Mensalão na Assembleia tucana de São Paulo

Relatos reforçam esquema de emendas na Assembleia de SP

da Agência Estado

Dois deputados da Assembleia Legislativa de São Paulo citam episódios que reforçam a acusação do deputado Roque Barbiere (PTB) de que há colegas que vendem emendas parlamentares. Os fatos foram vividos e relatados pelo deputado licenciado e secretário de Meio Ambiente, Bruno Covas (PSDB), e pelo deputado Major Olímpio (PDT). O primeiro é governista; o segundo, de oposição.

Em entrevista ao Estado, há cerca de um mês, Bruno Covas mencionou oferta de propina que lhe fizeram pela liberação de uma emenda. O secretário falava sobre corrupção na máquina pública quando abordou a questão. Indagado sobre os mecanismos que poderiam coibir desvios, disse que dar “exemplo” era a melhor coisa. “à‰ o primeiro “não” que segura os avanços e solicitações. E, depois, ninguém mais faz nenhum tipo de proposta.”, declarou, durante a entrevista.

Na sequência, indagado se já havia passado por alguma situação envolvendo corrupção no exercício do mandato na Assembleia, Bruno respondeu: “Ah, já. Uma vez, consegui uma emenda parlamentar de R$ 50 mil para obra de um município. Assinamos o convênio e depois o prefeito veio perguntar com quem ele deixava os 5 mil”, contou o secretário. “Respondi: “Doa para a Santa Casa, eu que não vou ficar com isso”. Não sei se ele contou para os outros, mas foi o único caso que eu tive na Assembleia”, completou, sem dar o nome da cidade que recebera a verba.

Economia

Na sexta-feira, o Estado procurou a assessoria de Bruno Covas para questioná-lo sobre as declarações, pois o jornal publicara, no mesmo dia, reportagem com as afirmações de Barbieri sobre o esquema de desvios nas emendas. A assessoria disse que o secretário não iria citar o nome do prefeito, mas não retirava as declarações sobre o assunto, que tinham sido dadas a título de exemplo sobre situações envolvendo tentativa de corrupção.

Repasse. Já Major Olímpio contou ter ouvido do presidente de uma entidade o relato sobre a artimanha usada por alguns deputados para ficar com parte da verba de R$ 2 milhões a que têm direito. O artifício consiste em dizer ao representante da associação beneficiada pela emenda parlamentar que precisará repassar parte da verba a outra entidade, a qual não tem a regulamentação em dia e, portanto, não poderia receber dinheiro público.

“Segundo esse relato, a abordagem de alguns parlamentares é de sempre ter uma entidade não completamente regularizada e de o deputado se comprometer a fornecer um valor de emenda, desde que haja um retorno para ajudar a entidade que não tem declaração de utilidade publica ou o pró-social”, afirmou Olímpio.

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