A raiz do problema do transporte coletivo no país (e em Curitiba também)

Por André Araújo, no Luis Nassif Online

Segundo André Araújo, autor deste artigo, o objetivo do Movimento do Passe Livre está bem longe do ponto de ônibus; não deixa de ser uma verdade; agora, é incrível como a PM, uma corporação centenária, se deixa usar para defender a máfia do transporte coletivo em Curitiba e no resto do país. (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo/Futura Press).
Segundo André Araújo, autor deste artigo, o objetivo do Movimento do Passe Livre está bem longe do ponto de ônibus; não deixa de ser uma verdade; agora, é incrível como a PM, uma corporação centenária, se deixa usar para defender a máfia do transporte coletivo em Curitiba e no resto do país. (Foto: Marcelo Elias/Gazeta do Povo/Futura Press).
Há quatro anos postamos artigo sobre a raiz do problema das empresas de transporte coletivo por todo o Brasil. Por que empresários modernos de capital aberto não se interessam por esse setor que tem grande faturamento? Todos correm atrás de concessões de usinas geradoras de energia, de portos, aeroportos, rodovias porque nenhum investidor quer saber de uma concessão de clientela segura e que paga a vista?

O setor de ônibus municipais é fechado em um pequeno grupo de empresários antiquados e acostumados a um casamento com a baixa política municipal, aliança que vem desde os anos 40.

Se o Movimento Passe Livre quer realmente uma solução melhor para o setor o caminho e acabar com esse conluio viciado entre prefeitos e câmaras com os empresários de ônibus. Isso é o que está por debaixo dos panos, é por isso que o setor não se renova, usa ônibus com carrocerias de caminhão, serviços ruins, explora motoristas e cobradores, tem manutenção péssima.

As concorrências são apenas para inglês ver, as áreas são todas demarcadas e acertadas, os empresários pelo Brasil inteiro, de Belém a Porto Alegre são geralmente meia dúzia em diferentes alianças, muitos deles tem mais de 10.000 ônibus divididos em dezenas de empresas de papel.

O setor tem péssimas práticas fiscais, societárias e trabalhistas, firmas cheias de passivos desaparecem e surgem outras na mesma linha no dia seguinte com outros laranjas como sócios, há muitos macetes! manjadíssimos, mas que o poder politico finge não ver porque esses empresários são fortíssimos contribuintes para campanhas eleitorais.

Não adianta o MPL fazer quebra-quebra e passeatas para melhorar o setor, o buraco é mais embaixo.

Economia

Porque não sugerem uma agência nacional para regular e fiscalizar o transporte coletivo em cidades com população acima de 500.000 habitantes, onde o transporte é pior? Tirar esse maná das mãos dos prefeitos e principalmente câmaras, que são a outra ponta do conluio?

Se o MPL nem toca nisso, como vai melhorar o serviço e baixar os preços se o esquema! não muda? Não estudaram o setor, não fizeram pesquisa? Como podem tratar do assunto sem saber?

O transporte coletivo de ônibus nas grandes cidades do mundo é geralmente da Prefeitura e não particular. Em Paris, Londres, Nova York o sistema de ônibus é estatal, não é privado. Esse setor não se presta a ser privado, é mais bem articulado sendo estatal, em São Paulo poderia ser da Companhia do Metrô, que tem boa tradição administrativa. à”nibus modernos, como os de Paris, melhorariam muito o transporte, isso não se conseguirá com o atual sistema-bacalhau, essa é uma boa causa.

Tenho porém minhas razões para desconfiar que a última coisa que interessa ao MPL é esse negócio de transporte coletivo, o objetivo deles está bem longe do ponto de ônibus, digo das lideranças que bolaram esse tambor, o resto é massa de manobra que participa pela emoção de participar.

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