Da indústria da multa à  indústria da casa: Consilux faz habitações na Venezuela

Vista do polo urbano de desenvolvimento endógeno em Ciudad Bolívar, capital do Estado de Bolívar, construído pela Consilux. Empresa entregou até o momento 788 casas, de um total de 1032. Prefeito Gustavo Fruet, aproveite os cem dias e rompa com essa picaretagem da indústria da multa. Fotos: divulgação.
Vista do polo urbano de desenvolvimento endógeno em Ciudad Bolívar, capital do Estado de Bolívar, construído pela Consilux. Empresa entregou até o momento 788 casas, de um total de 1032. Prefeito Gustavo Fruet, aproveite os cem dias e rompa com essa picaretagem. Fotos: divulgação.
Juro que a cada dia me surpreendo mais. A Consilux, aquela da indústria da multa, de Curitiba, também faz casas na Venezuela. Ajuda a arrecadação na capital paranaense, mas também tem seu lado social: constrói habitações. “Misión Vivenda”, uma versão do Minha Casa, Minha Vida, criada pelo ex-presidente Hugo Chávez, morto em março passado. Prefeito Gustavo Fruet, aproveite os cem dias e rompa com essa picaretagem da indústria da multa. A seguir as informações do Opera Mundi:

O déficit habitacional era e permanece um dos principais desafios da Venezuela. Tanto que Hugo Chávez lançou em 2011 um ambicioso programa de moradia, a Misión Vivienda, que tem como objetivo entregar três milhões de casas até 2018. De acordo com o governo, 64% delas já saíram do papel.

Com a aproximação de Brasil e Venezuela, fortalecida com o estabelecimento de um convênio bilateral em 2005, veio o convite para que empresas brasileiras participassem dos projetos habitacionais. A Consilux, do Paraná, enxergou naquele momento a oportunidade de investir em construção civil em um ambiente com concorrência menos feroz que o brasileiro. O primeiro contrato foi assinado em 2011.

Essa relação política estratégica, de se voltar para o Sul, para as empresas latino-americanas, indicou que precisávamos estar unidos. E que as empresas faziam parte desse processo. Todas as companhias que estão aqui devem isso ao impulso do Lula, que enxergou as oportunidades também de intercâmbio comercial!, afirma Espartano da Fonseca, CEO da empresa em Caracas.

A partir de setembro de 2011, a Consilux colocou em marcha a construção de um polo urbano de desenvolvimento endógeno em Ciudad Bolívar, capital do Estado de Bolívar. A ideia, de acordo com Fonseca, era criar uma estrutura habitacional que incluísse também escolas, hospitais, delegacias e conselhos comunais, por exemplo, fazendo com que o morador não precisasse sair de seu entorno com tanta frequência.

Com um orçamento de 100 milhões de dólares, a Consilux entregou até o momento 788 casas, de um total de 1032, em um projeto que emprega em média 900 pessoas. As residências têm 70 m!², três quartos !“ sendo uma suíte !“, sala de estar, de jantar, cozinha e área de serviço, e estão divididas entre estruturas geminadas e prédios de quatro andares, com oito apartamentos em cada andar. O padrão é altíssimo. Dificilmente vemos moradias de tão alto nível sendo construídas por outros governos!, salienta. O contratante é o Ministério da Habitação, porém, quem paga é a estatal petrolífera PDVSA, através do Fundo Simón Bolívar.

Economia

Dificuldades

De acordo com Fonseca, a maior reclamação da empresa é a falta de planejamento do governo venezuelano para as obras, o que tem reflexos diretos nos pagamentos e no andamento dos projetos. Qualquer país precisa definir quanto tem pra gastar, fazendo uma projeção do ano, com limite de contratação. Eles deveriam priorizar as obras em andamento e atrasar o início de novas!, opina.

Segundo ele, a partir de 2009 e 2010, o governo venezuelano pediu que as casas em Ciudad Bolívar começassem a ser entregues mesmo sem o projeto estar completamente pronto. Foi difícil, porque já havia famílias morando lá, com crianças circulando, dentro da obra. A logística é complicada, pois envolve equipamentos pesados!, explica o empresário.

Fonseca conta que um dos reflexos dessa situação é a falta de material de construção. Porque tem muita obra e pouca indústria que produz aqui. Trazemos muita coisa de fora!, afirma. Outro é o fluxo de caixa, que frequentemente se vê comprometido pelo atraso nos pagamentos. Na construção civil, diz, quando uma obra é iniciada, não é tarefa simples interrompê-la. à‰ preciso afinar o ritmo de obra e de pagamentos!, argumenta.

Ele relata que nunca houve qualquer ação oficial do Brasil junto à  Venezuela para debater as dificuldades, mas sim conversas informais. Quem sempre buscou soluções foi Maduro, como chanceler. Ele tem bastante experiência, pois soube escutar e absorver experiências no exterior e sabe que há soluções!, diz o CEO da Consilux.

De concreto, lembra Fonseca, foi o intercâmbio de conhecimento entre o governo venezuelano e a Caixa Econômica Federal. A Caixa, no âmbito do convênio de cooperação Brasil – Venezuela, disponibilizou técnicos que trabalharam na experiência brasileira do Minha Casa, Minha Vida. Chávez sempre se preocupou em buscar caminhos e insistia que os ministros deveriam ter mais eficiência, tanto no acompanhamento das obras como com a questão do pagamento!, diz.

Eleição

Agora, com o falecimento de Chávez, Fonseca diz não prever profundas mudanças, especialmente caso haja uma continuidade do chavismo no poder. A Venezuela realiza eleição em 14 de abril. A relação entre os governos permanece forte, porque já havia sido semeada!, comenta, destacando a criação de umasinergia!entre Venezuela e Brasil, a partir do relacionamento entre Lula e Chávez.

Eu, como empresário, farei questão de dizer que sou brasileiro e de lembrar que lá há amigos do presidente Chávez, que são Lula e Dilma. O ex-presidente nem sequer precisa vir aqui para representar as empresas, porque já fez isso!, conclui.

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