Em terceiro nas pesquisas, Ducci proclama: Candidatura mais forte é a minha!

via jornal Metro

Prefeito Luciano Ducci (PSB). Foto: Rodrigo Félix Leal/Metro.
A edição desta segunda-feira (25) do jornal Metro traz entrevista com o prefeito Luciano Ducci (PSB), candidato à  reeleição com o apoio de 15 partidos políticos.

Na entrevista, Ducci admitiu estar em terceiro lugar nas pesquisas de opinião, no entanto, num ataque de modéstia cravou essa: “Acho que a candidatura mais forte é a minha”.

O prefeito também deu uma canelada no adversário Gustavo Fruet (PDT), sem citá-lo nominalmente, quando explicou como reverteria a desvantagem. Segundo Ducci, mostrando o seu trabalho. “Tem gente que está há um ano e meio sem trabalhar”, fuzilou.

A seguir a íntegra da entrevista com o prefeito Luciano Ducci:

Luciano Ducci ocupa o cargo de prefeito de Curitiba há pouco mais de dois anos. Eleito como vice de Beto Richa em 2004 e 2008, ele ainda enfrenta o desconhecimento de boa parte do eleitorado. Na corrida deste ano, aparece em terceiro na preferência dos eleitores. Mas confia na campanha e na apresentação de suas obras para reverter o quadro e chegar ao segundo turno.

Economia

Por que o eleitor deve manter o senhor na prefeitura?

Pelo desenvolvimento que a cidade vem tendo. O grande indicador da nossa gestão é a diminuição da pobreza e da miséria. Curitiba foi a cidade que mais diminuiu pobreza e miséria, segundo a Fundação Getúlio Vargas e o Ipea. Nós diminuímos 65% de pobreza e miséria, e o Brasil diminuiu de 42% a 45%, que é bastante também. Temos a menor taxa de desemprego do país, já por um bom tempo. Conseguimos chegar no quarto PIB do país. E nós temos hoje o maior salário médio. São indicadores muito fortes que se somam aos da área social: a menor taxa de mortalidade infantil e uma das melhores educações básicas do Brasil.

A redução da miséria e o menor desemprego resultam de ações da prefeitura?

A prefeitura fez todo o processo de articulação para que isso acontecesse. O programa Família Curitibana!, por exemplo, foi buscar mais de 7 mil famílias em áreas de extrema pobreza. Construímos 45 Cras, os Centros Regionais de Assistência Social, nos bairros mais periféricos da cidade. Montamos 13 barracões do Eco Cidadão com cooperativas funcionando. E agora, em parceria com o BNDES, vamos implantar mais 13 desse modelo, que atende os coletores de material reciclado, com 502 carrinhos elétricos e carrinhos convencionais, uma novidade para a cidade. E temos o Armazém da Família, que hoje atende mais de 200 mil famílias por mês, com uma redução de 30% no preço dos produtos de primeira linha, coisa que não acontecia antes. Na educação infantil, na primeira gestão, foram quase 10 mil vagas; agora nesta gestão são mais de 10 mil vagas sendo abertas. Temos 31 liceus em Curitiba que trabalham na capacitação profissional. Tem o programa Bom Negócio!, que formou mais de 12 mil pessoas.

O que a população pode esperar de um novo mandato?

Temos que consolidar o que está acontecendo neste momento. São muitas obras importantes. Com o pacote de obras até o final de 2013, a cidade vai estar bem encaminhada. Tem o metrô que deve começar as suas obras no final do ano. Muita gente fala do transporte coletivo da cidade, que não tem inovação. Mas Curitiba avançou bastante. Nós temos o Ligeirão, exemplo claro de mudança de modelo, o desalinhamento de estações para fazer um processo mais rápido de transporte. Já está no Boqueirão, Centro, Pinheirinho, Linha Verde, Centro. Já estamos fazendo a linha Santa Cândida-Centro. Ano que vem a linha Centenário-Campo Comprido. E o Ligeirão é movido a biocombustível,
40% menos poluente que o diesel. Agora, lançamos na Rio+20, o ônibus híbrido, hibrielétrico. A parte a diesel é a biodiesel, que diminui a emissão de gases de efeito estufa em 90%. E já começa por cinco linhas em Curitiba no final de agosto. Começa pelo Inter 1, Vicente Machado-Detran, àgua Verde-Abranches, Guanabara-Mercês e Ahú-Los Angeles.

Haverá novos projetos para os ônibus?

A gente precisa continuar avançando. Nós temos os corredores de transporte bem definidos, mas também outra parte que transita nas ruas junto com os veículos, que causam um certo atraso no deslocamento, em especial nos horários de pico. Já temos o projeto pronto para implantarmos as faixas exclusivas para os ônibus. Elas vão ter tachões e horários em que somente os ônibus circularão, vai ter fiscalização eletrônica. Este projeto pega todo o Inter 2. E também estamos fazendo a integração temporal de algumas linhas. Todo o eixo das estações-tubo da Linha Verde agora vai estar com integração temporal. O sistema de transporte de Curitiba é 92% integrado. Nós vamos chegar a 96%, 97% de integração nos próximos anos.

O que está sendo planejado para a Saúde?

Saúde é um desafio grande. Mas o sistema público de saúde, no Brasil, é um dos mais avançados do mundo. E Curitiba é uma cidade de referência. Tem desafios, lógico. As unidades 24 horas passaram por um momento de transição, e hoje a situação está bem calma. Acabei de inaugurar agora o primeiro raio-X digital em unidades 24 horas.

Curitiba é a primeira cidade do Brasil que vai ter uma rede de raios-X digitais, acoplados a uma central de laudos, no Hospital do Idoso, que vai viabilizar o laudo em tempo real. Da mesma forma como a gente enxergou, lá atrás, a necessidade de fazer um programa como o Mãe Curitibana!, para reduzir a mortalidade infantil e dar um atendimento de qualidade para a gestante, agora, temos o Hospital do Idoso, até por conta do aumento da expectativa de vida.

E em pronto-socorro?

Precisamos agora avançar na região norte da cidade. Temos três prontos-socorros, que estão superlotados, em Curitiba: o Evangélico, o Cajuru e o do Trabalhador. Já conversei com o governador Beto Richa. Nós estamos montando uma equipe técnica para discutir já a estruturação e o projeto de um hospital, um pronto-socorro para a região. Com centro cirúrgico, UTI, internamento, para atender também a região metropolitana.

A maior queixa é a demora no atendimento na saúde por falta de médicos. A prefeitura está com dificuldade de contratar médicos?

Contratamos 550 médicos. Acredito que com mais 70, 80 médicos a gente preencha o quadro necessário para a área de urgência.

E em quanto tempo eles estarão trabalhando?

Eles já estão trabalhando. Muito se fala da demora, da falta de atendimento. Mas as pessoas não percebem o número de consultas médicas que são realizadas em Curitiba. São quase 400 mil consultas por mês, entre especializada, retorno, urgência, emergência e consulta básica. E não é consulta de enfermagem, é consulta médica. à‰ bastante.

Quanto disso vem da região metropolitana?

Algumas unidades 24 horas tem até 50% do atendimento. E temos outro dado em Curitiba: 13 mil internamentos por mês pelo SUS. Isso dá 400 internamentos todos os dias. Tem hospital que atende mais de 2 mil pessoas por dia.

E a maioria passa pelas unidades de saúde?

Boa parte passa pelas unidades de saúde, outros pelas áreas de pronto atendimento, outros por urgência e emergência. à‰ um sistema que tem toda a fluidez. E, lógico, à s vezes isso acontece, as pessoas reclamam na demora da consulta especializada. à‰ o caso da ortopedia, que tem uma demanda muito grande. Mas os casos que são de urgência e emergência não deixam de ser atendidos. Normalmente quando a consulta especializada é eletiva, o tempo de espera é maior, como é no Canadá, em Londres, nos Estados Unidos.

As obras do PAC da Copa estão começando agora. Não está tarde?

Não, dá tempo tranquilo. A Copa do Mundo é um momento importante, estratégico para a cidade. Nós viabilizamos recursos que não viriam se não estivéssemos na Copa. Muita gente critica a Copa do Mundo em Curitiba, muita gente é contra. Eu sou super a favor.

O que não viria para Curitiba se não fosse a Copa?

Por exemplo, a reforma da rodoviária. Não viria o viaduto estaiado, a nova Marechal Floriano, os recursos para a Linha Verde Sul, todo esse sistema que envolve os centros de operação do trânsito, os painéis que estão sendo implantados. E a parceria com o governo do Estado, de onde tem vindo recursos para a Carlos de Carvalho, a Fagundes Varela, a Augusto Stresser, São Francisco, Av. Batel. Daqui a pouco vem Salgado Filho, Raul Pompeia, Carlos Klemtz, Manoel Ribas. As obras do anel viário central, que estão ficando prontas. Curitiba passa por um momento de mudança de patamar. O anel viário já tem ajudado bastante.

Na questão viária, há o aumento da frota.

Aumentou bastante, mas não é um fator negativo, é positivo. Aumentou porque a renda do brasileiro melhorou. Muita família que nunca teve carro na vida, tinha o sonho de ter o seu carro e está tendo. A frota em Curitiba é a maior do Brasil. Isso se explica até pelos indicadores. Maior diminuição de pobreza e miséria, maior renda média, menor taxa de desemprego, mais serviços públicos.

Existem muitas críticas sobre a lentidão na Linha Verde. Tem solução?

Quem conhece Curitiba sabe como era a Linha Verde antes. Eu conheci a BR-116 quando tinha uma pista só. Depois ela foi duplicada. Mesmo assim, a Linha Verde já estava intransitável e não tinha pistas laterais. Você imagina se nós não tivéssemos tido a coragem, a determinação, quando assumimos a prefeitura, de buscar um dinheiro que estava perdido. O dinheiro do BID estava perdido, a licitação estava fracassada, judicialmente sem condições de dar prosseguimento. O Beto (Richa) foi para Nova York, no BID, e conseguiu reaver o dinheiro e licitá-la de forma muito rápida, com os projetos existentes. Pegamos o dinheiro que, quando foi captado, tinha um valor em dólar, e depois caiu pela metade. Mas fizemos essa obra que transformou aquela região. Estamos dando continuidade a ela, agora com recurso da Agência Francesa de Desenvolvimento, para chegar até a Victor Ferreira do Amaral. Temos uma parte do recurso para fazer do Atuba até o Solar. Agora nós estamos lançando títulos na Bolsa de Valores, o que também foi uma grande inovação. A gente começa vendendo R$ 60 milhões em Cepacs para licitar as obras que vão da Victor Ferreira do Amaral ao Solar.

Com quais partidos o senhor conta?

A coligação hoje já tem PSB, PSDB, DEM, PP, PTB, PSD, PRB, PRP, PSL, PMN, PHS. São 13 ou 14 partidos.

Já desistiu do PMDB?

O PMDB tem uma discussão interna, acredito que eles vão ter candidatura própria. Se fosse uma questão consensual de apoio do partido à  minha candidatura, tudo bem. Mas uma discussão que polemize não traz vantagem nenhuma.

E o PPS?

Nós estamos conversando.

O vice como fica?

O vice vai ser definido depois desta edição.

Na segunda-feira passada o senhor esteve no Ministério Público, em função da notícia da revista Veja que o acusou de enriquecimento ilícito, e disse que “a campanha começou da pior maneira possível”. O que o senhor está esperando desta campanha?

Espero que seja uma campanha de discussão de ideias, de propostas. Sabia que poderia haver muitas críticas sobre a forma de administrar a cidade. Mas não esperava que fosse começar por onde começou, de forma tão baixa, com agressões e questões particulares e de família, envolvendo mulher, filhos. Eu acho isso muito baixo.

A notícia teve a ver com campanha?

Foi campanha, não tenho dúvida. Tem até endereço e digital, mas não cabe citar, a gente sabe quem é. Já conhece a prática e o modelo.

E o senhor está preparado para essa campanha?

Eu estou muito tranquilo, porque a gente tem o que mostrar, uma gestão muito sólida, consistente, com resultados espetaculares, que não dá para comparar com os de outras cidades. Com propostas inovadoras para Curitiba. Da minha parte, não vai haver bate-boca. Da minha parte não vou agredir. Agora, não vou aceitar ser agredido.

O senhor considera que foi agredido neste caso? E a denúncia feita?

Totalmente agredido. A matéria foi caluniosa. Estamos tomando uma atitude.

Em tese, os pré-candidatos mais fortes são aliados do governo federal. Mas, na prática, o seu grande aliado é o governador Beto Richa. Quem está mais forte para ajudar na campanha? O governo federal ou o governo do Estado?

Acho que a candidatura mais forte é a minha. Ela tem hoje um apoio muito sólido do governo do Estado, com o governador, como também uma parceria com o governo federal. Eu tenho uma parceria construída, tanto do meu partido nacional, quanto com o ministro de Integração Nacional e outros ministérios. A gente tem tido um acesso muito grande e viabilizado recursos que a cidade nunca viabilizou na sua história. Nunca Curitiba conseguiu pegar R$ 1 bilhão no governo federal, a fundo perdido, para fazer uma obra. Nunca Curitiba foi ao Ministério do Planejamento e trouxe R$ 150 milhões a fundo perdido, para a cidade. Em outras áreas, como o PAC da Copa, tenho ido e conseguido os recursos. Por isso, a cidade está um canteiro de obras. Eu quero conseguir as coisas para a cidade, com projetos.

Tem gente que critica o Ippuc, mas nem sabe o que é, nunca entrou no Ippuc, não conhece os técnicos, não sabe o que faz. Tem técnicos e funcionários que entendem a cidade como poucos.

Na única pesquisa eleitoral divulgada até agora o senhor aparece em terceiro lugar. Tem pesquisas próprias?

Acho que continuo em terceiro, com uma boa aprovação, numa faixa de 70%. E como reverter isso para ir para o segundo turno? Durante a campanha cada um mostra o que conhece da cidade, suas propostas, suas realizações, o que fez na vida. Como trabalha, se não trabalha. Tem gente que está há um ano e meio sem trabalhar, por exemplo. Não sei como a pessoa consegue ficar tanto tempo sem trabalhar. Estamos acostumados a trabalhar de manhã até a noite. Vamos mostrar isso na campanha. E a população vai decidir.

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