Coluna do Marcelo Belinati: Londrina pode e merece muito mais

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Em sua coluna semanal, o deputado federal Marcelo Belinati (PP) mostra como a atual crise econômica vem afetando a cidade de Londrina de forma mais severa que outras cidades do Paraná. Segundo o deputado, mesmo com todos os atrativos e potencialidades, os índices mostram forte retração na economia da segunda maior cidade do Estado. Ele aponta o imobilismo das autoridades locais como um agravante da situação e indica a necessidade da participação dos mais diversos setores da sociedade para que haja planejamento e metas de crescimento. Para Marcelo, “Londrina e seu povo ousado, criativo, alegre e trabalhador são muito maiores do que qualquer crise.” Leia, ouça, comente e compartilhe.

Marcelo Belinati*

Londrina é uma cidade fantástica, com muitos e muitos encantos, um povo bom e acolhedor, com potencialidades que poucas cidades do Brasil possuem.

Sabemos que o cenário atual do nosso país é de uma crise quase sem precedentes, no entanto, as cidades reagem de maneira diferente a essa realidade de acordo com os rumos ditados pelas autoridades municipais.

Acontece que em Londrina os números, as estatísticas e os indicadores demonstram que os efeitos da crise têm uma faceta ainda pior que em outras cidades, a paradeira é geral.

Passo a uma análise isenta, no sentido construtivo, das bases econômicas da nossa cidade: comércio, prestação de serviços, industrialização e turismo de negócios.

Com muita serenidade ressalto que não se trata de apontar o dedo e buscar culpados, mas sim de termos a humildade suficiente para reconhecer os erros e buscarmos a união de todos na construção de novos caminhos buscando um futuro diferente e melhor.

Economia

Mas vamos lá…

Segundo dados da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Paraná (Fecomércio-PR), o comércio local vendeu 20,32% a menos em janeiro se comparado ao mesmo período de 2015. O índice é superior à média de recuo registrado no Paraná, de 16,27%, e muito maior se comparado com outros municípios da região a exemplo de Maringá, que teve queda de 9,79%, e Ponta Grossa, com recuo de “apenas” 7,78%.

A situação é muito preocupante, pois o comércio, por meio da prestação de serviços, é o carro-chefe da economia londrinense, respondendo por 66,10% do PIB da cidade, segundo dados do IBGE de 2012.

Faz quase duas décadas que o município não atrai indústrias de porte. Enquanto isso, cidades como Cascavel, Ponta Grossa, Maringá, Toledo sem falar das vizinhas Ibiporã, Cambé e Rolândia, que apesar das dificuldades do país, anunciam constantemente novos empreendimentos, fruto de uma política de desenvolvimento e de geração de emprego e renda que Londrina não tem.

Sem falar que assistimos nos últimos anos diversas empresas tradicionais indo embora de Londrina, migrando para outras cidades.

Outro dado alarmante é a diminuição em 2015 de 6,5% de passageiros passando pelo aeroporto de Londrina, maior índice negativo entre os principais aeroportos do Estado e um sinal claro do empobrecimento da cidade. Já Foz do Iguaçu, Maringá e Cascavel, no mesmo período, registraram aumentos e recordes na movimentação de passageiros, sendo 9,4%, 5,5% e 3,6%, respectivamente.

Some-se a isso o índice de desenvolvimento do Sistema FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) para acompanhar o desenvolvimento socioeconômico do país, e que avalia as condições de Educação, Saúde, Emprego e Renda de todos os municípios brasileiros, que ao final de 2015 divulgou números que mostram que Londrina não faz mais parte do grupo das 10 cidades mais desenvolvidas do Paraná, ocupando apenas a 13ª posição.

E o que chama ainda mais a atenção nesse cenário é o total imobilismo de nossas autoridades municipais e a falta de ações concretas por parte da prefeitura: não existe planejamento ou metas estabelecidas a curto, médio e longo prazos. Apenas apagam incêndios, sem construírem ações práticas e proativas pensando no presente e futuro.

As politicas públicas de desenvolvimento econômico e social devem e precisam ser definidas pelo poder público, com a necessária participação da sociedade. E infelizmente isso não está ocorrendo.

Exemplo disso, o setor de turismo, é outro importante eixo da economia que poderia alavancar o combalido PIB da segunda maior cidade do Estado, mas infelizmente Londrina, apesar da vocação para turismo de negócios, também não tem uma política para este importante o setor. Cada turista gasta por dia, algo entre R$ 66 e R$ 300, dependendo do tipo de evento.

De acordo com o presidente do Londrina Convention Bureau, Arnaldo Falanca, em matéria na Folha de Londrina dessa quinta-feira, projeto da sociedade civil organizada, que não envolve um centavo do poder público, e que visa estimular essa atividade “está há um ano e três meses parado em algum lugar da prefeitura”.

Estudos de vocação econômica da cidade estão repousando há anos em alguma gaveta da prefeitura; empreendedores são obrigados a se deparar com excesso de burocracia para obter uma licença ou um alvará; falta de infraestrutura etc.

Reitero que não se trata de apontar o dedo e buscar culpados, mas sim de termos humildade suficiente para reconhecer os erros e buscarmos a união de todos na construção de um futuro diferente e melhor.

É inaceitável que uma cidade tão maravilhosa e com tanto potencial perder espaço e oportunidades a cada dia.

Não tenho dúvida alguma que é possível reverter este quadro e fazer Londrina voltar a trilhar o caminho do progresso.

É preciso coragem para mudar esse estado de coisas, sair da zona de conforto, acreditar que Londrina pode muito mais.

Visão, empreendedorismo, criatividade, saber escolher os caminhos, estabelecer metas, ter o necessário planejamento e coragem de realizar e fazer as coisas acontecerem são algumas das características necessárias para se criar um cenário próspero e diferenciado para a cidade.

Saber ouvir, dialogar com a sociedade, percorrer a cidade, entender os problemas para buscar as melhores soluções, não ficar apenas trancado no conforto do ar condicionado e cafezinho dos gabinetes vivendo a pompa ilusória, passageira e circunstancial do cargo público.

Aliado a isso, muito trabalho, trabalho e mais trabalho.

É preciso que o desenvolvimento econômico e social da cidade seja tratado com a importância que merece.

Londrina precisa ser melhor cuidada, com amor-carinho e atenção em sua plenitude, em todas as áreas, do buraco na rua e mato alto até a mais estratégica das políticas públicas.

Ser tratada com a visão necessária para construir a cidade que queremos para nossos filhos e netos, acreditar em nosso potencial, acordar esse gigante adormecido e fazer a cidade que tanto amamos ocupar o lugar de destaque em nosso país, lugar, aliás, de onde ela nunca deveria ter saído.

Aí vem a melhora da alta estima da população, o maior envolvimento da sociedade com os destinos da cidade e consequentemente, novos caminhos, negócios, oportunidades e o tão almejado desenvolvimento socioeconômico que resulta numa melhor qualidade de vida para nossa população.

Londrina e seu povo ousado, criativo, alegre e trabalhador são muito maiores do que qualquer crise. Este pedaço lindo de terra vermelha precisa e merece muito mais.

E tenham certeza, independente de posições políticas, estarei sempre ao lado da cidade em que nasci, me criei e que amo, para lutar e ajudar a vencer todos os desafios.

*Marcelo Belinati, médico e advogado londrinense, é deputado federal pelo PP do Paraná. Escreve nas sextas-feiras sobre “Política Sem Corrupção”.

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