por André Barrocal, via Carta Maior
A nova baixaria de Bolsonaro contra Dilma. Quebra de decoro? Veja o vídeo
Capitão da reserva, Jair Bolsonaro (PP-RJ) sobe à tribuna da Câmara para criticar “kit gay 2” e cobra de Dilma Rousseff que “pare de mentir” e “se gosta de homossexual, assuma”. Para Alfredo Syrkis (PV-RJ), que lutou contra a ditadura, declaração contra Dilma pode ser quebra de decoro. Câmara manda editar discurso antes de publicar nos anais. Veja o vídeo do discurso.
Homofóbico conhecido, o deputado e ex-capitão do Exército Jair Bolsonaro (PP-RJ) polemizou mais uma vez e, agora, atinge diretamente a presidenta Dilma Rousseff. Em discurso na tribuna da Câmara nesta quinta-feira (24) sobre materiais e procedimentos que o ministério da Educação gostaria de ver nas escolas para desestimular preconceitos, Bolsonaro insinuou que Dilma seria gay.
O kit gay não foi sepultado ainda. Dilma Rousseff, pare de mentir. Se gosta de homossexual, assuma. Se o teu negócio é o amor com homossexual, assuma. Mas não deixe que essa covardia entre na escolas do primeiro grau.!
O deputado também disparou contra o ministro da Educação, Fernando Haddad, que ele entende ser o grande mentor do kit gay!. Mas foi um ataque político, que tentou desgastar Haddad enquanto pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo no ano que vem. Oh povo paulistano. Será que o Haddad como prefeito de São Paulo vai implementar a cadeira de homossexualismo nas escolas do primeiro primeiro grau?!
O motivo do Bolsonaro ter feito um discurso nesta quinta foi um seminário realizado na véspera por duas comissões da Câmara para discutir as possibilidades de combater a homofobia a partir do Plano Nacional de Educação 2011-2020. O plano tramita em comissão especial e deve ter um primeiro parecer apresentado na semana que vem.
O seminário tinha sido proposto pela presidente da Comissão de Educação, deputada Fátima Bezerra (PT-RN). Que, por coincidência, presidia a sessão plenária da Câmara justamente no momento em que Bolsonaro discursava.
Depois do discurso do rival, Fátima, que é pedagoga, ocupou a tribuna para defender o seminário, a intenção do ministério da Educação de combater o preconceito e para contestar o colega. A escola não é lugar para gente disseminar ódio e preconceito. Ao contrário, é pra gente ensinar paz e solidariedade!, afirmou.
Entre os dois deputados, Alfredo Syrkis (PV-RJ), que foi da luta armada contra a ditadura militar da qual Bolsonaro participou, aproveitou que estava na fila para discursar sobre meio ambiente e comentou o que acabara de ouvir. Para ele, pode ter havido quebra de decoro parlamentar !“ portanto, passível de processo de cassação de Bolsonaro.
Não costumo polemizar com ele [Bolsonaro] porque eu sei que ele joga pra platéia. Tem um eleitorado de extrema direita que gosta da forma absolutamente desrespeitosa que ele aborda uma série de temas!, disse.
O que nós ouvimos aqui hoje foi novamente um discurso de ódio, um discurso de preconceito. Um discurso inclusive que, seu eu entendi direito, faltou com o decoro parlamentar ao fazer insinuações a respeito da própria presidente da República.!
Em junho, Bolsonaro foi alvo de um pedido de processo de cassação do mandato no Conselho de à‰tica exatamente pelo modo como se refere a homossexuais. O caso foi arquivado, porém, porque ele não poderia, como parlamentar, ser condenado pelas opiniões que têm.
O deputado Marcon (PT-RS) pediu à Presidência da Câmara, que naquele momento era exercida por um outro deputado petista, Domingos Dutra (MA), que parte das declarações de Bolsonaro fosse excluída das notas taqugráficas e dos anais da Casa. Dutra topou e ordenou à equipe técnica da Câmara que fizesse isso.
Ainda não se sabe como a taquigrafia da Câmara vai adaptar o discurso. Mas a íntegra dele está aqui, segundo vídeo da TV Câmara mantido na própria página da Casa na internet.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.
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