Tucano relator do impeachment de Dilma recebeu propina em Minas

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Jorge Bernardi (REDE), em sua coluna deste sábado (4), observa que as delações em crimes do colarinho branco são demais seletivas. Ele lembra que o primeiro grande delator da Lava Jato, Alberto Youssef, protegeu alguns políticos do Paraná. Segundo o colunista, até mesmo as gravações do ex-senador Sérgio Machado (PSDB), bem como os executivos da Odebrecht e OAS, foram seletiva porque também protegem políticos em suas delações. Dentre as delações mais graves, que não prosperaram, ainda de acordo com Bernardi, é aquela contra o ex-governador e Minas e atual senador Antonio Anastasia (PSDB). “O doleiro Alberto Youssef chegou a entregar o senador Anastasia, relator do processo de impeachment da Presidenta Dilma, como beneficiário de uma propina de R$ 1 milhão de reais. A denúncia não foi em frente”, registra. Abaixo, leia, ouça, comente e compartilhe o texto:

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Delações seletivas em crimes do colarinho branco

Jorge Bernardi*

Embora muita sujeira já tenha sido revelada com as delações premiadas nas diversas operações da Polícia Federal e do Gaeco no Paraná, não há dúvidas de que grande parte delas são seletivas, ou seja, não revelam toda a verdade. Alguns personagens envolvidos em crimes do colarinho branco são protegidos pelos delatores.

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O primeiro grande delator, Alberto Youssef, que desencadeou uma verdadeira revolução na Operação Lava Jato, revelando o nome de grandes empreiteiros e políticos envolvidos em crimes de corrupção, segundo opinião de especialistas em política paranaense, protegeu alguns políticos daqui. Portanto ele não disse toda a verdade e estes atores continuam desempenhando seus papeis na política local e nacional com grande desenvoltura.

As conversas gravadas pelo ex-senador Sergio Machado com o presidente do Senado Renan Calheiros, o ex-presidente José Sarney e o senador Romero Jucá, revelam os bastidores da política brasileira.

Os áudios trazem revelações das possíveis delações dos megaempreiteiros Marcelo Odebrecht, presidente da Odebrecht, e o Leo Pinheiro, presidente da OAS, que farão delações seletivas, protegendo alguns envolvidos.

Revelamos nesta coluna que, em 2007, no segundo governo de Aécio Neves, em Minas Gerais, foi construído o Centro Administrativo daquele estado. A obra, orçada inicialmente em 900 milhões de reais, quando concluída custou R$ 1,7 bilhão e, atualizada em valores de hoje, ultrapassa R$ 2,5 bilhões. O doleiro Alberto Youssef chegou a entregar o senador Anastasia, relator do processo de impeachment da Presidenta Dilma, como beneficiários de uma propina de R$ 1 milhão de reais. A denúncia não foi em frente.

O surpreendente nesta obra é que seis, das nove empresas que participaram da construção, nos três consórcios, estão envolvidas na Lava Jato: Camargo Correia, OAS, Mendes Junior, Queiroz Galvão, Andrade Gutierrez e Odebrecht.

Na época o Ministério Público mineiro chegou a fazer uma investigação sobre formação de cartel, que não deu em nada. Muitos executivos destas empreiteiras já fizeram delações premiadas e não revelaram nada a respeito dos bastidores desta que foi considerada a maior obra de engenharia civil da América do Sul.

Aguarda-se ansiosamente as delações de Marcelo Odebrecht e de Leo Pinheiro, principais executivos de duas das maiores empreiteiras do Brasil. Será que eles revelarão tudo, não deixando pedra sobre pedra, ou farão delações seletivas levando para o inferno alguns, e deixando o céu para outros? Vamos esperar.

*Jorge Bernardi, vereador de Curitiba pela REDE, é advogado e jornalista. Mestre e doutorando em gestão urbana, ele escreve aos sábados no Blog do Esmael.

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