Apesar de paralisação, entidades médicas estão perdendo debate sobre importação de profissionais estrangeiros

A presidenta Dilma Rousseff quer importar médicos de Cuba, Argentina e Espanha para atender população em localidades que os profissionais brasileiros não querem ir; nas capitais, como em Curitiba, faltam profissionais da Saúde; no interior a situação beira o desespero das famílias.
A presidenta Dilma Rousseff quer importar médicos de Cuba, Argentina e Espanha para atender população em localidades que os profissionais brasileiros não querem ir; nas capitais, como em Curitiba, faltam profissionais da Saúde; no interior a situação beira o desespero das famílias.
As constantes denúncias de falta de profissionais de Saúde para o atendimento de pacientes em todo o país, como aquela que levou a óbito um homem em Curitiba, registrado por este blog, nesta terça-feira (23), mostra que a “ponta” que não recebe o serviço essencial apoia o plano do governo federal para a importação de médicos estrangeiros.

As entidades representativas dos médicos brasileiros, aos poucos, vão perdendo esse debate porque a sociedade sente na pele a ausência desses profissionais em postos de saúde e em serviços de emergência 24 horas.

Se nas capitais a falta de médicos é uma realidade, imagine o caro leitor a raridade encontrar um profissional nos mais distantes rincões desse país de tamanho continental. Não precisamos ir longe para constatarmos isso. Na região metropolitana de Curitiba, por exemplo, nos municípios de Colombo e Campo Largo, não há médicos suficientes para atender a população.

Que fazer? Deixar o povo morrer sem atendimento em nome de uma reserva de mercado ou agir, importando mais médicos?

Abaixo, reproduzo informação da Agência Brasil sobre a paralisação dos médicos em todo o país nesta terça:

Profissionais paralisam atividades em vários estados

Economia

Médicos de mais de 10 estados paralisaram hoje (23) o atendimento em hospitais da rede pública em manifestação contra o Programa Mais Médicos e os vetos ao projeto de lei que regulamenta a medicina, conhecido como Ato Médico. O atendimento a casos de urgência e emergência estão mantidos, segundo informaram sindicatos da categoria. Em alguns estados, os profissionais participaram de atos públicos.

Um dos objetivos do Programa Mais Médicos é contratar profissionais estrangeiros para trabalhar no interior do país e nas periferias das grandes cidades.

Em Mato Grosso do Sul, cerca de 350 médicos se reuniram em uma passeata pela principal avenida da capital, Campo Grande, de acordo com o sindicato dos profissionais do estado. O presidente do sindicato, Marco Antônio Leite, disse que houve boa adesão á paralisação e criticou o Mais Médicos. Entendemos que não há falta de médicos no Brasil, há descentralização nas regiões. Acreditamos que a maneira eficaz para resolver isso é criação de uma carreira de Estado para médicos se fixarem nas regiões mais afastadas dos centros urbanos!, disse.

Em Belo Horizonte, os médicos se reuniram em frente á uma faculdade de medicina para um ato público. De acordo com o Sindicato dos Médicos de Minas Gerais, também houve adesão de profissionais da rede privada á paralisação. Em Goiás, o balanço do sindicato é que mais de 50% dos médicos do estado paralisaram as atividades. Os que estão trabalhando atendem os casos de urgência e emergência.

Em Recife, os médicos que paralisaram as atividades estiveram em ato público pela manhã em frente ao Hospital da Restauração, o maior da rede pública de Pernambuco. Na Bahia, foram suspensos os atendimentos da rede pública e privada, incluindo aos planos de saúde, exceto as urgências e emergências. Na capital, Salvador, durante a tarde, os profissionais fazem uma feira da saúde com aferição da pressão e de glicose e expõem á população os motivos da paralisação.

No Distrito Federal, os médicos optaram por não parar as atividades e fazem uma operação padrão, em que reduziram o ritmo do atendimento. As paralisações estão marcadas para os dias 30 e 31, quando os profissionais do Distrito Federal vão suspender o atendimento a consultas e cirurgias eletivas (agendadas).

Há paralisação também no Piauí, Rio Grande do Norte, Ceará, Acre e Paraná. A atividade segue o calendário estabelecido pela Federação Nacional dos Médicos (Fenam) em conjunto com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e a Associação Médica Brasileira (AMB). Estão agendadas paralisações para os próximos dias 30 e 31 deste mês.

O Ministério da Saúde, por meio da assessoria de imprensa, informou que lamenta a paralisação dos médicos por afetar serviços prestados á população. Diz ainda que permanece aberto ao diálogo, tal como ocorre desde o início dos debates sobre o Programa Mais Médicos.

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