O jornalista Celso Nascimento, colunista do jornal Gazeta do Povo, na edição desta quinta-feira (11), atribui a percepção dos eleitores segunda qual o prefeito de Curitiba, Gustavo Fruet (PDT), não produziu um “prego” nos cem primeiros dias de gestão à péssima comunicação.
Ao dichavar levantamento da Paraná Pesquisas indicando que 59% dos entrevistados não souberam apontar nada que o prefeito tenha feito até agora, Nascimento põe o dedo na ferida:
“Culpa do prefeito, que pouco fez além de chorar o leite derramado, ou dos setores de sua equipe de comunicação que ainda não conseguiram fazer chegar à opinião pública fatos novos e relevantes (se existentes) de sua administração?”, questiona o colunista.
Não é só Celso Nascimento que enxerga problema na comunicação de Gustavo Fruet. O próprio núcleo duro do governo municipal também vê desempenho sofrível do secretário Gladimir Nascimento à frente da pasta.
Segundo relato de um comandante-em-chefe da “guarda de elite” do prefeito, “dificilmente o titular [da comunicação] vingará porque ele não viveu a campanha e a eleição de Guga”.
Ao elogiar a postura do gestor Gustavo Fruet, que estaria tomando providências legais contra malfeitos de antecessores, o outro Nascimento, o colunista, avalia que “os curitibanos em geral aguardam do prefeito sinais mais claros de que ele não vê a cidade apenas pelo retrovisor. Ou seria só uma questão de comunicação?”, critica novamente o jornalista da Gazeta do Povo.
Celso Nascimento diz na prática que Fruet tem 66% de aprovação, apesar da péssima comunicação de seu governo.
A seguir, eu reproduzo a íntegra da coluna de Celso Nascimento:
Por que 66% aprovam Fruet?
O que teria feito Gustavo Fruet nesses cem primeiros dias de mandato além de administrar a coluna de perdas e danos que encontrou nos livros contábeis da prefeitura de Curitiba a ponto de merecer os 66% de aprovação aferidos pela Paraná Pesquisas, a pedido desta Gazeta, conforme publicamos ontem? Essa é a pergunta que se deve fazer diante da constatação, da própria pesquisa, de que 59% dos entrevistados não souberam apontar nada que o prefeito tenha feito.
Culpa do prefeito, que pouco fez além de chorar o leite derramado, ou dos setores de sua equipe de comunicação que ainda não conseguiram fazer chegar à opinião pública fatos novos e relevantes (se existentes) de sua administração?
Sobre as dívidas e irregularidades que Fruet encontrou ao assumir a prefeitura até os postes de Curitiba ficaram sabendo. Mas talvez nem todos percebam que, apesar de praticamente só se referir ao passado, há um lado na choradeira! que o diferencia da prática usual dos administradores quando assumem um cargo: todos choram, mas são raríssimos os que procuram responsabilizar os antecessores pelos malfeitos.
Um desses casos raros foi protagonizado por Beto Richa que, ao assumir a prefeitura em 2004, denunciou o antecessor, Cassio Taniguchi, para o Tribunal de Contas, por não ter cumprido metas constitucionais de aplicação em saúde. Não se sabe se levou à frente a denúncia, mas anos depois, já eleito governador, colocou o denunciado na Secretaria do Planejamento.
No Palácio Iguaçu desde janeiro de 2011, Beto chora até hoje pela situação deplorável que teria herdado da gestão Requião/Pessuti, mas não se tem conhecimento que tenha procurado responsabilizar por quaisquer meios os que não cuidaram bem do estado. Como não o fez, tem-se até o direito de duvidar de que a situação era tão deplorável quanto dizia.
à‰ neste ponto que Fruet se diferencia de outros administradores: o procurador-geral do município, Joel Macedo, vai passar hoje o relatório de irregularidades à s mãos do chefe do Ministério Público Estadual, Gilberto Giacoia, pedindo-lhe as providências cabíveis. Cópias também vão chegar aos Tribunais de Contas do Estado e da União, Ministério Público Federal e Polícia Federal. O relatório sugerirá a responsabilização criminal dos agentes públicos citados.
Enquanto isso, a prefeitura se dedica apenas à administração rotineira da cidade, a pagar dívidas pequenas e a propor moratória para as grandes. Fruet, por sua vez, nesse meio tempo participa de audiências públicas nos bairros para ouvir a população, à espera de relatórios que o levem a tomar decisões importantes !“ casos do metrô e da integração do transporte metropolitano.
Já os curitibanos em geral aguardam do prefeito sinais mais claros de que ele não vê a cidade apenas pelo retrovisor. Ou seria só uma questão de comunicação?
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.