Caciquismo tucano expurga quadros para outros partidos

do Brasil 247

Numa análise perspicaz, colunista da Folha aponta que três grandes vitoriosos nas últimas eleições, Eduardo Paes, Gustavo Fruet e Gabriel Chalita, eram "tucanos até outro dia", mas saíram porque não tiveram espaço na legenda.
Numa análise perspicaz, colunista da Folha aponta que três grandes vitoriosos nas últimas eleições, Eduardo Paes, Gustavo Fruet e Gabriel Chalita, eram “tucanos até outro dia”, mas saíram porque não tiveram espaço na legenda.
Em artigo na Folha de S.Paulo nesta segunda-feira, o colunista Ricardo Mendonça faz uma análise perspicaz sobre o PSDB. Ele lembra que os únicos eleitores que puderam votar num candidato do partido que não fosse José Serra nem Geraldo Alckmin foram paulistanos com mais de 37 anos. “Foi na longínqua candidatura do hoje verde Fabio Feldmann em 1992, lembra?”, questiona.

De acordo com a análise de Mendonça, no entanto, não é justo dizer que a sigla tem problemas para formar quadros competitivos. Afinal de contas, três nomes que eram “tucanos até outro dia” saíram vitoriosos das últimas eleições municipais: Gabriel Chalita (PMDB), que não levou a Prefeitura de São Paulo, mas segundo o colunista, “foi o maior vencedor da eleição”, Eduardo Paes (PMDB), reeleito no Rio de Janeiro, e Gustavo Fruet (PDT), que teve uma surpresa vitória em Curitiba.

Leia abaixo o artigo:

Oligopólio tucano

Desde o ano 2000, antes de Lula chegar à  Presidência, portanto, os únicos dois nomes que o PSDB oferece aos paulistanos em qualquer eleição para prefeito, governador ou presidente da República são José Serra e Geraldo Alckmin.

Economia

O atual governador de São Paulo foi candidato a prefeito na capital em 2000 e 2008. Serra disputou a prefeitura em 2004 e 2012. Antes, já havia tentado em 1988 e 1996. Repare: só eleitores paulistanos com mais de 37 anos de idade tiveram a chance de votar num tucano que não fosse Serra ou Alckmin para prefeito. Foi na longínqua candidatura do hoje verde Fabio Feldmann em 1992, lembra?

Nas eleições para o Planalto ou para o Bandeirantes, a situação é parecida. Em 2002, Serra saiu para presidente, Alckmin para governador. Em 2006, inverteram: Alckmin para presidente, Serra para governador. Em 2010, desinverteram: Serra novamente para presidente, Alckmin novamente para governador.

Hoje acontece a abertura do congresso estadual do PSDB paulista. A expectativa é que Serra apareça e faça seu primeiro discurso após a eleição municipal de outubro. Os tucanos devem aproveitar para discutir estratégias para 2014. Qual é a grande articulação em curso?

Bingo. Dar um jeito para lançar Serra para presidente (a tática agora é falar em prévias ou primárias); e garantir as condições para a reeleição de Alckmin governador.

Nem é justo dizer que o PSDB tem problemas para formar quadros competitivos. Depois do petista Fernando Haddad, o maior vencedor da eleição paulistana foi o neopeemedebista Gabriel Chalita, tucano até outro dia. O Rio de Janeiro reelegeu o prefeito com a segunda maior votação proporcional em capitais, Eduardo Paes, tucano até outro dia. Em Curitiba, a surpresa foi a vitória de Gustavo Fruet (PDT), tucano até outro dia.

Por que eles só conseguiram subir ao primeiro escalão da política após sair do PSDB? Poderia ser um tema para o congresso de hoje. Mas não é.

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