Campanha de Serra faz cartilha para desqualificar Russomanno

da Folha.com

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A campanha de José Serra (PSDB) produziu cartilha para municiar cerca de 200 cabos eleitorais com informações contra rivais do tucano, principalmente Celso Russomanno (PRB).

No material, Russomanno, que lidera as pesquisas, é comparado ao ex-presidente Fernando Collor –que foi eleito também por um partido pequeno e caiu após suspeita de corrupção– e apresentado como representante do “projeto de poder” do bispo Edir Macedo.

O bispo comanda a Igreja Universal do Reino de Deus, que é ligada ao partido de Russomanno.

A apostila foi produzida para orientar os cabos eleitorais a, nas palavras da própria cartilha, “desconstruir” a imagem de adversários em investidas porta a porta, na casa dos eleitores.

Cerca de 200 cabos eleitorais ligados à  UGT (União Geral dos Trabalhadores) participaram ontem de aulas com base no material, no comitê central de Serra. Eles vestiam camisas da entidade sindical, que nega ter dado o adereço especificamente para identificá-los no evento.

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A apostila mistura informações erradas –diz, por exemplo, que Russomanno declarou patrimônio de R$ 2 bilhões quando, na verdade, o candidato afirmou ter R$ 2 milhões em bens– com notícias e ilações.

O material conta com cinco módulos. Um deles ensina a abordar o eleitor em casa.

Orienta os cabos eleitorais a se apresentar como “representantes de Serra” e a descobrir qual é o candidato do eleitor. Caso seja um rival, a ordem é ‘desconstrui-lo”.

“Use argumentos como: ‘Sabia que o Russomanno se passa por pobre, mas declarou ao Tribunal Superior Eleitoral bens de R$ 2 bilhões?'”.

Em um outro módulo, intitulado “As verdades sobre Russomanno”, a apostila dá “informações” a serem usadas contra Russomanno. Afirma que a primeira “grande reportagem” de Russomanno foi “filmando a morte da própria esposa” e que “em vez de buscar socorro”, o candidato “optou por gravar o drama”.

Na década de 90, Russomanno acusou um hospital de São Paulo de responsabilidade na morte da mulher, filmou seu périplo e agonia pelo hospital e exibiu o caso na TV. Ele processou o hospital, mas perdeu e teve que indenizar a instituição por danos morais.

A apostila ainda compara Russomanno a Collor –“Também era novo, pertencia a um partido pequeno e deu no que deu”– e insinua que, se eleito, Russomanno defenderá interesses da Universal.

“Celso faz parte do projeto político do bispo Edir Macedo”, diz o texto do tucano. “O sonho de Edir Macedo é poder introduzir a Igreja Universal como referência evangélica para os estudantes da rede municipal”, conclui.

Fernando Haddad (PT) também é alvo. A cartilha o trata como “boneco de Lula” e criador da taxa do lixo na gestão de Marta Suplicy.

Criador da apostila e dirigente do PSDB, Edson Marques confirmou o teor da cartilha, mas disse ter suprimido críticas que estavam na apostila da aula. Ele isentou a coordenação da campanha de Serra que, afirma, não aprovou e sequer conhecia o conteúdo do material.

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