Veja essa: Líder do governador Beto Richa pede que presidenta Dilma demita Gleisi

Inusitado pedido de líder de Richa revela medo de enfrentar Gleisi nas urnas.
Inusitado pedido do líder de Richa revela medo de enfrentar Gleisi nas urnas.
Em artigo, o líder do governo Beto Richa (PSDB), na Assembleia Legislativa do Paraná, deputado Ademar Traiano (PSDB), pede nesta quinta-feira (20) à  presidenta Dilma Rousseff que demita a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, adversária dos tucanos na disputa pelo governo do estado em 2014.

Traiano considera que Gleisi e a própria presidenta “agem contra o Paraná”. Ele ataca as petitas nos campos político e moral, a quem acusa de serem “incompetentes”, “coniventes com a corrupção”, “de politizar a questão da redução da tarifa de energia”, etc.

O tucano, que diz haver um “apagão gerencial” no país, por culpa de Gleisi e Dilma, esquece-se, no entanto, que o último a pregar demissão de ministro — revista britânica ‘Economist’ — acabou fortalecendo ainda mais Guido Mantega na Fazenda.

Resumo da ópera: o tiro do líder de Beto Richa tem tudo para sair pela culatra.

A seguir, leia a íntegra do artigo de Ademar Traiano:

Apagão gerencial

Economia

por Ademar Traiano*

A presidente Dilma Rousseff foi vendida ao eleitor, na campanha de 2010, como uma grande gerente, com insuperável capacidade para chefiar, escolher auxiliares, tocar projetos e fazer acontecer. Dois anos depois, o Brasil assiste a um apagão gerencial. As obras não andam, o PAC empacou, o PIB é ridículo, a inflação não baixa e o governo foi tomado por um ativismo paroxístico e sem rumo.

Tudo no governo Dilma é irreal ou produto do marketing. Por enquanto, um sucesso de público. A faxina ética!, promovida como marca de governo, é um engodo óbvio. Nada a ver com intolerância a corrupção. à‰ a mera demissão de funcionários e ministros corruptos apanhados com a mão na massa ou a boca na botija.

Exemplo de incompetência é a ideia de promover uma reforma atabalhoada e autoritária no setor elétrico, a pretexto de baixar os custos da energia elétrica. Iniciativa tomada quando os apagões vão se tornando uma rotina. O governo só conseguiu derrubar o preço das ações das companhias elétricas, provocou reações nos Estados e terminou com a lamentável politização de um assunto que deveria ser técnico.

Da mesma forma, a utilização da Petrobras como instrumento de política econômica implodiu o valor de mercado da empresa, comprometeu sua capacidade de investimento e ameaça até mesmo o abastecimento do país.!¨

Para o Paraná, todo esse cenário é especialmente preocupante porque nossos ministros (Gilberto Carvalho, Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann) jogam contra o Estado. Gleisi, instalada na porta da presidente Dilma Rousseff, vem politizando a condução do ministério de olho no projeto político de sair candidata ao governo do Paraná em 2014.

Esse projeto eleitoral é um desastre para o Paraná como se viu no PAC das Concessões, que além de não dedicar um centavo para atender demandas paranaenses prejudicava o Paraná com traçados ferroviários que produziriam o desvio de cargas do Porto de Paranaguá. Uma mobilização do governo do Estado e das classes produtoras reverteu esse quadro.

Gleisi, aliás, tem papel chave no apagão gerencial que se transformou na marca registrada do governo Dilma. Além de politizar as relações da União com o Paraná, focada em suas ambições políticas, não demonstra estar à  altura do cargo. A tal ponto que está prestes a ser devolvida ao Senado.

Oficialmente, Gleisi sairá do ministério para preparar sua candidatura ao governo do Paraná. A verdade é que não se deixa o governo com antecedência de 2 anos para trabalhar uma candidatura. E ninguém abre mão de uma auxiliar valiosa com tamanha antecedência. O que aconteceu é que além de se pautar por uma política pequena, rasteira, gerando conflitos com entes federativos, Gleisi simplesmente não deu conta do recado.

Deveria deixar o governo no início de 2013. Pode ter ganhado uma sobrevida porque o sucessor da preferência de Dilma, o advogado geral da União, Luiz Inácio Adams, foi atingido por respingos do escândalo Rosemary.

A manutenção de Gleisi como ministra, no entanto, aparenta ser curta. Dilma pensa na reeleição em 2014 e não pode manter no posto uma ministra que não ajuda e se tornou parte do problema.

Nesta sexta-feira (21) Gleisi estará com o marido, o ministro Paulo Bernardo, em Maringá para a inauguração do rebaixamento da linha férrea, obra que vem sendo acompanhada desde o início pelo casal. A revista à‰poca denunciou, em 2010, que Paulo Bernardo, então ministro do Planejamento de Lula, teria empenhado quase o dobro do orçado para outra obra em Maringá – o Contorno Norte – pela empreiteira Sanches e Tripoloni. Dinheiro liberado apesar da empresa ter sido declarada inidônea pelo TCU.

Em 2010, a empreiteira recebeu R$ 267 milhões em repasses federais. A Sanches Tripoloni contribuiu com R$ 510 mil à  campanha ao Senado de Gleisi Hoffmann. Durante a campanha a Gleisi usou o avião da empreiteira, o King Air, prefixo PR-AJT, segundo à‰poca. A candidatura Gleisi ao Senado em 2010 decolou, a participação no ministério, tudo indica, deve fazer um pouso forçado.!¨

Ademar Traiano é deputado estadual pelo PSDB e líder do governo na Assembleia Legislativa.

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