Crise no capitalismo: Europa nacionaliza banco da Bélgica

via Folha

França, Bélgica e Luxemburgo anunciam acordo para nacionalizar o belga Dexia.
Os governos de França, Bélgica e Luxemburgo anunciaram, ontem, ter chegado a um acordo a respeito da nacionalização do banco Dexia.

A instituição -o maior banco belga- é vista como primeira vítima da crise da dívida grega. A Bélgica deve pagar € 4 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) pela medida, que nacionalizará o braço do banco que opera no varejo.

Mais detalhes dessa operação de resgate devem ser divulgados nos próximos dias.
A situação financeira dos bancos europeus é um dos pontos de maior preocupação no bloco, diante da possibilidade do calote grego.

Parte dessas instituições reúne papéis da dívida grega. Um colapso contaminaria toda a região do euro. A recapitalização é vista como uma forma de proteger os bancos.

DàVIDA

Economia

Analistas avaliam que o resgate do Dexia deve ter impacto positivo na abertura das Bolsas na Europa, hoje.

Mas a nacionalização preocupa, por outro lado, por aumentar a dívida da Bélgica -que já deve o equivalente a mais de 96% de seu PIB.

A participação da dívida belga em relação ao PIB do país é menor apenas do que a grega e a italiana.

A agência de classificação de risco Moody’s alertou, na sexta-feira, que poderia diminuir a nota do país caso um resgate ao banco aumentasse o custo dos empréstimos. Hoje, a nota belga é Aa1, uma das mais altas.

O Dexia já havia estado em grave apuro em 2008, quando precisou de outro resgate econômico, no ápice da crise financeira mundial.

O banco tem exposição a dívidas globais estimada em US$ 700 bilhões (R$ 1,2 trilhão). Na semana passada, suas ações despencaram, à  medida que a situação indicava o caminho do colapso.

ENCONTRO

Paralelamente ao anúncio do resgate ao banco belga, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente francês, Nicolas Sarkozy, prometeram ontem apresentar, até o final deste mês, novas medidas para solucionar a crise da dívida na zona do euro.

O pacote negociado conjuntamente tem a intenção de trazer uma resposta “sustentável” para a dívida que assola a Grécia e um acordo para a aguardada recapitalização dos bancos europeus. Inclui, também, um plano para acelerar a economia da região.

Pressionados por repórteres, os líderes se negaram a fornecer os detalhes da ação. As duas maiores economias da zona do euro têm sido pressionadas para resolver a crise que vem derrubando mercados em todo o mundo.

“Temos plena consciência de que França e Alemanha têm uma responsabilidade particular em estabilizar a zona do euro”, disse Sarkozy.

CONSENSO

O presidente francês afirmou também que optaram pela divulgação do pacote no fim do mês por conta da cúpula do G20, marcada para os dias 3 e 4 de novembro.

Sarkozy vai receber a cúpula do G20 em Cannes. O sucesso da negociação pode ter efeito positivo em sua campanha à  reeleição, em 2012.

Mesmo em sintonia, Merkel e Sarkozy têm obstáculos à  frente e podem não obter consenso com os outros 15 representantes na reunião.

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