do Brasil 247Ainda sem partido, Marina Silva não está para brincadeira. Segundo a pesquisa Ibope/Estadão, divulgada ontem, a ex-senadora que tenta viabilizar sua Rede Sustentabilidade iria para o segundo turno contra a presidente Dilma Rousseff, se as eleições fossem hoje. E estaria em empate técnico, com 34% dos votos, contra 35% de Dilma.
Marina, inegavelmente, foi a grande beneficiária das manifestações de rua que tomaram o País e se voltaram contra a classe política tradicional. Muitos dos “sem-partido” se identificam com seu discurso que prega a ética e a defesa da questão ambiental.
Agora, depois de ganhar as ruas, ela pretende seduzir também o mercado. E concedeu uma entrevista ao jornalista Daniel Barros, da revista Exame, que parece ter sido planejada com essa finalidade. Marina revelou os nomes de sua “equipe econômica” !“ Eduardo Giannetti da Fonseca, do Insper, Paulo Sandroni, da FGV, Ricardo Abramovay, da USP, e até mesmo André Lara Resende, da PUC-RJ e ex-governo FHC !“ e também fez um discurso que soaria como música para empresários e investidores.
Eis alguns pontos:
As manifestações
As pessoas dizem que a maneira como os governantes estão operando, na lógica do poder pelo poder, do dinheiro pelo dinheiro, já não as representa mais. Isso é a melhor energia que se pode ter em uma democracia.
Condução da economia
Eu dizia, em 2010, que o atraso na política ia acabar nos levando a perder as conquistas alcançadas a duras penas nos 16 anos anteriores: a estabilidade econômica e a inclusão social. Quando tivemos a crise financeira em 2008, foram tomadas medidas corretas para o estímulo do consumo. Quando o país voltou a crescer, a partir do segundo semestre de 2009, o governo teria de ir puxando o freio do intervencionismo.
Papel do Banco Central
Não é necessária uma lei para dizer que não devo comer açúcar de manhã, à tarde e à noite para não me tornar diabética. Não precisa da institucionalização. Até porque já tivemos experiências no governo de Fernando Henrique Cardoso e no de Lula em que havia essa autonomia.
Controle de gastos
Controlar a inflação por meio da elevação de juros é apenas um dos instrumentos. O gasto público também precisa ser controlado. Como se cria uma cultura de controle do gasto público se a governabilidade é feita da distribuição indiscriminada de mais e mais pedaços do Estado? Se há 39 ministérios?
Concessões
As concessões estão sendo feitas agora, mas com um atraso de oito anos (!¦) à‰ preciso dizer que queremos um serviço de qualidade, mas com um preço acessível para as pessoas. E permitir uma taxa de retorno que não inviabilize a qualidade e o acesso ao serviço.
Exploração do pré-sal
Por enquanto, o petróleo ainda é um mal necessário. A possibilidade de ter os recursos do pré-sal faz sentido para usá-los em educação, tecnologia e inovação (!¦) Mas nem sempre o que se apresenta como possibilidade se transforma em realidade. Eike Batista que o diga.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.