Para Fiep, PAC Equipamentos é ‘pouco ousado’

por Victor Lopes, da Folha de Londrina

Edson Campagnolo critica alcance das medidas do governo federal.
A desaleração econômica brasileira justificada pela crise europeia fez com que o governo brasileiro anunciasse ontem mais um pacote de estímulos à  indústria nacional, no valor de R$ 8,4 bilhões. Batizado de PAC Equipamentos – em referência ao Programa de Aceleração do Crescimento – o objetivo é ampliar, a partir do segundo semestre, o investimento na indústria através de compras de diversos produtos, que vão desde caminhões e ambulâncias até veículos lançadores de míssil. Além disso, o Ministério da Fazenda anunciou a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 6% para 5,5%, que serve de base para a correção dos empréstimos realizados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). A queda nos juros também valerá para empréstimos já contratados.

Com a redução dos juros, o governo objetiva estimular a tomada de créditos pelas empresas. Já no que diz respeito ao investimento dos R$ 8,4 bilhões, a presidente Dilma Rousseff afirmou em entrevista coletiva que mais de R$ 6 bilhões não estavam previstos no orçamento deste ano. Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Edson Campagnolo, todas as medidas tomadas pelo governo neste momento acabam ajudando, mas esperava medidas mais ousadas.

”Primeiro não podemos esquecer que estão utilizando dinheiro público para fazer estas compras. Fazer todo este alarde é como pedir esmola com o chapéu alheio”, criticou ele.

Para Campagnolo, outras ações que, segundo ele, foram pré-anunciadas pelo governo seriam mais interessantes, como a desoneração da folha de pagamento e a redução de impostos.

”Desta forma o governo acabaria beneficiando diversos segmentos e não apenas os que trabalham estes equipamentos”, relatou.

Economia

De qualquer forma, o presidente da Fiep comentou que o Paraná deve acabar sendo beneficiado pelo PAC Equipamentos, já que possui indústrias de tratores, implementos agrícolas, retroescavadeiras e ônibus escolares. Durante a coletiva, o governo também deixou claro que irá dar preferência a compra de produtos nacionais.

”à‰ o mínimo que o governo pode fazer. Seria um contracenso querer fomentar a nossa economia comprando estes equipamentos de outros países”, ressaltou Campagnolo.

O presidente da Fiep também disse que a indústria paranaense está realmente desacelerada, como a do restante do País, e se o governo não continuar tomando medidas para o aquecimento da economia, o crescimento do PIB vai ficar bem abaixo do estipulado, que era algo em torno de 4% para 2012. Em suas últimas declarações à  imprensa, o ministro da Fazenda, Guido do Mantega, se comprometeu apenas a um crescimento maior do que o ano passado (2,7%).

Juros

O presidente da Fiep, Edson Campagnolo, comentou também que a redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 6% para 5,5% ao ano não deve empolgar os empresários a adquirir novos empréstimos junto ao BNDES. A taxa, que chegou ao menor patamar da história, é definida trimestralmente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para Campagnolo, antes do empresário tomar crédito emprestado, ele avalia se a economia está em ritmo de crescimento.

”Ninguém é maluco de tomar crédito sem antes ver como esta seu negócio. Se a economia não está se desenvolvendo, a diminuição de juros não auxilia muito”, complementou.

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