O prefeito de Pinhais, Luizão Goulart (PT), presidente da Assomec (Associação dos Municípios da Região Metropolitana de Curitiba), disse que o fim do subsídio do governo estadual à Rede Integrada de Transporte (RIT) significará o “caos total” para 13 cidades que dependem do transporte coletivo integrado à capital.
O convênio entre o governo do Paraná e RIT vence no próximo dia 7 de maio, mas o governador Beto Richa (PSDB) já avisou que não renovará a ajuda financeira anual de R$ 64 milhões para bancar a integração.
Se desintegrar, será um caos total, porque cada município vai ter que pegar seus passageiros, levar para Curitiba e jogar em algum lugar lá. Inclusive, desarticula todo o sistema de Curitiba!, afirmou Goulart aos repórteres Fernanda Trisotto e Camille Cardoso, do jornal Gazeta do Povo.
Especialistas em transporte público defendem a manutenção da RIT. à‰ o caso do professor Garrone Reck, professor do Departamento de Transporte da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Segundo ele, a integração não gera só custos, gera soluções também e deve ser mantida!.
De acordo com levantamento da Gazeta do Povo, a maioria absoluta dos municípios da região metropolitana de Curitiba defende a manutenção do subsídio ao transporte coletivo. Confira a posição de cada um deles:
Campo Magro
Segundo o prefeito Louvanir Menegusso, o fim da rede integrada de transporte prejudicaria o município na forma mais extrema. A cidade não dispõe de transporte urbano e depende da RIT para o deslocamento aos bairros. Cerca de 6 mil pessoas dependem desta integração. Seu fim seria um choque e um retrocesso. Muito provavelmente, faria as empresas repensarem a contratação de moradores da Região Metropolitana por causa do aumento de custo que passariam a ter!, diz.
Rio Branco do Sul
A prefeitura de Rio Branco do Sul defende que o corte do subsídio estadual, se necessário, deveria ser gradual. O secretário municipal de Governo, Eloir Bueno, que está à frente do debate, afirma que um prazo de três ou quatro anos poderia ser suficiente para que a cidade se adaptasse. Se cortar imediatamente, haverá prejuízo sério para o bolso do trabalhador da Região Metropolitana!, argumenta. Na cidade de 30 mil moradores, duas empresas familiares prestam o serviço de transporte da região central para o interior do município.
São José dos Pinhais
Não vemos possibilidade [de substituir a RIT]!, resume o secretário municipal de Trânsito e Transportes, Adriano Marcus Mà¼hlstedt, sobre a eventual interrupção na rede integrada de transporte intermunicipal. Apesar de duas empresas de ônibus atuarem no sistema urbano, da região central para os bairros, a cidade não tem convênio paralelo com outros municípios para garantir o acesso à capital. O secretário avalia que uma readequação das linhas poderia apontar formas de cortar os custos do sistema. A integração é um benefício para as cidades da Região Metropolitana e para Curitiba. Os problemas são comuns e as soluções devem ser discutidas de maneira conjunta!, afirma.
Araucária
O diretor presidente da Companhia Municipal de Transporte Coletivo de Araucária (CMTC), Sandro José Martins, defende que a RIT deve ser revista. Se, por um lado, a integração viária do município com a capital é necessária, por outro, ele afirma que o município tem um prejuízo enorme! com a rede. Para manter a integração com Contenda e Campo Largo, a prefeitura terá de repassar em torno de R$ 46,8 milhões de subsídio em 2013!, garante. Para ele, as contas têm de ser refeitas. Se o Estado reclama de repassar R$ 60 milhões para manter a integração, Araucária não pode arcar com R$ 46,8 milhões!, compara.
Campo Largo
Com 112 mil habitantes, Campo Largo dispõe de linhas metropolitanas entre Curitiba, Balsa Nova e Araucária. Conta com um sistema urbano com 25 linhas, mas a RIT é uma necessidade, segundo o prefeito Affonso Guimarães. O município tem acompanhado o impasse sobre o subsídio estadual, assunto que, segundo o prefeito, é de extrema importância para o usuário. à‰ uma questão que ainda deve ser mantida em discussão, levando-se em conta as diversas possibilidades apresentadas em reuniões anteriores!, afirma ele.
Almirante Tamandaré
Consultada pela Gazeta do Povo, a prefeitura preferiu não comentar a indefinição sobre o subsídio estadual para a rede integrada de transporte. O município de Almirante Tamandaré manifesta total interesse na continuidade da integração do transporte coletivo!, limitou-se a afirmar, via nota oficial, o prefeito Aldnei Siqueira.
Colombo
A prefeita de Colombo, Beti Pavin, avalia como positiva a situação da RIT quanto aos serviços prestados na cidade. Mesmo com 213 mil moradores, a cidade não dispõe de transporte urbano bancado por dinheiro municipal !“ depende das linhas alimentadoras vinculadas à rede metropolitana. Curitiba sempre foi a “mãezona” dos municípios metropolitanos no que diz respeito ao transporte público. Moradores que se fixaram em Colombo e em outros municípios que fazem divisa com a capital não tiveram espaço para ficar por lá. Então Curitiba precisa continuar dando condições, como sempre deu, do transporte atender aos municípios metropolitanos!, argumenta.
Itaperuçu
Assim como muitas cidades-dormitório da Região Metropolitana, Itaperuçu não dispõe de transporte urbano. Nossa cidade tem poucos empregos. Muitas pessoas trabalham em Curitiba. Vão e voltam todos os dias!, justifica o secretário de Governo e Administração, Douglas de Oliveira Franco Filho.
Contenda
O prefeito Carlos Stabach defende uma pesquisa de origem e destino para que a rede integrada seja reformulada. Além do impasse, a cidade de 16 mil moradores enfrenta hoje outra indefinição: o destino de um acordo verbal, que já dura cerca de cinco anos com o município de Araucária, para garantir a integração. A linha parte de Contenda e passa por Araucária para chegar a outras cidades da Região Metropolitana. Como a linha é considerada deficitária por Araucária, há o risco de o serviço ser suspendo. O prefeito afirma que hoje não há dotação orçamentária para que o município substitua essa linha. Não existe, mas teria de fazer. Seria constrangedor para mim, com quatro meses de governo, ter um baque desses !“ fazer o usuário de Contenda descer em Araucária e pagar nova passagem.!
Pinhais
O secretário de Urbanismo Emerson Bento afirma que a interrupção da RIT inviabilizaria o transporte na cidade. Os bairros são muito próximos. Qualquer serviço seria deficitário!, afirma ele. Também com boa parte dos moradores empregados em Curitiba e outras cidades metropolitanas, Pinhais já sofre com o déficit no número de horários e de linhas da RIT, avalia Bento. Já a infraestrutura de pontos de ônibus fica a cargo do município, que informa estar tocando um levantamento em busca de melhorias.
Bocaiúva do Sul
Em Bocaiúva do Sul, um contrato entre a prefeitura e a empresa Viação Castelo Branco garante sete linhas de ônibus e o transporte escolar. Segundo o prefeito Antônio Ferreira Rà¼ppel Filho, o orçamento da cidade não comportaria a substituição da rede integrada ou mesmo a reserva de subsídio para garantir a RIT. O município é pequeno, depende do Fundo de Participação dos Municípios. O orçamento era de R$ 20 milhões por ano em 2012 e vem caindo!, conta.
Piraquara
Para o secretário de Urbanismo e Meio Ambiente, Ademir Marion Jess, para a discussão avançar, falta detalhar cada fator que interfere nos valores do sistema. O município já sofre com uma das menores arrecadações do estado, tendo em vista que aproximadamente 75% do seu território é área de proteção ambiental!, afirma.
Fazenda Rio Grande
A prefeitura de Fazenda Rio Grande avalia que, por dia, cerca de 40 mil passageiros da RIT partem do município diariamente a Curitiba. São pessoas que trabalham e consomem em Curitiba. A cidade tem ônus [com a RIT], mas também bônus!, afirma o secretário de Governo, Beto Rocha.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.