Artigo de Nilton Bobato: “PCdoB do Paraná: Partido em transformação”

por Nilton Bobato *

Vereador Nilton Bobato.
A construção do PCdoB do Paraná é uma história acidentada, assim como é a própria formação da sociedade paranaense, conservadora por excelência, multicultural, organizada por macrorregiões delineadas por fatores econômicos, geográficos e culturais. História acidentada como a própria esquerda local. Nos últimos meses, no entanto, o PCdoB paranaense vem experimentando uma nova e alvissareira etapa.

O Partido enfrentava um grave problema de projeto político e de direção. Na contramão do que acontecia na maior parte do país, o PCdoB paranaense não conseguia se firmar como Partido capaz de influenciar a vida no Estado. Esta crise mostrou sua face mais transparente no processo eleitoral de 2010, quando a falta de perspectivas e de um projeto unitário e coletivo, levou a uma derrota eleitoral sem precedentes. Para muitos, uma tragédia anunciada.

Respeitando as instâncias partidárias, vários militantes construíram uma mobilização interna para defender a realização de Conferência Extraordinária, com o intuito de mudar a direção atual, debater um novo projeto político e construir um rumo para os comunistas paranaenses. Este caminho foi debatido no Documento Base da Conferência Extraordinária, apresentado ao conjunto do Partido em fevereiro.

Com a participação do Comitê Central, do Presidente Renato Rabelo (em vários momentos) e do secretário de Organização, Wálter Sorrentino (em todo o processo), os militantes que queriam construir Partido participaram entusiasmadamente e esperançosos das etapas da Conferência, que aconteceu no dia 30 de abril, elegeu a atual e renovada direção e definiu que o vice-prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro, deveria liderar esta nova era do Partido no Paraná.

Ao assumir, o novo presidente estadual constatou que o problema era muito maior do que a falta de projeto político ou perspectivas para a organização partidária no Estado. Havia divisões internas muito fortes, um distanciamento generalizado da direção estadual com a maioria dos municípios e principalmente dos vereadores e dos membros com cargos executivos em prefeituras. Não havia qualquer relação institucional com estas direções intermediárias.

Economia

Cinco meses depois da Conferência Extraordinária, é notório perceber que o Partido está em transformação. Com um grande esforço de mobilização e organização, a nova direção estadual conseguiu estabelecer relações institucionais e de liderança política com a maioria dos municípios. Neste período os comunistas organizados em suas cidades realizaram as conferências municipais, estabeleceram projetos políticos para 2012, com prioridades e definições claras de caminhos a seguir.

Neste projeto, municípios polos como Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Cascavel, São José dos Pinhais, Apucarana e tantos outros se planejaram para, pela primeira vez, lançarem chapas próprias para as câmaras municipais nas eleições de 2012, alguns deles como Foz do Iguaçu, Ponta Grossa, Pato Branco e Piraí do Sul, apresentam pré-candidatos a prefeito com possibilidades reais de conquistarem as prefeituras no próximo ano.

Mesmo Curitiba, onde o projeto político envolve várias nuances e onde o Partido paga o maior preço pela falta de rumo dos últimos anos, o PCdoB avançou nos últimos meses, conquistando novas e importantes adesões que já alicerçam um viável projeto eleitoral para 2012, assim como Maringá, Cianorte, Guarapuava, Francisco Beltrão e outras importantes cidades paranaenses.

Mas esta mobilidade, que estava adormecida, e esta amplitude está sendo construída com foco nos princípios do Programa Socialista e na construção orgânica do Partido. Não se trata apenas de um projeto eleitoral, mas um projeto político, que assim como inclui um projeto eleitoral, inclui um projeto de formação, de planejamento estratégico, de Política de Quadros e de forte atuação nos movimentos sociais.

Estamos construindo o PCdoB que o Paraná precisa.

* Nilton Bobato é vereador do PCdoB em Foz do Iguaçu (PR), membro do Conselho Nacional de Política Cultural, professor e escritor.

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