Erro de alvo: Racha do MST ligado ao PSOL invadiu Instituto Lula

do Brasil 247

"Interesse partidário está à  frente da invasão do Instituto Lula", disse ao 247 Igor Felippe, assessor de comunicação do MST; "Nosso movimento não está apoiando essa ação, que consideramos ineficaz. Lula não tem nada a ver com isso"; invasão é reivindicada por militantes ligados à  entidade Intersindical, alinhada com o PSOL; partido nasceu de dissidência do PT; ação evidencia divisão entre líderes dos Sem Terra.
“Interesse partidário está à  frente da invasão do Instituto Lula”, disse ao 247 Igor Felippe, assessor de comunicação do MST; “Nosso movimento não está apoiando essa ação, que consideramos ineficaz. Lula não tem nada a ver com isso”; invasão é reivindicada por militantes ligados à  entidade Intersindical, alinhada com o PSOL; partido nasceu de dissidência do PT; ação evidencia divisão entre líderes dos Sem Terra.
Não é o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra) a entidade que promoveu a ocupação, na manhã desta quarta-feira 23, do Instituto Lula, em São Paulo. A responsabilidade política da ação é de outro grupo organizado, que se reúne em torno da Intersindical, entidade que aglutina sindicatos que já fizeram parte da CUT (Central Única dos Trabalhadores). A Intersindical guarda proximidade política com o PSOL, partido nascido, por sua vez, de uma dissidência do PT e de outras organizações da esquerda brasileira.

A tomada do Instituto Lula pela Intersindical evidencia uma forte divisão no comando político dos sem terra. A antiga hegemonia do MST vai sendo fustigada pelas organizações ligadas à  Intersindical. A orientação política, ali, é muito mais alinhada ao PSOL do que ao PT.

“Não queremos julgar essa atitude de invasão do Instituto Lula, mas a consideramos inócua, ineficaz”, afirmou ao 247 o assessor de comunicação do MST, Igor Felippe. “Lula não está no poder, não é mais presidente. O problema não está com ele, nem ele pode resolvê-lo”, sublinhou.

A invasão do Instituto Lula tem como objetivo declarado fazer com que o ex-presidente faça gestões junto ao governo federal para a feitura de um decreto de desapropriação de uma área de 104 hectares em Americana, no interior de São Paulo. Ali, desde 2006, numa ação ocorrida durante o primeiro governo Lula, um grupo de 70 famílias montou um assentamento que, atualmente, já produz alimentos para a rede escolar da região. Proprietária legal da terra, a família Abdala conseguiu uma decisão judicial pela desocupação do local, o qe poderá ocorrer por força policial a partir do dia 30.

“O responsável pela situação de desespero daquelas famílias é o Poder Judiciário, e não o Lula”, ressaltou o porta-voz do MST ao 247. Igor Felippe explicou que foi feita uma assembleia dentro do assentamento de Americana, na qual os militante do MST foram contra a proposta lançada pelo sem terra ligados à  Intersindical de invadir o Instituto Lula. Essa posição, no entanto, foi executada na manhã de hoje.

Economia

Ouvido pelo 247, em reportagem anterior, o advogado Vandré Paladino, que acompanha os invasores, efetivamente não falou em nome do MST, mas apenas como profissional ligado a famílias do assentamento Milton Santos, de Americana. “Nossa intenção é mesmo criar um problema, porque só assim poderemos obter uma solução”, afirmou ele. Igualmente não fazem parte do MST os sem terra que estão acorrentados e em greve de fome diante do escritório da Presidência da República em São Paulo. O MST nega igualmente estar presente na invasão em curso do terreno, no centro de São Paulo, destinado à  construção do Memorial Lula.

Abaixo, nota oficial do MST sobre a invasão do Instituto Lula:

MST não participa de protesto no Instituto Lula
23 de janeiro de 2013

A assessoria de imprensa do MST esclarece que não participa de protesto na sede do Instituto Lula, em São Paulo, na manhã desta quarta-feira (23/1).

Os protestos organizado pelo MST têm como orientação geral denunciar os verdadeiros inimigos da reforma agrária, como o agronegócio, o latifúndio, o Poder Judiciário e a imprensa burguesa e pressionar os órgãos de Estado para que façam a Reforma Agrária.

O MST tem feito uma grande campanha em defesa das famílias do assentamento Milton Santos, que está ameaçado de despejo por decisão de um juiz do Tribunal Regional Federal.

O Movimento tem pressionado o governo federal e acompanhado o trabalho do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da Advocacia Geral da União (AGU) para comprovar a posse da área e impedir o despejo.

O Incra tem responsabilidade com as famílias do assentamento e deve encontrar uma saída para impedir o despejo.

O presidente do Incra, Carlos Guedes, fará uma audiência com o MST nesta quinta-feira, à s 17h, para informar as iniciativas do órgão para resolver a situação das famílias.

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