O ex-senador Delcídio do Amaral (sem partido-MS) disse que os motivos que levaram à sua prisão e posterior cassação parecem ‘brincadeira de criança’ perto das razões que causaram a queda do brevíssimo ministro do Planejamento, Romero Jucá (PMDB-PR), apanhado em gravações tramando a derrubada da presidente eleita Dilma Rousseff e o fim das investigações da Lava Jato.
“Depois da gravação do Mercadante, Lula e Dilma e essa agora do Jucá, com todo respeito, a minha conversa é uma Disney, uma grande brincadeira”, declarou Delcídio ao Estadão.
Delcídio tem razão em partes, pois a gravação de Jucá revela detalhes do complô para destituir a presidente eleita com participação efetiva de ministros do Supremo Tribunal Federal. Aliás, o ex-senador só foi cassado porque também disse manter relações não republicanas com os magistrados da corte máxima do país.
A questão central agora, depois da demissão de Jucá, é o que o Senado e o STF farão? Deixarão por isso mesmo e o brevíssimo ex-ministro interino voltará ao exercício do mandato como se nada tivesse acontecido?
Delcídio assiste à poética justiça (se é que ela existe). Foi Jucá quem apresentou o regime de urgência para votação da cassação de seu mandato no Senado.
O desabafo do senador cassado se deu ontem (23) depois que, no Senado, surgiram cartazes com dizeres “Jucá=Delcídio: Prisão e Conselho de Ética Já!”.
“Ele fala de tudo, e por muito menos eu fui pro saco. Ele cogita uma mudança de governo para se fazer um pacto contra a Lava Jato. É absurdo!”, diferencia-se Delcídio.
Entretanto, apesar do encaminhamento pela cassação, nos áudios fica claro que Jucá lamentou o vazamento e a consequente defenestração de Delcídio: “Foi uma cagada geral”, reconheceu o homem forte do presidente interino Michel Temer (PMDB).
Jornalista e Advogado. Desde 2009 é autor do Blog do Esmael.