Em Londres, Lula defende ‘nova governança global’ contra crise

da BBC Brasil em Londres

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez nesta terça-feira em Londres uma defesa firme de uma “nova governança global”, sustentando que a solução para a crise econômica é “política” e que os países ricos “já não têm a mesma influência” no mundo.

“Nesse mundo globalizado, é necessário criar uma nova governança global”, disse Lula, em um evento promovido pela revista britânica The Economist sobre os mercados emergentes de alto crescimento.

“Nós não podemos estar com o mundo globalizado do jeito que está, e cada país tomando as suas decisões de forma unilateral, sem medir as conseqà¼ências que isso trará para outros países. à‰ preciso que haja mecanismos multilaterais (onde os líderes) possam se reunir e tentar harmonizar (as soluções).”

Lula criticou uma suposta inércia dos governantes dos países em crise, afirmando que este é o momento de tomar decisões políticas, não apenas econômicas.

“A hora é a hora da política. Os dirigentes que foram eleitos, que sentem em torno de uma mesa e comecem a pensar”, disse.

Economia

“Tem muitos dirigentes que não estão acostumados a viver com crise. Quando você tem crise, não resolve com decisões econômicas, e sim com decisões políticas. O que está faltando são decisões políticas do que fazer com a crise”, criticou.

“Sem nenhum menosprezo, mas eu acho que se a gente não tiver um novo entendimento sobre uma nova governança global, que reúna os países mais importantes do mundo, a gente não vai encontrar soluções fáceis para s problemas difíceis.”

Má condução

O compromisso de Lula em Londres foi o último de sua viagem de uma semana pela Europa, onde recebeu homenagens e participou de eventos. Ao longo da semana, abordou os mesmos temas que costumava abordar em viagens internacionais em oito anos de mandato.

Ele disse que a atual geração “aprendeu que o mercado resolve tudo. Não precisava de presidente, o marcado resolvia”.

“Agora que o mercado não resolveu, está na hora da política. E isso são as pessoas eleitas dizerem como é que vão cuidar do mundo”, sustentou

Na terça-feira, em Paris, o ex-presidente já havia criticado a condução política dos dirigentes do mundo desenvolvido. Nesta sexta, reforçou a ideia de que “a crise não pode continuar sendo tratada do jeito que está sendo tratada”.

Parte do problema se deve, segundo o brasileiro, ao fato de os países ricos “não levarem em conta que sozinhos já não têm a mesma importância que tinham nos anos 1980”.

“Como você pode imaginar que pode discutir economia se você não leva em conta os outros atores que estão aí, a China, o Brasil, a América do Sul, a àfrica?”, questionou.

O ex-presidente fez uma defesa do G20, o grupo que reúne não apenas os países mais industrializados do mundo como também os principais emergentes, como um “fórum capaz de orientar o mundo econômico”.

Ele questionou, no entanto, a transparência dos líderes mundiais que, nas reuniões do grupo, “agem como se seus países estivesses na melhor situação do mundo”.

“Nas reuniões do G20, parece que não existe problema”, brincou.

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