Professor denuncia PM por racismo em escola do Paraná

Professor Odair Rodrigues.
Professor Odair Rodrigues.
O professor Odair Rodrigues, do Colégio Lucy Requião de Melo e Silva, de Fazenda Rio Grande, na região metropolitana de Curitiba, denuncia que foi vítima de racismo, ontem (19) à  noite, quando chegava para dar aula, ao ser abordado por policiais militares.

Segundo “Mestre Oda”, como é conhecido o professor, de quem sou amigo de militância estudantil, “fui o único que levou geral, nem outro funcionário ou professor foi revistado pela PM”, relata, para logo em seguida indagar: “Por que fui o único a ser humilhado? Porque eu era o único negro”.

O professor afirma que o município, com 12 escolas estaduais, não tem a patrulha escolar. Para ele, esse tipo de abordagem racista tem a ver com o despreparo dos policiais.

“A gente trabalha no período noturno, em área de risco, onde prevalece o tráfico de drogas e altos índices de violência, aí aparece o policial despreparado que, mesmo eu me identificando como professor ele me humilhou; ele poderia conferir a minha identificação na escola, mas preferiu me revistar em frente aos meus alunos”, critica.

Mestre Oda informou ao blog que fará registro em Boletim de Ocorrência (BO) na delegacia da cidade e que a escola deverá divulgar ainda hoje um manifesto de solidariedade a ele.

A seguir, publico a íntegra do desabafo do professor Odair Rodrigues:

Economia

“Acabo de ser vítima de racismo

Acabo de chegar da escola. A polícia fez blitz na entrada de vários colégios, inclusive o Lucy Requião de Melo e Silva, onde trabalho. Quando desci do ônibus, a polícia chegou. Logo me identifiquei como professor e o policial disse “para nós todo mundo é igual” e, diante dos alunos, fui revistado. No entanto, pela mesma entrada passaram o professor Sátiro e professor Cláudio Prado, e nenhum dos dois foi abordado. Ambos brancos. Registro que ficaram indignados ao perceberem o fato. Não discuti com os policiais porque havia o dilema do que fazer em frente dos alunos e também porque aprendi a não discutir com gente despreparada e armada. Não estou acima da lei,mas no contexto exigiria outro tipo de abordagem, afinal até meus alunos gritaram que sou professor. Os policiais sequer conferiram minha identificação. Fui humilhado por ser negro e isso dói. Tive a imediata solidariedade dos alunos que não fizeram nenhuma brincadeira. Em cinco anos de Paraná, é a primeira vez que isso ocorre. Não é um fato isolado. Para completar a noite, uma aluna foi agredida por um ex-namorado, também aluno, por ciúmes. Estou arrasado com ambos os fatos.

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