O Brasil rejeita Temer e suas reformas

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) afirma em sua coluna desta segunda-feira (1º), Dia do Trabalhador, que é preciso recorrer à imprensa internacional para ficar sabendo o que se passa dentro do Brasil.

Ela denuncia a censura da velha mídia golpista à vitoriosa greve geral de sexta-feira, dia 28.

Gleisi destacada que o New York Times chegou a qualificar o movimento em sua matéria: “greve contra governo escandaloso de Michel Temer”.

Segundo a colunista, mídia nacional e os golpistas de plantão não conseguiram impor sua narrativa de “fracasso” da greve no Brasil e no mundo.

Leia a íntegra da coluna de Gleisi Hoffmann:

O Brasil rejeita Temer e suas reformas

Economia

Gleisi Hoffmann*

O contorcionismo verbal da mídia, os ataques do governo golpista e seus aliados, não deram conta de diminuir e desqualificar, como pretendiam, a greve que parou o Brasil. Foi o recado mais forte e contundente que o povo brasileiro mandou para Temer e o Congresso Nacional contra o desmonte do Estado Brasileiro: parem agora!

Enquanto a imprensa brasileira “aderia” a greve geral fazendo uma fraca cobertura, o jornalismo internacional tinha a greve geral no Brasil um dos assuntos mais comentados. O New York Times chegou a qualificar o movimento em sua matéria: “greve contra governo escandaloso de Michel Temer”.

Como disse, em ótimo texto, Rodrigo Viana, “greve não é comício! Objetivo de greve não é encher as ruas, mas esvaziar locais de trabalho, e barrar a produção”. Isso foi feito nesse dia 28. Os piquetes dos sindicatos funcionaram e as ações dos movimentos sociais também, porque tiveram apoio da população. Se o povo não quisesse greve, ela tinha sido “furada” como se diz no jargão sindical.

O triste, além de não quererem ouvir o recado, é tratarem o movimento como caso de polícia. De vários lugares temos notícias da violência policial contra manifestantes: Goiás, Rio de Janeiro, Brasília, São Paulo. E nesses casos, mais uma vez, a mídia esforça-se para definir como baderneiros os participantes e dar cobertura máxima aqueles grupos que faziam depredações, omitindo a participação pacífica da maioria.

Participei do ato em São Paulo, que fez uma caminhada do Largo da Batata até a casa de Michel Temer. Tinha muita, muita gente. Palavras de ordem, pronunciamentos, música, mas nenhuma violência. No final, para dispersar os manifestantes a polícia usou bomba de efeito moral. Depois chegaram os black blocks para o enfrentamento, e foi para isso que a mídia deu atenção. É o jornalismo de guerra para intimidar a população e criar contrariedade junto à opinião pública.

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto teve três militantes presos em São Paulo na sexta-feira. Até agora não os soltaram. São presos políticos, porque prender manifestantes em nome da ordem pública é coisa da ditadura. É a criminalização, cada vez mais forte, dos movimentos sociais. Basta lembrarmos de como foram tratados os índios em Brasília na semana passada: com bombas e balas de borracha.

O fato é que nem o governo fracassado, seus aliados autoritários, como João Dória, e a mídia nacional conseguiram ganhar a narrativa do fracasso da greve no Brasil e no mundo.

O desmonte que estão fazendo no Brasil com essas reformas na Constituição Federal é rechaçado. O povo não quer a reforma trabalhista e, menos ainda, a reforma da Previdência. O povo quer, precisa, de emprego e renda, o que só é possível com o crescimento econômico, prometido pelos golpistas, quando tiraram Dilma, e não entregue até agora.

Aliás, o que estão fazendo é exatamente o contrário. Estão acabando com os instrumentos geradores de emprego e crescimento, como é o caso da política de Conteúdo Local utilizada na exploração da cadeia de petróleo e gás no Brasil, que contou com a construção de grandes estaleiros para fabricar navios e plataformas aqui no país, ao invés de exportar essa demanda para China e Singapura.

Foi isso que vimos, com o presidente Lula e a presidenta Dilma no município portuário de Rio Grande (RS) no sábado. Os estaleiros construídos lá estão parados, dentre eles um dos mais modernos do Brasil. As encomendas da Petrobras voltaram a ser para a China. Isto custou 16 mil empregos diretos ao Estado, ao Brasil! Fomos lá para denunciar essa barbaridade e mostrar ao povo brasileiro que ao lado das reformas que retiram direitos tem muito mais coisas acontecendo que vão impedir o desenvolvimento sustentado do Brasil.

Espero, sinceramente, que o Congresso Nacional pare de compactuar, ser o braço operativo desse governo rejeitado pelo povo brasileiro e rejeite as reformas que tramitam por lá. As manifestações dessa semana foram um duro recado aos que comandam o Brasil: parar os retrocessos e sair do governo. O povo quer eleições diretas, gerais, já, em 2017. Só o voto popular conserta o Brasil!

*Gleisi Hoffmann é líder do PT no Senado.

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