O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), infringiu esta noite regra da sessão que vota o impeachment da presidente Dilma Rousseff ao interromper discurso do senador Roberto Requião (PMDB-PR).
Renan fez uma questão de ordem interrompendo a fala do correligionário, que, por força da retórica, citou a expectativa de vida de 65,8 anos para os cidadãos do estado de Alagoas.
“Sabem vocês, senadores, a idade média dos homens em Alagoas? Sessenta e cinco anos e oito meses. Então, os alagoanos estariam condenados, se sobrevivessem, a ter oito meses de aposentadoria”, disse Requião, o que provocou a questão de ordem de Renan. (Abaixo, assista ao trecho).
O presidente do Senado tinha estabelecido, antes da sessão, que não seria permitido orientação partidária e ‘apartes’ durante o processo de votação do golpe.
O diabo é que a Lei do Impeachment (10.079/50) também não deixa dúvidas: “Encerrada a discussão do parecer, será o mesmo submetido a votação nominal, não sendo permitidas, então, questões de ordem, nem encaminhamento de votação”.
A ideia de Renan era fazer diferente do presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que permitiu a orientação partidária e das bancadas.
A sessão foi convocada com o único objetivo de votar o afastamento da presidente Dilma, logo os discursos dos senadores ocorrem em pleno regime de votação. Portanto, a vaidade de Renan poderia fulminar o golpe — se o Supremo não fosse parte do golpe.
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.