Já foi dito antes neste mesmo espaço que está para existir setor mais atrasado que o do transporte coletivo cujas empresas são comandadas por tradicionais famílias curitibanas. Os felizes proprietários dessas concessões se imaginam parados na década de 1960 ou 1970, onde a lei e ordem são feitas sob a encomenda deles, devido sua influência na Câmara e na prefeitura.
Pode ser que ainda tenham bastante influência política e econômica na cidade, mas espero que não por muito tempo.
O interessante é que a CPI da Urbs, que funciona na Câmara de Curitiba sob os signos da pizza e da laranja, apontou o dedo para o “mordomo”. Segundo o presidente da Comissão, vereador Jorge Bernardi (PDT), existe uma caixa-preta. Não deixa de ser um avanço ao admitir a existência da famigerada caixa-preta. O problema é que ela não está circunscrita à informática, como ele faz crer:
A caixa-preta existe, sim. Eu e outros vereadores, acreditamos que a caixa preta está no sistema de informática fazendo com que todos os dados sejam consolidados!, disse o pedetista em entrevista ao jornalista Adilson Arantes, da Rádio Banda B, durante o Jornal 1!ª Edição.
A maioria da Câmara de Curitiba está para máfia do transporte coletivo assim como a maioria da Assembleia Legislativa do Paraná está para a máfia do pedágio. Ou seja, desses dois matos dificilmente sairá algum coelho.
A título de curiosidade, Bernardi culpa o “mordomo” que atende pelo nome de Datrapom. à‰ o nome da empresa responsável pela bilhetagem eletrônica nos ônibus. Pela tese do pizzaiolo, digo, vereador, trocou a empresa resolve-se o problema de todo o sistema de transporte na capital. Portanto, a CPI terá cumprido seu papel.
Não é verdadeira essa tese. Primeiro porque o presidente da comissão está chutando cachorro morto, haja vista que o contrato com a dita cuja — Dataprom — vence agora em agosto. à‰ só substituir por outra através de licitação pública. Segundo porque a Câmara, até agora, não mexeu com a máfia das empresas de ônibus. Vem afinando. Prevalece, ainda, o modelo anacrônico “lernista” no transporte público já superado no início dos anos 90. Até parece que os vereadores da capital respondem ao ex-prefeito e ex-governador Jaime Lerner.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.