Deputado Zeca Dirceu defende a importação de médicos cubanos

Zeca Dirceu, em artigo, defende a importação de médicos cubanos pelo Brasil e diz que há "preconceito" e "corporativismo" nesse debate, pois, segundo ele, faltam quase 170 mil profissionais.
Zeca Dirceu, em artigo, defende a importação de médicos cubanos pelo Brasil e diz que há “preconceito” e “corporativismo” nesse debate, pois, segundo ele, faltam quase 170 mil profissionais.
O deputado federal Zeca Dirceu, filho do ex-ministro José Dirceu, resolveu meter o bedelho na polêmica sobre a importação, pelo Brasil, de 6 mil médicos de Cuba. Para o parlamentar do PT paranaense, há preconceito [da mídia e da elite] e corporativismo [dos médicos]. Tem razão ele, pois, coisa de duas semanas atrás, o deputado estadual Ney Leprevost (PSD) distribuiu nota afirmando que estava com medo dos barbudos cubanos. A seguir, leia a íntegra do artigo de Zeca Dirceu:

A falta de médicos, o preconceito e corporativismo

por Zeca Dirceu*

O anúncio feito recentemente pela presidenta Dilma sobre a possível vinda de 6 mil médicos estrangeiros para trabalhar em áreas absolutamente carentes do país foi recebido negativamente pelo Conselho Federal de Medicina. O governo pretende tomar a medida diante de uma dura realidade: O Brasil possui hoje um déficit de 168.424 médicos, e o Ministério da Saúde quer alcançar a meta de 2,7 médicos por mil habitantes, a mesma proporção do Reino Unido que, depois do Brasil, tem o maior sistema público de saúde orientado pela atenção básica do mundo.

Contamos atualmente com 1,8 médicos para cada grupo de mil habitantes, número inferior a países como Argentina (3,2), Espanha e Portugal (4). Um estudo realizado pelo IPEA apontou que 58,1% das pessoas destacam a falta de médicos como principal problema do SUS.

O mercado brasileiro oferece muitas possibilidades, o que faz com que os médicos optem por não trabalhar na atenção básica, e principalmente, queiram permanecer nos grandes centros. Dos 371.788 médicos brasileiros, 260.251 estão nas regiões Sul e Sudeste. Entre os anos de 2009 e 2010, foram criadas 19.361 vagas de primeiro empregos para médicos, sendo que, no mesmo período, foram graduados 13 mil profissionais, o que nos leva a concluir que boa parte dos egressos já tem pelo menos dois empregos formais no primeiro ano de trabalho.

Economia

O governo federal está preparando ações de médio e longo prazo para criar e ampliar vagas em cursos de medicina nos vazios de formação, bem como políticas de provimento e fixação de médicos onde existam maiores carências.

A estratégia mais urgente orientada pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é que o Brasil se baseie em experiências de países como Canadá, Reino Unido e Austrália, que optaram pelo intercâmbio de profissionais estrangeiros como uma alternativa para suprir a necessidade de médicos, principalmente em áreas remotas. Na Inglaterra, 40% dos profissionais foram atraídos de outros países. Os Estados Unidos contam com 25% de médicos estrangeiros, e o Canadá, com 22%. O Brasil estuda parcerias com diversos países, entre eles Portugal e Cuba.

Embora as entidades médicas tenham adotado uma postura defensiva e preconceituosa diante da possibilidade da vinda de médicos de Cuba para atuarem no Brasil, ao ponto de questionarem a qualidade dos profissionais cubanos, é importante que a sociedade brasileira esteja esclarecida a respeito do assunto: Cuba é reconhecida por grandes êxitos na medicina e na biotecnologia e possui 6,7 médicos por mil habitantes.

Segundo a New England Journal of Medicine, o sistema de saúde cubano parece irreal. Há muitos médicos. Todo mundo tem um médico de família. Tudo é gratuito, totalmente gratuito. Apesar do fato de que Cuba dispõe de recursos limitados, seu sistema de saúde resolveu problemas que o nosso [dos EUA] não conseguiu resolver ainda. Cuba dispõe agora do dobro de médicos por habitante do que os EUA!.

Isso se reflete em grandes avanços no desenvolvimento de estudos para tratamentos revolucionários, como vacinas para câncer, hepatite B, cura do mal de Parkinson e da dengue. Hoje, a indústria biotecnológica cubana tem registradas 1.200 patentes e comercializa medicamentos e vacinas em mais de 50 países.

Não é momento para reações corporativistas e preconceituosas. à‰ hora de aumentar o número de médicos e universalizar cada vez o atendimento em saúde da nossa população.

*Zeca Dirceu é deputado Federal pelo PT Paraná.

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