“Vadias na rua: poder público, a culpa é sua!”

* Segundo o movimento, Lei Maria da Penha não está sendo cumprida no Paraná – o terceiro estado que mais mata mulheres

Fotos: Ana Paula Braga Salomon.
No próximo dia 14 de julho, a partir das 11 horas da manhã, com concentração no Passeio Público, as vadias de Curitiba voltarão à s ruas para reivindicar direitos da mulher.

Há um ano cerca de mil pessoas compareceram à  primeira edição da Marcha das Vadias, realizada na busca da reflexão sobre a culpabilização da mulher em casos de agressão sexual.

Os debates foram intensos acerca do nome, da validade do movimento, da participação das mulheres negras, do caráter elitista do grupo, da participação masculina, do apoio à s prostitutas, da causa LGBTT e do movimento feminista curitibano.

Pelas redes sociais na internet, foram mobilizadas 30 mil pessoas em torno da discussão sobre agressão sexual. Diferente, ousada e artística, a marcha foi considerada um dos eventos mais bonitos da cidade. A reivindicação foi colorida, lúdica e com diversas atrações culturais o que será repetido na marcha deste ano.

A seguir, leia os dados sobre a violência contra a mulher e a omissão do poder público:

Economia

Por que precisamos de uma Marcha das Vadias novamente?

Do período pós-marcha até os dias de hoje, as vadias continuaram suas ações; fomos à s ruas, ocupamos a Boca Maldita todas à s sextas-feiras, discutimos o machismo da política paranaense, nos manifestamos a favor da descriminalização do aborto e contra a banalização da violência sexual na TV.

Comemoramos o Dia do Laço Branco, da Não-Violência, criamos campanhas de conscientização pelo fim da violência de gênero. Participamos da Conferência Municipal de Políticas Públicas para Mulheres, fizemos parte, juntamente com outros coletivos, da organização da Marcha das Mulheres do Campo e da Cidade, assim como também fizemos parte da criação do relatório da CPMI da violência contra a mulher, com audiência no dia 25 de junho, na Assembléia Legislativa do Paraná.

Missão cumprida? Não, estamos muito longe disso. Os números da violência de gênero crescem a cada dia, no Brasil e em nossa cidade.

No nosso país quase 2,1 milhões de mulheres são espancadas por ano, sendo 175 mil por mês, 5,8 mil por dia, 4 por minuto e uma a cada 15 segundos. Em 70% dos casos, o agressor é uma pessoa com quem ela mantém ou manteve algum vínculo afetivo. As agressões são similares e recorrentes, acontecem nas famílias, independente de raça, classe social, idade ou de orientação sexual de seus componentes.

Somos o sétimo país, o terceiro estado e Piraquara a segunda cidade que mais mata mulheres no País.

O Brasil é o 7!° país do mundo que mais mata mulheres. O Paraná é o 3!º estado no ranking e Piraquara é a 2!º cidade brasileira com maior número de assassinatos de mulheres.

O Paraná é o segundo estado mais homofóbico do país. Em Curitiba a cada 1 dia e !½ uma pessoa LGBT é brutalmente assassinada.

Em 2011, no Paraná, mais de 17 mil mulheres foram agredidas e mais de 4 mil foram vítimas de crime sexual. Em 2012, quase 5 mil mulheres foram vítimas de violência. Em Curitiba, 115 mulheres foram assassinadas em 2011 e 30 mulheres foram mortas no início de 2012.

Sabemos que estes números são ainda maiores, pois muitas vítimas não denunciam seus agressores. A maioria das agressões (física, sexual, psicológica) ocorre em casa e desde criança estamos sujeitas a elas.

Após a CPMI da violência contra a mulher concluímos que o Paraná não está cumprindo devidamente a Lei Maria da Penha, os poderes responsáveis por contornar esses dados e oferecer os índices e estatísticas não dialogam entre si, o descaso em relação aos altos números de agressões e até mortes no estado é assustador.

Criamos uma sociedade que tolera a violência e que atribui a culpa à  própria vítima. à‰ essa cultura machista que queremos transformar. Lutamos para que a mulher deixe de ser vista como um mero objeto e passe a ser vista como uma pessoa, com direitos e vontades.

Para que isso seja possível, precisamos de políticas públicas voltadas à  saúde, educação e segurança, além de um amplo debate com toda a sociedade. Este é o primeiro passo para que possamos finalmente reverter esse quadro.

Por isso acreditamos que precisamos, sim, levar as Vadias novamente à s ruas, para mais uma vez mostrar a toda a cidade que não iremos nos calar.

Roteiro da Marcha:

Artística, irreverente e colorida, como no ano passado, o roteiro deste ano segue o mesmo fluxo, mas com atrações diferentes, em ano de eleição o mote principal são as políticas públicas para a mulher e essa discussão será levantada durante o trajeto, além da especial homenagem as mulheres latino-americanas e as brasileiras.

Ato 1 – “Vadias na rua: poder público, a culpa é sua!”

Local: Passeio Público
Atividades:
Entrevista com candidatas à  Câmara e à  Prefeitura
Diálogo sobre Violência Obstétrica
Leitura do Manifesto

Ato 2 – “As Trans são nossas irmãs”
Local: Praça 19 de Dezembro
Atividades: Performance – Gustavo Bittencourt

Ato 3 – “Maria Maria”
Local: Praça 19 de Dezembro
Atividades: Lavagem simbólica da Mulher Nua
Resgate da nossa dignidade

Ato 4 – “Somos todas clandestinas”
Local: Estátua de N. Senhora da Luz
Atividades: Ato simbólico – flores para as vítimas do aborto clandestino

Ato 5 – “Streep Mob”
Estátua da Maria Lata d’água (Paço Municipal)
A violência contra a mulher
Ato simbólico – Streep tease coletivo
Trilha sonora: Não Vadeia – Clementina de Jesus

Ato 6 – “Tribuna Livre”
Local: Boca Maldita
Atividade: Ato simbólico: Ocupação da Boca Maldita – Placa da Tribuna Livre

Ato 7 – “Mulher Brasileira e Latina”
Boca Maldita
Encerramento
Show com Aveduo E e Kátia Drumond e muv
Apresentação Geisa Costa

MAIS INFORMAà‡à•ES, FOTOS, MATERIAL GRàFICO:
WWW.MARCHADASVADIASCWB.BLOGSPOT.COM

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