Leia a íntegra do discurso de Fruet na conveção deste sábado

Fruet discursa na convenção PDT/PV. Foto: Everson Bressan.
Com grande alegria recebemos em nossa convenção militantes, dirigentes e simpatizantes dos partidos que acreditam e se somam a nosso projeto.

Todos que acompanharam nossa trajetória política sabem das dificuldades que enfrentamos até chegarmos a este momento.

Tenho a confiança de que fizemos as escolhas certas, já que hoje temos pessoas de bem ao nosso lado. Todos têm grande disposição para trabalhar.

Faço um agradecimento especial ao PV, que decidiu fazer esta convenção conjunta e incorpora a estrutura do plano de governo.

Ao PT, o reconhecimento pela forma democrática de suas decisões. Desde a aliança até a indicação da Miriam Gonçalves, o partido todo esteve envolvido.

Agradeço ainda a todos que colaboraram para que tudo estivesse pronto e organizado para nossa convenção, destacando algumas questões que estarão em debate.

Economia

Curitiba sempre foi reconhecida como uma cidade inovadora, que encontrava soluções criativas para resolver seus problemas e manter um bom padrão de qualidade de vida.

O projeto de capital ecológica conquistado pela cidade nos anos 90 estagnou. A urbanização acelerada, associada à  perda da capacidade de inovar com novas ações, levou à  insuficiência dos serviços públicos.

Isso é comprovado pela queda na qualidade dos serviços na saúde, segurança e mobilidade.

A próxima gestão precisará ter um perfil de liderança, diálogo e experiência política. Uma administração que resgate a capacidade inovadora da cidade, com um olhar para o futuro, valorizando os conceitos de economia verde e economia criativa. Que reassuma um caráter mais democrático.

Diante do esgotamento desse modelo, sinaliza-se um novo caminho, que tem como foco as futuras gerações: é a oportunidade de Curitiba fazer sua transição de capital ecológica para capital do desenvolvimento sustentável.

Esse novo projeto urbano protege o meio ambiente, mas também se preocupa com a inclusão social, o crescimento econômico e a eficiência dos serviços públicos da cidade.

O salto para o novo modelo só será possível a partir da coordenação das competências federais !“ centradas nas ações macroeconômicas de combate à  pobreza, distribuição de renda e inclusão social !“ com as competências municipais !“ que promove políticas públicas locais que permitam que cada cidadão realize seu projeto de vida. Essa aliança constitui a própria natureza de desenvolvimento sustentável.

Administrar uma cidade como Curitiba exige grande capacidade e responsabilidade.

à‰ no município que podemos construir alternativas que garantam desenvolvimento, a partir do estímulo a cadeias produtivas vocacionadas dos bairros, que garantam renda, emprego, boa convivência entre os moradores da cidade.

A nova sociedade do conhecimento, da informação, da proteção ao meio ambiente deve ser também a cidade da inclusão social, da redistribuição de renda e da mobilidade urbana. Curitiba pode voltar a ser exemplo para o mundo, ao ter habilidade de dar um passo à  frente e conciliar valores que antigamente eram tratados como antagônicos. à‰ uma nova aliança que coloca o desenvolvimento sustentável no centro do planejamento urbano.

Ao assumir o desafio de disputar a Prefeitura, assumimos também o compromisso de construir um plano de governo que valorize os potenciais de nossa cidade e ajude a resgatar sua capacidade inovadora.

Sob a coordenação do professor de Economia da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Fábio Scatolin, montamos uma equipe de técnicos qualificados nas mais diversas áreas e ouvimos pessoas das mais diferentes regiões da cidade em reuniões e através das redes sociais.

Como já citei, nos últimos anos, Curitiba perdeu qualidade dos serviços públicos nas áreas da saúde, segurança e mobilidade.

Estas áreas exigem uma atenção especial.

A saúde sempre esteve na vanguarda das inovações, mas vem padecendo de problemas crônicos que tomaram proporções incontroláveis. A atenção básica vem sofrendo grandes baixas, notadamente nas áreas mais afastadas. Baixa remuneração, falta de pessoal, falta de programas inovadores. Em decorrência, as unidades de pronto atendimento vem sendo usadas como botes salva-vidas! do sistema onde represam todas demandas reprimidas: falta de consulta da atenção básica, consultas ambulatoriais com especialidades, leitos hospitalares para pacientes crônicos e graves com crescente pressão sobre as equipes do sistema. A estrutura terciária está à  beira de um apagão logístico!, trabalhando com o mesmo número de leitos de há cerca de 20 anos com falta crônica de vagas de terapia intensiva.

Para resolver as deficiências do sistema, de imediato precisamos contratar profissionais, valorização com reestruturação e real plano de cargos, carreiras e salários, educação continuada, fortalecer a atenção básica, ampliar horário de atendimento de unidades básicas, nova pactuação de contratos de gestão, reestruturação da central de leitos, dos CMUMS, melhorar atendimento de alta complexidade, investir em gestão participativa, manter e ampliar programas como o Mãe Curitibana!, fortalecer o Hospital do Idoso ainda incipiente e demandando maiores investimentos, aparelhamento e recursos humanos. Um sistema que tenha resolutividade, eficiência. Responsabilidade com o povo!

Como prefeito, quero assumir responsabilidade pela segurança dos curitibanos. Não é mais possível esperar soluções para a segurança dos curitibanos apenas de iniciativas dos Governos Estadual e Federal. Vamos investir na gestão integrada, ampliação do efetivo da guarda municipal, implantar a academia de formação dos guardas, tecnologia, ampliar o sistema de videomonitoramento e criar o Conselho Municipal de Segurança. E na intervenção urbanística, como prevenção e inclusão.

à‰ preciso também ter ousadia no combate à s drogas e no tratamento de usuários. Hoje, se um usuário procura a rede municipal de saúde em busca de tratamento, os profissionais não têm estrutura adequada para atendê-lo. Vamos mudar esta realidade.

A Prefeitura tem um papel fundamental na educação dos curitibanos. Querer o melhor para as crianças na educação infantil e os estudantes no ensino fundamental, independente das suas condições social, econômica, étnico racial e cultural. Ampliar o investimento na educação infantil com a ampliação de vagas pautadas em continua ampliação da qualidade, dos recursos para garantir a oferta a todas as crianças de 4 a 5 anos e buscar atender a faixa de 0 a 3 anos. O acesso à  educação infantil é um direito da criança e proporciona, principalmente, a mãe a oportunidade de conquistar um emprego formal e a busca de uma maior escolaridade.

Reconhecer o trabalho diário que é feito na educação infantil e no ensino fundamental por educadores, professores. à‰ um capital social que Curitiba pode se orgulhar.

O prefeito deve liderar um grande movimento de ações com o sistema educacional curitibano, da educação básica ao ensino superior, para acelerar a qualificação dos cidadãos curitibanos. A média de anos de estudo de Curitiba é de 8 anos, ainda pouco pelos desafios que temos. Na era do conhecimento, onde o capital humano tem papel preponderante, será necessário que os cidadãos de Curitiba aumentem a escolaridade para uma média de 13 anos até 2018, com qualidade, menor nível de evasão escolar e de repetência.

Mobilizar política de educação de jovens e adultos que gere uma taxa de alfabetização próxima a 100%. Articular a rede educacional e comunidade para reduzir ainda mais o analfabetismo da capital.

Ousadia! Na alfabetização. Ousadia, na erradicação da pobreza.

A mobilidade urbana pode se transformar na grande bandeira desse novo projeto sustentável de administração da cidade. O transporte coletivo reduz os custos econômicos e impactos ambientais. Da construção do metrô à  viabilização de ciclovias em todos os bairros, a mobilidade permite o reordenamento do espaço urbano, integrando e levando desenvolvimento à s áreas mais afastadas do centro.

Graças aos investimentos do Governo Federal, o metrô curitibano pode sair do papel.

Sem dúvida é importante buscar alternativas para o transporte coletivo, mas não podemos deixar de investir na ampliação e modernização do atual modelo. à‰ fundamental investir mais no transporte coletivo e também ampliar o espaço para meios alternativos, caso das bicicletas.

à‰ importante lembrar que o metrô atenderá 13% dos usuários do sistema público de transporte. Os outros 87% continuarão dependendo de investimentos.

Os usuários precisam ser bem tratados. As estatísticas apontam que o sistema de ônibus curitibano perdeu 14 milhões de usuários em 4 anos. Curitiba é a única capital das regiões Sul e Sudeste do país que perde passageiros do sistema de ônibus.

Portanto, só o metrô não resolve o problema.

Assumir e investir em trincheiras e viadutos na linha verde. Enterrar as linhas de transmissão e ganhar novas faixas para o transporte público e ciclovias.

Importante tema no qual nossa equipe tem trabalhado e que pode ajudar muito na resolução do problema da mobilidade é o da descentralização, desconcentração.

Porque forçar as pessoas a passarem pelo centro da cidade todas as vezes que precisarem ir ao trabalho, ao médico ou em busca de serviços públicos?

O conceito da descentralização começou a ser implantado em Curitiba no início da década de 1980, na administração do meu pai, Maurício Fruet, que naturalmente estava nos bairros para ouvir a população. E criou as audiências públicas.Precisamos agora adequar os conceitos da descentralização a atual realidade. Incentivos fiscais, lei de zoneamento, novos investimentos públicos e privados.

A cidade cresceu muito em todas as direções, mas nem todas as regiões receberam os devidos investimentos. Investimento gera desenvolvimento econômico, que gera empregos. Com empregos, serviços públicos, infraestrutura, os moradores de determinada região poderão trabalhar, ter atendimento público e lazer perto de casa, diminuindo os deslocamentos. Atenção especial na região sul.

Jamais esquecer a integração da região metropolitana. Curitiba e estes municípios dividem os mesmos problemas e devem procurar soluções conjuntas.

Medidas isoladas terão apenas soluções temporárias. A impressão que passa é que a capacidade de planejamento foi derrotada pelo imediatismo de interesses menores. Lembre-se do cancelamento do contrato para operação dos radares, depois que a empresa que operava o sistema foi denunciada e que pode gerar um enorme passivo para os cofres do Município.

A terceirização dos espaços públicos neste ano revela falta de estratégia de governo. Trata-se do último ano de gestão e o correto é abrir com clareza a gestão, mas não na pressão do período eleitoral.

Neste ponto, tenho a convicção que o IPPUC pode e deve voltar a ser o órgão norteador do desenvolvimento e crescimento de Curitiba, responsável por seu planejamento físico. Este novo IPPUC, além da análise dos problemas atuais vai dirigir seus olhos para o futuro na busca de novos cenários urbanos resultantes do crescimento, do impacto cada vez maior da região metropolitana, da inovação tecnológica, novas equações econômicas, nova consciência energética e, acima de tudo, da necessidade de gerar espaços que possam ser utilizados e bem pelas pessoas.

Interagir com a área social, cultural e quando necessário, projetando o suporte necessário para implementação dos programas. Com base no capital intelectual e na criatividade em conjunto com Universidades, sociedade civil.

A URBS que perde base técnica voltará a exercer seu papel de administradora do sistema de transporte para aumentar-lhe a eficiência e qualidade, fazendo cumprir os contratos dos consórcios que operam o sistema.

E a secretaria de trânsito criada para solução judicial, será mantida como seu núcleo.

Na área do meio ambiente vamos implantar, a partir de 2013, o inventário anual de emissões de gases de efeito estufa na cidade, divulgá-lo amplamente e estabelecer o programa de redução de emissões, com compromisso mínimo de reduzir as emissões do setor de energia, que inclui o transporte público e a circulação de veículos.

Vamos fazer isso com opções de modais, intervenções no trânsito, viabilizar o plano cicloviário, utilização ampla de combustíveis alternativos na frota do transporte público, incluindo os veículos da Prefeitura.

Trabalhar também pela redução em 20% das emissões do setor de resíduos, por meio de uma forte ação em conjunto com as indústrias.

A partir de 2013, implantar uma rede de proteção a flora e a fauna nativa remanescente na cidade, em conjunto com entidades que atuam no setor, priorizando áreas que possuam valor ambiental, diferente dos parques anunciados nos últimos anos e que até hoje não foram implantados ou concluídos. Fazer nos seis primeiros meses de gestão o inventário destas áreas, para desenvolvermos projetos de rápida implantação.

à‰ urgente que a próxima administração retome o controle da situação, com ações planejadas. Habitação, cultura, esporte, acessibilidade.

A aliança que construímos tem este perfil. à‰ formada por pessoas capazes e que conhecem Curitiba.

Mais uma vez, quero destacar que é uma grande honra poder contar com o apoio do PDT, PV e PT no projeto mais importante da minha vida política.

Nunca é demais agradecer o empenho de todos que assumiram o compromisso de ajudar a construir a Curitiba do futuro. Uma cidade inovadora e de oportunidades para todos.

Agradeço em especial aos pedetistas, que me receberam de braços abertos e deram a oportunidade de concretizar este projeto.

Um projeto tão grande não se constrói sozinho. Por isso, dialogamos com outros partidos e, com empenho, construímos uma aliança competitiva.

O PT, além da militância, traz as ações da presidente Dilma Roussef com a experiência dos programas sociais que ajudaram a melhorar a vida das pessoas. Aproximar distribuição de renda com qualidade de vida local. Contar com o indispensável apoio da Senadora Gleisi com quem honrosamente disputei o Senado, e hoje ocupa uma das mais importantes funções da República. E agradecer a indicação da Miriam Gonçalves para compor a chapa majoritária. Debate democrático. E pela primeira vez entre mulheres. Este talvez seja o maior e melhor sinal sobre igualdade.

O PV tem uma identidade consolidada que poucos partidos possuem. A bandeira da sustentabilidade consolida o projeto que estamos construindo para nossa cidade.

Em Brasília, combati a corrupção. Na minha trajetória como deputado federal, participei dos processos de cassação de quatro parlamentares. Um do PMDB. Um do PP, um do PTB e um do PT.

A corrupção ou seu combate, não tem partido.

Ser candidato a prefeito de Curitiba sempre foi um desafio. Este projeto não é pautado só por determinação, mas também pelo incentivo dos que acompanham minha trajetória e pela vontade, que herdei do meu pai, de ajudar a construir uma cidade mais humana. Uma missão!

Assim foi com a eleição de vereador e nos três mandatos de deputado federal, sendo que nas duas últimas eleições obtive a maior votação na capital e na última a maior votação no Paraná.

Em 2010, quando recebi mais de 650 mil votos em Curitiba e fui o candidato a senador mais votado em nossa cidade, esse projeto amadureceu e ganhou força.

Além da experiência de 12 anos na Câmara Federal, tenho me dedicado nos últimos dois anos ao contato com pessoas que estão ajudando na construção do projeto da Curitiba do futuro.

Quero trabalhar para a identidade da Curitiba humana, participativa, inovadora. Está na hora de um novo ciclo.

Iniciamos hoje, a partir da convenção, uma caminhada na qual enfrentaremos forças poderosas, interesses arraigados e que não medirá esforços para permanecer.

Este desafio exigirá todo nosso empenho.

A determinação e o trabalho de cada militante serão fundamentais para nossa vitória.

A vitória dos que ainda se permitem sonhar com uma cidade segura, com serviços públicos de qualidade e justiça social.

Curitiba é uma cidade maravilhosa porque é feita de mulheres e homens honestos, trabalhadores, mas pode ser ainda melhor!

Obrigado a todos e que Deus nos abençoe nesta caminhada.

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