Dilma define o norte: voltar ao governo e convocar novas eleições

do Luis Nassif Online, no portal GGC

dilma_temer_jamaisPresidente afastada pelo processo de impeachment, Dilma Rousseff disse em entrevista publicada pela BBC Brasil, nesta segunda (1/8), que sua proposta é retornar ao governo e convocar um plebiscito para antecipar a eleição presidencial.

Segundo Dilma, é isso que constará na carta aos brasileiros que ela pretende publicar nesta semana. A estratégia é a única que poderia fazer senadores indecisos sobre o impeachment derrubar o “golpe” e ajudar Dilma a fazer o plebiscito.

Para isso, além de derrotar a equipe de Temer no assédio aos senadores, Dilma teria de conseguir aliados para vencer uma segunda etapa: fazer que o plebiscito seja aprovada via PEC (proposta de emenda à constituição) por maioria simples (metade mais um dos que estiverem presentes na sessão) no Senado. Aliados de Temer afirmam que ele já possui mais de 54 votos necessários para afastar Dilma definitivamente.

Dilma reconheceu que o plebiscito é a única proposta que poderia restabelecer a democracia e devolver a decisão sobre o futuro do país ao povo, uma vez que, com o impeachment sem crime de responsabilidade provado, o que se vê é uma “eleição indireta”.

Pesquisas recentes indicaram que a maioria dos brasileiros quer novas eleições ainda neste ano. Apesar disso, há setores do PT e alguns movimentos sociais que discordam da medida, o que atrasou uma definição por parte de Dilma.

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A presidente afastada também disse que não vê no interino Michem Temer a “grandeza” necessária para firmar com ela um pacto de renúncia para viabilizar as novas eleições antecipada. Por isso, ela descartou a atitude.

Quando você tem um julgamento de um presidente sem crime de responsabilidade, nada mais oportuno do que esse presidente gentilmente sair da pauta. Não renuncio. Eu volto para o governo e faço um plebiscito. É essa a proposta. Não tem hipótese de eu fazer esse gesto tresloucado: renunciar”, afirmou.

“Eu acho que eu vou ser conhecida também como a primeira (presidente) mulher que, apesar de tudo, não deu um tiro no peito, e também não renunciei”, reforçou Dilma, “afastando a sombra de Getúlio Vargas”.

“Estou defendendo um plebiscito porque quem pode falar o que eu devo fazer não é nem o Congresso, nem uma pesquisa, ou qualquer coisa. Quem pode falar é o conjunto da população brasileira que me deu 54 milhões e meio de votos”, afirmou.

Ela também disse que quer “muito ir” ao Senado fazer a própria defesa, e isso deve ocorrer na fase final do impeachment, quando a sessão será presidido pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski.

Questionada sobre se a eleição antecipada poderia criar mais instabilidade política, Dilma rebateu: “Essa argumentação foi a última que a ditadura militar fazia. ‘Sabe por que a gente não pode fazer eleição? Primeiro, porque causa instabilidade política; segundo, o povo não é capaz de votar e escolher devidamente; terceiro, nem sempre a maioria é lúcida’. Essas três razões nós deram 20 anos de ditadura”.

Na quinta (4), a comissão especial do impeachment deve aprovar o relatório do tucano Antonio Anastasia contra Dilma. Eles sustentam que ela cometeu crime de responsabilidade fiscal. O Ministério Público Federal, contudo, analisou seis tipos de pedaladas de Dilma e concluiu que não havia dolo, crime fiscal nem desrespeito ao Congresso nas medidas adotadas por Dilma.

O julgamento final deve sair em setembro.

Com informações da BBC Brasil

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