As contas de Cunha na Suíça é o golpe

cunha_meirinhoO advogado Bruno Meirinho, nesta sexta (20), ironiza o novo depoimento de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) no Conselho de Ética da Câmara. No colegiado, o deputado afastado negou ontem que tivesse contas na Suíça. “Parece conta bancária, tem cheiro de conta bancária, tem cor de conta bancária, enriquece igual a conta bancária, mas não é”, zomba o colunista, que complementa: é igual ao golpe praticado por Temer; tem cheiro, cor e comportamento de golpe, mas é apenas “impeachment”. Meirinho critica ainda a mídia “engana-que-eu-gosto”, que aderiu ao golpe, e o retrocesso no SUS, bem como o despreparo do ministro Ricardo Barros (PP-PR), que é um dos maiores especialistas em saúde do próprio bolso. “Não se sabe sobre seus conhecimentos em saúde púbica”, fuzila o colunista. Leia, comente e compartilhe a íntegra do texto.

As contas de Eduardo Cunha na Suíça é o golpe

Bruno Meirinho*

Nessa quinta, Eduardo Cunha depôs no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados. Dessa vez, foi por obrigação, já que há um ano atrás, Cunha resolveu ir voluntariamente a uma sessão para a qual não havia sido chamado para demonstrar, por sua “pró-atividade” e transparência, sua flagrante inocência.

Deu errado. Naquela sessão onde compareceu sem convite, Cunha respondeu uma pergunta que ninguém havia feito: disse que não possuía contas no exterior. Mas o ministério público resolveu procurar, e achou não apenas uma, mas várias contas no exterior em nome de Cunha e sua família.

Agora Cunha quer convencer a todos que isso que o ministério público achou não são contas bancárias. Parece conta bancária, tem cheiro de conta bancária, tem cor de conta bancária, enriquece igual a conta bancária, mas não é.

Economia

Seria um “trust”, que, para Cunha, não merece ser considerado patrimônio.

É igual ao golpe praticado por Temer. Tem cheiro, cor e comportamento de golpe, mas é apenas “impeachment”. Eles gostam de nomes esquisitos.

O governo interino agora apresenta uma fatura salgada para a sociedade. O eterno líder de (qualquer) governo, Romero Judá, já adiantou que o déficit estimado por Dilma será, na verdade, muito maior. Teria Dilma subestimado as dificuldades econômicas desse ano, ou estará Romero Judá anunciando o plano Temer: ser pródigo com os partidos aliados ao golpe, mais pródigo do que nunca Dilma havia sido.

Parece a segunda opção, mas Jucá diz que o governo Temer está cortando na própria carne para não deixar o déficit da Dilma ser ainda pior. A mídia “engana-que-eu-gosto” só dá a versão oficial.

O ministro da saúde, nosso conhecido no estado do Paraná, é um dos maiores especialistas em saúde do próprio bolso. Não se sabe sobre seus conhecimentos em saúde púbica. Em discursos desastrosos, anuncia uma máquina do tempo: voltaremos 30 anos atrás, quando não havia SUS. Lembram do INAMPS, vão ter que decorar essa sigla de novo.

A velhinha lamenta. Até uns cinco anos atrás ainda chamava as repartições pelas siglas antigas, triste dificuldade de assimilar novos nomes. Mas agora que finalmente aprendeu como enfim se chamam a previdência social e a unidade de saúde, tudo vai voltar ao que era antes.

Pelo menos ela está aposentada. Privilegiada perto daqueles que ainda precisam de 15 anos ou mais para se aposentar. Terão que adicionar uns 10 anos de trabalho depois da reforma da previdência que vai ser proposta pelo “tesoureiro” do governo, estou sendo otimista? O Ministro da Fazenda, operador das tesouras, já disse que a previdência dele está garantida, já a do resto…

Ninguém perderia tempo votando num governo que propusesse todos esses retrocessos. Mesmo assim, Temer está na presidência. Parece golpe, mas não é?

*Bruno Meirinho é advogado, foi candidato a prefeito de Curitiba. É o coordenador local da Fundação Lauro Campos, instituição de formação política do PSOL. Ele escreve no Blog do Esmael às sextas-feiras sobre “Luta e Esperança”.

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