Ana Júlia, 16 anos, o símbolo das ocupações de escolas no Brasil

ana_juliaO governador Beto Richa (PSDB) e o presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB) têm motivos de sobra para perder o sono, pois o forte movimento de ocupação das escolas no Paraná e no Brasil ganhou uma cara: Ana Júlia Ribeiro, de 16 anos, estudante do Colégio Estadual Senador Manuel Alencar Guimarães (SESMAG), de Curitiba.

O contundente discurso que Ana Júlia fez nesta quarta-feira (26) na Assembleia Legislativa do Paraná chamou a atenção para a luta dos estudantes contra a reforma do ensino médio (MP 746) e o congelamento de investimentos na educação por 20 anos (PEC 241).

A adolescente de apenas 16 anos, mesmo emocionada com a morte de um colega de ocupação, conseguiu da tribuna do legislativo estadual enquadrar velhas raposas da política, deputados com vários mandatos, mostrando articulação e conhecimento de cidadania e direitos. Ela deu uma verdadeira aula que, pela contundência, humilhou os parlamentares que um dia antes tentavam criminalizar o movimento das ocupações.

“Vocês estão aqui representando o Estado, e eu convido vocês a olharem a mão de vocês. A mão de vocês está suja com o sangue do Lucas. Não só do Lucas, mas de todos os adolescentes e estudantes que são vítimas disso”, disparou Ana Júlia quando discursava no púlpito. A reação do presidente da Casa, Ademar Traiano (PSDB), foi de pronto: “Aqui você não pode agredir o parlamentar”. Ela pediu desculpas, mas seguiu disparando: “Eu peço desculpas, mas o ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente] nos diz que a responsabilidade pelos nossos adolescentes, nossos estudantes é da sociedade, da família e do Estado.”

Nesta quinta, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou para cumprimentar Ana Júlia. Ela diz que não quer que as ocupações se confundam com os partidos, embora não seja contra eles. “A nossa bandeira é a educação. A nossa única bandeira é a educação”, repete a estudante.

Economia

Na segunda-feira (31), Ana Júlia e a colega Nicoly Moreira do Nascimento, 15 anos, do Colégio Santa Felicidade (SAFEL), viajarão para Brasília onde participarão da Comissão dos Direitos Humanos do Senado (CDH) por inciativa das senadoras Ana Júlia (PT-PA) e Gleisi Hoffmann (PT-PR).

O movimento de ocupações de escolas no Paraná e no Brasil, portanto, agora tem um rosto, uma cara, um símbolo. Menos de 24 horas depois do antológico discurso de Ana Júlia, estudantes que haviam deixado as ocupações reocuparam escolas no interior do estado — a exemplo do que ocorreu hoje em Pato Branco, região Sudoeste.

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