizeram nas últimas décadas em que comandaram a política nacional e se apropriaram de forma ilícita de recursos do povo brasileiro. Talvez não!

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De todos, o mais simbólico é o ex-presidente Sarney. Serviu a ditadura civil/militar enquanto ela durou. Aproveitou-se das benesses do poder, foi governador biônico, deputado, senador e, quando o regime autoritário estava no fim, pulou da presidência da Arena, que dava sustentação política aos militares, para ser presidente da República pelo PMDB.

No Maranhão, por mais de 50 anos, a oligarquia Sarney governou com mãos de ferro. Conseguiu transformar aquele estado de gente alegre, hospitaleira e trabalhadora, no estado mais pobre da nação. Quando começaram a vazar as informações de que havia um pedido de prisão preventiva na mesa do ministro Teori Zavascki, José Sarney veio com esta: “estou perplexo, indignado e revoltado”. E acrescentou “Dediquei sessenta anos de vida pública ao País e à defesa do Estado de Direito. Julguei que tivesse o respeito de autoridades do porte do Procurador Geral da República”.

Esqueceu-se Sarney de que perguntou ao ex-senador Sergio Machado se mais alguém sabia que ele lhe havia ajudado. Recebeu modesta ajuda de R$ 20 milhões, dinheiro de corrupção. Machado também confessou que repassou R$ 30 milhões a Renan Calheiros, outros R$ 20 milhões para Romero Jucá, e de R$ 10 milhões para Edson Lobão, Jader Barbalho e outros políticos do velho MDB de guerra. Somando desviou R$ 70 milhões para os líderes do PMDB.

A única notícia que se concretizou foi a prisão do Japonês da Federal, o agente Newton Ishii, condenado a mais de quatro anos de prisão por facilitar o contrabando e o descaminho em Foz do Iguaçu (que cumpre prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica). Enquanto isto a marchinha de carnaval que o homenageava foi atualizada para: “Ai meu Deus, se deu mal, foi preso em Curitiba o Japonês da Federal”.

*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba (REDE), é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.

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