PM desce a borracha no povo durante reintegração em Curitiba

Polícia cumpre ordem de reintegração de posse em ocupação no Sabará

por Fernanda Trisotto e Aniele Nascimento, via Gazeta do Povo

Reintegração de posse na Vila Sabará, em Curitiba (Fotos: Aniele Nascimento / Agência de Notícias Gazeta do Povo).
Policiais militares e guardas municipais de Curitiba cumpriram, na manhã desta segunda-feira (12), o mandado de reintegração de posse de um terreno localizado no Bolsão Sabará, na Cidade Industrial de Curitiba, que havia sido invadido em fevereiro. Cerca de 200 famílias estavam no local desde meados do mês anterior, em protesto contra a demora da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab) na contemplação de inscrições feitas há seis anos.

Segundo a assessoria de imprensa da PM, além da força policial, estão no local um oficial de justiça e integrantes do conselho tutelar e Fundação de Ação Social (FAS) da prefeitura. A ação começou à s 6h e foi finalizada ainda pela manhã. Participaram da ação 270 policiais militares e 50 agentes da Guarda Municipal.

Na avaliação da PM, a desocupação transcorreu com tranquilidade. Para os moradores, porém, não houve negociação e algumas pessoas acabaram machucados na ação.

“Os moradores não estavam preparados para a desocupação. Reunimos todo mundo para ver se haveria negociação, se teria alguém da Prefeitura ou da Cohab no local, mas não tinha ninguém”, afirmou Tatiane Linhares, moradora da Vila Sabará e uma das líderes da ocupação. “Os policiais vieram com balas de borracha, bombas de gás e spray de pimenta. Alguns moradores saíram machucados”, finaliza.

Economia

Segundo o Major Antônio Zanatta Neto, Porta-Voz da Polícia Militar, no início da ação um grupo de cerca de 160 pessoas teria tentado enfrentar os policiais, que reagiram com bombas de efeito moral. Uma mulher teve um mal súbito e precisou ser encaminhada para atendimento médico. No local, havia cerca de 300 barracos de lona e madeira. A prefeitura colocou caminhões à  disposição das famílias, para levarem suas coisas.

Durante a ação, a PM apreendeu seis facões, três foices, dois machados e dois martelos, que foram usados na investida contra os policiais e abandonados posteriormente. Ninguém ficou ferido na desocupação.

A ação da PM foi coordenada pelo tenente-coronel Carlos Sussumu Otta, comandante do 13!° BPM, que acompanhou pessoalmente tudo desde o planejamento até a execução dos trabalhos.

Protesto

Após a ação da polícia, foram para a Câmara Municipal de Curitiba conversar com os vereadores sobre a situação das famílias que ocuparam o Bolsão Sabará. A convite do vereador Paulo Salamuni (PV), Tatiane falou na tribuna durante cerca de três minutos durante a sessão plenária desta segunda. A moradora reiterou que o protesto foi realizado contra a demora da Cohab em contemplar as famílias inscritas há seis anos.

“Viemos em busca da transparência da Cohab. Essa é uma área da prefeitura que pode ser ocupada e nós vamos lutar por essa área”, disse Tatiane. Segundo a Câmara, além de Salamuni, os vereadores Algaci Tulio (PMDB), Noemia Rocha (PMDB) e Pedro Paulo (PT) ouviram as reivindicações das famílias.

Terreno

A área ocupada tem 96 mil metros quadrados e pertence à  Curitiba S.A., uma empresa de economia mista que substituiu a companhia Cidade Industrial de Curitiba, que fazia a destinação de áreas durante a formação do bairro. A Prefeitura de Curitiba informou que uma parte dessa área foi cedida em comodato para projetos socioesportivos de organizações do bairro, e não está destinada para assentamento. A prefeitura esclareceu que as famílias inscritas na Cohab passaram a ser contempladas por sorteio independentemente do tempo de espera na fila.

Comments are closed.