Gleisi Hoffmann: Temer blindado pela mídia e o povo enganado pelo golpe

gleisi_rede_golpeA senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), em sua coluna desta segunda (25), denuncia a blindagem e a torcida da velha mídia golpista pela permanência do interino Michel Temer (PMDB) e, consequentemente, a perda de direitos do povo brasileiro que é enganado por essa associação criminosa.

Segundo ela, para criar um clima favorável ao governo golpista, fraudam pesquisas e a realidade do país. A colunista denuncia ainda o custo do golpe: quase R$ 200 bilhões para comprar os votos (fidelizar) necessários para o impeachment no Senado. A título de comparação, o Congresso estuda cassar Dilma Rousseff em virtude de déficit de R$ 30 bilhões. Entretanto, o Ministério Público já arquivou a denúncia de crime de “pedalada fiscal” contra a presidente afastada.

Gleisi grita contra o fim do SUS, pela manutenção do Minha Casa Minha Vida, da universidade gratuita, dos direitos dos trabalhadores, do salário mínimo e da aposentadoria. Abaixo, leia, comente e compartilhe a íntegra do texto:

Temer blindado e o povo enganado

Gleisi Hoffmann*

É impressionante a boa vontade, ou melhor, o apoio, a torcida da grande mídia, do mercado financeiro e da elite brasileira ao governo interino de Michel Temer. Como num passe de mágica tudo que ia de mal a pior no governo da presidenta Dilma melhorou cem por cento agora. A população apoia Temer, segundo pesquisa fraudada do Datafolha. A economia melhorou consideravelmente, inclusive o humor do mercado e da população, segundo a mesma pesquisa. A relação com o Congresso, também pudera com tantas concessões, está uma maravilha. É o governo da salvação nacional. Até o combate ao terrorismo ganhou evidência e o posicionamento heroico do ministro interino da Justiça, que espantou turistas das olimpíadas.

Economia

O noticiário, antes azedo e agourento, agora pauta temas positivos do esforço do governo em melhorar a economia do país. Aliás, a equipe econômica, coração do governo, é a motivação maior dessa blindagem.

Austeridade, equilíbrio, controle nas finanças públicas é o mantra para recuperar o crescimento econômico. Mas o que estamos vendo até agora é uma gastança desenfreada sob o nome de transparência realista.

São R$ 170 bilhões de déficit este ano e R$ 194 bilhões ano que vem. Vale lembrar que quando Dilma mandou o orçamento de 2016 com déficit de R$ 30,5 bilhões para o Congresso, foi considerado um escândalo. Devolveram! E a ironia de tudo isso é que estão fazendo o impeachment da presidenta por crime de responsabilidade fiscal!

Mas a crueldade maior é que essa tolerância deficitária, que está possibilitando pagar a conta do golpe e fidelizar aliados, é também a justificativa para as reformas estruturais, aquelas voltadas para cortar programas sociais e direitos dos trabalhadores. Porque a elite é assim, para manter os juros altos corta a previdência social, os recursos para saúde e educação, o poder de compra do salário mínimo. Tudo sob o manto da chamada responsabilidade na gestão. Todos devem fazer sacrifícios, desde que no ‘todos’ não esteja o andar de cima.

É repugnante ouvir os representantes do governo golpista e os articuladores midiáticos criticando os programas sociais, desmerecendo sua importância e mostrando-os como estorvo a melhora da economia. O SUS virou caixa de pancada do ministro da Saúde, que insiste em um plano privado de saúde popular, no fim do Mais Médicos e de que a doença está no pensamento das pessoas.

O Minha Casa Minha Vida, um dos programas de maior sucesso da habitação popular brasileira, é um peso para a Caixa Econômica Federal, empresa pública que resolveu apostar no mercado imobiliário rentável, financiando casa para os ricos. É mais fácil, seguro e menos trabalhoso.

O ensino superior público também passou a ser uma aberração para a mídia. Editorial de O Globo defende abertamente a privatização do ensino superior, depois de ter formado seis ideólogos de direita nas universidades gratuitas. Como os pobres estão indo para o ensino superior está na hora de cortar. Haja hipocrisia.

Soma-se a essa ladainha de retrocessos os ataques a CLT. Em tempos de crise, manda o manual do mercado que o trabalhador abra mão de seus direitos para manter o emprego e conservar o lucro do sistema. É o acordo da espingarda com a rolinha. Salário mínimo com poder real de compra também é um empecilho para o resgate do desenvolvimento econômico. Até quando Temer será blindado?!

Se há pessoas que gostam de ser enganadas, existem aquelas que ousam lutar. Mais do que nunca a resistência popular tem de se fazer presente. Voltar atrás nunca mais!

*Gleisi Hoffmann é senadora da República pelo Paraná. Foi ministra-chefe da Casa Civil e diretora financeira da Itaipu Binacional. Escreve no Blog do Esmael às segundas-feiras.

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