Aldo Rebelo defende coalizão progressista que ‘despreze ressentimentos’

O ex-ministro Aldo Rebelo (PCdoB) defendeu nesta sexta-feira (14), em Curitiba, durante simpósio sobre soberania nacional, uma nova unidade que evite “posições pré-concebidas” e ‘despreze ressentimentos’ das forças vivas no país.

As informações são da RBA

São Paulo – A saída da crise política e econômica brasileira estará numa nova coalizão de pensamentos progressistas. A afirmação é do ex-ministro e ex-deputado Aldo Rebelo (PCdoB), para quem o enfrentamento à situação de crise depende da criação de um novo e amplo ambiente de forças democráticas nacionais, “que despreze os ressentimentos, as posições pré-concebidas, e que busque unidade”.

Aldo Rebelo foi ministro das Relações Institucionais no governo de Luiz Inácio Lula da Silva, época em que também chegou a presidir a Câmara dos Deputados. No governo Dilma Rousseff, foi ministro de Esportes, da Ciência e Tecnologia e da Defesa. Nos bastidores da política, tem sido cogitada sua saída do PCdoB. Entretanto, sua defesa de uma reunificação moderada das correntes chamadas de democráticas no cenário político nacional tem encontrado vozes críticas – que defendem uma guinada mais “à esquerda” – nesse próprio ambiente.

Essas diferenças foram discretamente expostas nesta quinta-feira (13), durante o simpósio “Brasil 2035: Um país justo e soberano”, quarta edição do evento promovido pela organização SOS Brasil Soberano. O encontro, promovido pelo Sindicato dos Engenheiros no Estado do Rio de Janeiro (Senege) e pela Federação Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (Fisenge), reuniu em Curitiba, especialistas nas áreas de economia, história, ciências sociais, jornalismo e geografia. O evento foi realizado em Curitiba.

Ao lado de Aldo, na mesa final de debates, o geógrafo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Carlos Walter Gonçalves defendeu que o Brasil se espelhe em modelos da América Latina na construção de novas concepções de identidade nacional. “A Bolívia se reinventou como nação plurinacional, assim como o Equador. São os primeiros países a dizer que a natureza tem direitos. Nós, da esquerda, precisamos reinventar o mundo. E os indígenas já são outro mundo”, disse. “Então, temos que lutar contra o capitalismo e o colonialismo. Colonizar pressupõe diminuir, e precisamos respeitar, falar de igual para igual. Temos de perceber a riqueza teórica que vem desses movimentos. Eles (as nações indígenas) estão há 500 anos em posição de conflito, e o lugar de conflito pode ser privilegiado pois possui diferentes visões. Então, vamos discutir o Brasil por outras qualidades”, defendeu Gonçalves.

Economia

O jornalista Esmael Morais observou que ataques a projetos nacionais soberanos foram recorrentes no período recente da história do país. “A Operação Lava Jato criminalizou a engenharia no Brasil em nome do fetiche do combate à corrupção. Isso trouxe multinacionais para tomar espaços de nossas empresas, tanto aqui quanto lá fora”, afirmou.

Para Esmael, a agenda da direita cresceu no país a ponto de assumir o poder após o impeachment da presidenta eleita em 2014, Dilma Rousseff (PT). “Existe a tendência de venda de terras para estrangeiros. Isso ataca o Estado nacional. Outra coisa, querem o Banco Central independente para que não exista mais governo. O governo é um estorvo para o capital. É a precarização da política. Não faz sentido uma nação ficar refém dessa turma, representada por esse juiz da Lava Jato e procuradores que nunca trabalharam antes de passar no concurso”, disse.

A fala do jornalista coincide com a de Leonardo Avritzer, presidente da Associação Brasileira de Ciência Política, que falou durante a primeira mesa do dia, que abordou política e Estado. “Criminalizar a política não vai impedi-la de existir. Então, para retomar o projeto de país, que neste momento está interditado pelo mercado e pelo Judiciário, é preciso repolitizar”, defendeu.

A jornalista Bia Barbosa, integrante do Coletivo Intervozes e secretária-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, alertou ainda para a necessidade de se pensar na informação como direito e instrumento de garantia da soberania. “Precisamos entender a pauta da comunicação como central. Para fazer chegar à população a consciência do seu direito de participação na comunicação do país. Temos que avançar no debate de um marco regulatório convergente”, disse.

Assista ao vídeo do debate:

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