Reta final: ‘Voto útil’ pode afetar eleição em 5 cidades do Paraná

por José Lazaro Jr, via Folha de Londrina

Nova rodada de pesquisas eleitorais nos quinze dias anteriores à  eleição pode influenciar o votante. Segundo pesquisadores e institutos de opinião pública, o impacto maior é nas cidades onde haverá segundo turno, pois quem não apoia o líder poderia ceder e concentrar votos no candidato com mais chances de derrotá-lo.

”Não procede que o eleitor vota em quem está na frente, pois se fosse assim aquele candidato que larga na frente só cresceria. Isso é bobagem. Pode até acontecer, mas numa pequena proporção. O voto útil, como é chamado, acontece entre aqueles que não querem o primeiro colocado eleito. Se votariam no terceiro, votam no segundo para não anular o voto”, comenta Hélio Gastaldi, diretor de negócios de opinião pública, política e comunicação do Ibope.

Diante deste cenário estão cinco cidades do Paraná, aptas a irem para o segundo turno, por possuírem mais de 200 mil eleitores: Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa e Cascavel. Gastaldi adianta que o Ibope estuda o fenômeno do ”voto útil”, mas é difícil medir individualmente o impacto da divulgação de pesquisas de intenção de voto. ”Existe uma migração maior entre os indecisos, mas que pode se distribuir de várias maneiras. Geralmente ocorre numa proporção parecida com a pesquisa, considerando também a taxa de rejeição”, relata.

Em 1998, na eleição para o governo de São Paulo, Maluf liderava as sondagens e viu o ”voto útil” levar Mário Covas, do PSDB, para o segundo turno. Pesquisas da época não perceberam o crescimento de Marta Suplicy, que aparecia em quarto lugar nas pesquisas e, por apenas cerca de 70 mil votos, não passou para a fase seguinte da eleição. Ela e o tucano receberam os votos do segundo colocado, Francisco Rossi, até então bem colocado nas pesquisas, ocupando o segundo lugar. Na linguagem de campanha, o ”voto útil” fez com que a candidatura dele ”desidratasse”, perdesse substância.

Aliás, outra vitória famosa atribuída ao ”voto útil” havia ocorrido oito anos antes, em 1990, também para o governo de São Paulo. Luiz Antônio Fleury, do PMDB, venceu Maluf, então filiado ao PDS, com o apoio de eleitores do PT e do PSDB, cujos candidatos foram derrotados no primeiro turno. O movimento não foi ”captado” pelos institutos de pesquisa, surpreendendo o hoje deputado federal Paulo Maluf.

Economia

”Temos visto cada vez mais eleições com apelo ao voto útil, com forte utilização da divulgação das pesquisas de intenção de voto e aumento considerável da importância dada à s simulações de segundo turno como elemento de peso na definição de voto, ainda no primeiro turno”, diz a cientista política Fernanda Barth, em estudo sobre o impacto do voto útil em Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul.

Os gaúchos acompanharam dois casos recentes de ”voto útil” que, segundo a pesquisadora, seriam bons objetos de estudo: a eleição para o governo estadual em 2000, quando Germano Rigotto, do PMDB, disparou nas pesquisas após ”demonstrar” nas simulações de segundo turno que poderia vencer o candidato do PT, Olívio Dutra. Ou ainda a derrocada de Rigotto em 2006, já no primeiro turno, quando Yeda Crusius, do PSDB, teria repetido a tática. A tucana recebeu apoio dos mesmos eleitores que haviam votado em Rigotto antes, interessados em derrotar Olívio Dutra, novamente candidato.

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