Se Temer não for destituído será um desastre

O economista e jornalista J. Carlos Assis, em artigo especial, afirma que a destituição de Michel Temer é imperiosa para defender a soberania nacional. Um dos articuladores do Movimento Brasil Agora, ele prega: “se não reagirmos, este governo liquidará com o país, liquidará com a Petrobrás, cederá o pré-sal às petrolíferas estrangeiras e, pela destruição da CLT e da Previdência, venderá o povo ao capital vadio.”

J. Carlos de Assis*

Não se deve lutar contra as forças da natureza. No Rio, por causa da chuva, não será possível uma grande manifestação neste sábado pela expulsão da quadrilha (já desfalcada) do Planalto. Mesmo porque não temos a mídia por trás como 2013. Não sei como está o tempo em outras capitais. De qualquer modo, o que não será feito hoje será feito amanhã. E o que não poderá ser feito amanhã será feito na segunda, na terça, na quarta, em qualquer dia em que o povo, libertado das amarras da mídia fascista, decidir manifestar sua indignação, livremente, diante desse governo manietado pela banca.

Esse breve intervalo de tempo talvez sirva para esclarecer à opinião pública sobre os proponentes desse processo de limpeza ética e de retomada imediata do desenvolvimento e sobretudo do emprego no Brasil. O Movimento Brasil Agora é uma organização informal, suprapartidária, constituída por personalidades comprometidas com a elaboração de um projeto nacional para o Brasil, e que se viram compelidos a entrar na luta de curto prazo pela regeneração das instituições republicanas em face de seu virtual derretimento nos últimos meses.

Fazem parte do movimento figuras nacionais de alta credibilidade como Roberto Saturnino Braga, Luis Pinguelli Rosa, Luiz Gonzaga Belluzzo, César Brito, Marcelo Lavenère, Carlos Moura, Beatriz Vargas, Samuel Pinheiro Guimarães, José Geraldo Souza Jr, José Orville Carneiro, Gilberto Marques, Paulo Rubem Santiago, Rangel Júnior, Roberto Leher, dentre outros. Enquanto grupo, estamos acima de partidos e de ideologias. Somo essencialmente pelo Brasil, conscientes da terrível crise de identidade pela qual o país passa.

A arrancada contra a quadrilha planaltina que estamos empreendendo não resultou de uma decisão de todo o Movimento, que sequer teve tempo de realizar reunião formal nesses últimos meses. Ela resultou de uma percepção, de Requião e minha, de que não seria possível esperar mais diante das iniciativas recentes do Governo, como a da emenda 55/241, da reforma da previdência e do minipacote da infâmia. De fato, acabou o tempo da contemporização. Mesmo porque, se não reagirmos, este governo liquidará com o país, liquidará com a Petrobrás, cederá o pré-sal às petrolíferas estrangeiras e, pela destruição da CLT e da Previdência, venderá o povo ao capital vadio.

Economia

Se perguntarem qual é a orientação política básica do Movimento, ela deve ser identificada como progressista. Certamente não somos de direita, caso se entenda por direita o individualismo radical e a submissão do interesse público ao interesse privado. Nossa tendência é de esquerda, historicamente, quando se associa esquerda a solidariedade e igualdade de oportunidades, e a subordinação do interesse privado ao interesse público. Contudo, somos francamente contrários ao aparelhamento do Estado por qualquer partido, ao corporativismo que precede o fascismo, e ao facciosismo político.

Insisto, também em nome de Requião, que façamos grandes manifestações públicas, hoje e amanhã, se possível, sobretudo nas capitais. Se quiserem escapar da manipulação midiática pela qual os banqueiros controlam a nossa vida, violando inclusive nosso direito de pensar, saiam da zona de conforto e vão para a rua, pacificamente, atendendo ao convite do Movimento Brasil Agora e de outras entidades associadas a nós. Muitos nos disseram que fim de semana não é dia para manifestação, bom seria conciliar com fim de expediente num dia de trabalho. Talvez isso seja verdade, quando se trata de alienados. Não com cidadãos conscientes.

*J. Carlos de Assis é jornalista e economista, doutor pela Coppe/UFRJ, do Movimento Brasil Agora.

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