Marqueteiro revela como orientou Beto Richa colocar culpa no PT pelo fiasco de governo no Paraná

richa_massacre_rosaO jornalista Mário Rosa em seu livro “Glória e Vergonha: memórias de um consultor de crises” conta que orientou o governador do Paraná Beto Richa (PSDB), após o massacre de professores em 29 de abril de 2015, a dissipar a crise colocando a culpa no PT.

“Não adianta se explicar. Bata no PT, que já é o suficiente”, ensinou o marqueteiro que se apresenta como “consultor político” e “empresarial”. Rosa jura que não cobra nada de políticos nem de partidos contrariando aquela máxima segunda a qual “não existe almoço grátis”.

No dia 5 de junto de 2015, o Blog do Esmael estava em cima do lance ao registrar que na “blitzkrieg” contra professores e servidores públicos no Paraná, o governador Beto Richa contratou a peso de ouro o jornalista Mário Rosa, autor do best seller “A Era do Escândalo” para recuperar sua imagem destruída depois do massacre de 29 de abril. (Clique aqui para relembrar).

Um ano e meio depois, o portal UOL publicou os detalhes da macabra trama relatados pelo próprio marqueteiro Mario Rosa:

O governador do Paraná, Beto Richa, estava passando por um pesadelo naqueles dias de maio de 2015. Uma onda de ataques, denúncias e, para piorar, um confronto entre a Polícia Militar do estado e servidores da educação. As lideranças sindicais chamavam o episódio de “massacre”. As cenas de pessoas feridas eram um tanto chocantes. Ao mesmo tempo, o governador era acossado por acusações contra um parente distante. Muita gente achava que ele ia cair. O que fazer?

Chamou-me a Curitiba para um jantar em seu apartamento de cobertura. Um grupo bem restrito. Falei igual a uma matraca. Sugeri que fosse lançada uma campanha publicitária sobre os investimentos do estado durante a grave crise econômica que abalava o Brasil. O conceito era “O Paraná segue em frente”, numa alusão indireta de que ele ia continuar na cadeira e também numa contraposição ao governo federal, que estava levando o pais para “trás”, por causa da crise econômica. Era assim que as pesquisas de opinião viam o governo Dilma naquele momento. O governador era de um partido de oposição, o PSDB.

Economia

Lá pela madrugada, o governador me pergunta como poderíamos “estabelecer uma relação profissional”. Disse a ele que não cobrava de políticos, nem recebia nada de partidos ou governos. E que era uma honra estar ali. Como sempre, essa atitude gerava o receio de que estivesse me esquivando. Só conseguia dissipar essa impressão atendendo bastante, telefonando muito, escrevendo e sugerindo frases de efeito ou de posicionamento. Foi o que fiz com Richa. Certa vez, acusaram até a primeira-dama do estado. Sugeri a ele que respondesse através de um post e politizasse ao máximo a resposta:

– Não adianta se explicar. Bata no PT, que já é o suficiente. Isso virou briga de torcida: se o senhor vaiar, seu pessoal vaia junto.

Sempre muito polido e cuidadoso, Richa saiu daquela zona de cavalheirismo verbal que era de seu estilo e sentou o sarrafo naqueles dias. Deu entrevistas a veículos nacionais, com uma pitadinha de sal a mais que o habitual. A crise foi passando.

Na vida, é preciso ter um pouco de cabeça fria e pé-quente. Problema é quando acontece o contrário.

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